"Quem procura a verdade deve se preparar para o inesperado", já ensinava Heráclito de Éfeso. O momento político vivido pelo Brasil inspira muita cautela a todos nós. Despudoradamente, alguns setores estão recorrendo ao bom e velho nacionalismo para se manter na crista da onda eleitoral. Outros setores, também despudoradamente, parecem apostar em um movimento oposto, isto é, em uma crise internacional, trazendo incertezas para o país, de fora para dentro.
Os dois cenários são extremamente preocupantes e podem apontar para uma grave crise institucional.
Na base disso, creio eu, se
encontra o fato de não termos um projeto de nação, nos moldes daqueles
que já tivemos antes (Plano de Metas, Reformas de Base, Plano Real). Um
projeto aglutinando forças do Campo Democrático para implementar as reformas de
estrutura tão necessárias à refundação do Brasil. Mais: essas reformas precisam
repensar um novo espaço para o nosso país no mundo.
Não adianta espernear: o
Brasil é fruto da globalização - e isso desde o século XVI. Afinal, a
cana-de-açúcar, uma planta originária da Índia, após um período de aclimatação
na ilha da Madeira, ganha o solo americano, onde, com base na força de trabalho
indígena e africana, é beneficiada e, em seguida, comercializada como açúcar
para as praças da Europa. Temos aí quatro continentes unificados. Um processo
bem antigo, como se pode constatar.
E quando nos referimos à
globalização, convém lembrar que ela não está destinada a ser uma globalização
do grande capital, uma vez que os povos também lutam para criar os seus
próprios ambientes unificados. Nada está escrito nas estrelas: a História é feita
de possibilidades e não de fatalidades.
Em outras palavras, o
momento político também pede firmeza e criação de opções, a léguas de distância
de polarizações.
*Ivan Alves Filho,
historiador
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