domingo, 24 de novembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Fernando Henrique Cardoso: mobilidade

Nunca foi tão difícil viver nas metrópoles. Tanto o pobre que anda de ônibus como o rico que fica com o carro retido em engarrafamentos vivem o problema todos os dias. E eles não se sentem representados nem veem como essas dificuldades serão vencidas.

Fernando Henrique Cardoso, O Globo, 21 de novembro de 2013

Atual sistema político 'favorece a corrupção', avalia PT

Documento preliminar critica modelo do presidencialismo de coalizão e financiamento privado de campanhas

Vera Rosa

BRASÍLIA - Em nova tentativa de sair dà defensiva após a prisão dos condenados do mensalão, o , ,PT critica agora a exigência de um "presidencialismo de coalizão" pelo atual sistema político-eleitoral. Na avaliação do partido, esse modelo "favorece a corrupção e corrói o conteúdo programático da ação governamental".

Documento a ser apresentado no 5º Congresso do PT, de 12 a 14 de dezembro, em Brasília, diz que o sistema político de hoje, com financiamento privado de campanha, é uma "camisa de força" a impedir transformações mais profundas.

Na esteira do julgamento do Supremo Tribunal Federal, o PT também abre ofensiva contra o Judiciário. No texto, o sistema judicial é definido como "lento, elitista, pouco transparente e permeado por interesses privados".

Escrito pelo assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, o documento preliminar do PT ainda poderá receber emendas e servirá de base para o debate sobre os rumos do partido e do governo, no mega encontro de dezembro.

Com 14 páginas, o texto faz uma autocrítica do que chama de "burocratização do PT" ao longo dos quase onze anos de governo e indica o mote da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição, em 2014: "Nunca menos".

"Quando saímos da noite da ditadura, soubemos dizer"Nunca Mais!". Agora, depois de uma década de grandes transformações, afirmamos "Nunca Menos!"", diz um dos trechos.

Prisioneiro. Ao abordar a trajetória do PT após a chegada ao Palácio do Planalto, em 2003, o partido afirma não ter consegui- ; do construir uma narrativa de sua experiência ao longo desse período, ficando "prisioneiro" de um sistema eleitoral contaminado. Apesar dessa ponderação, os petistas dizem ser preciso evitar a "autocomplacência". O termo "mensalão" não é citado em nenhum momento.

"Não é fácil para o partido (...) realizar a complexa tarefa de apoiar seu governo e, ao mesmo tempo, empurrá-lo para além dos limites que lhes impõem a conjuntura e instituições, muitas vezes arcaicas. (...) Embora crítico à conciliação que tem marcado a história do Brasil (...), o partido é ainda prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção e de uma atividade parlamentar que dificulta a mudança."

E exatamente nesse trecho que o PT trata dos entraves de uma aliança ampla e prega a convocação de um plebiscito para a reforma política, medida até hoje não aprovada pelo Congresso. "Desde 2003, sobretudo, temos enfrentado dificuldades em mudar o sistema político brasileiro, verdadeira camisa de força que impede transformações mais profundas e impõe um presidencialismo de coalizão, que corrói o conteúdo programático da ação governamental", afirma o texto.

O governo Dilma tem hoj e 17 partidos aliados, que ocupam cargos em ministérios e dividem poder em estatais. A maior briga do PT é com o PMDB do vice-presidente, Michel Temer.

O documento do PT já sofreu alterações de redação de julho até agora. Ao pregar o plebiscito para a reforma política, por exemplo, a primeira versão do texto falava na necessidade de "refundação" constitucional. O termo foi substituído por "mudança". Motivo: na última reunião do Diretório Nacional, realizada no dia 18, em São Paulo, dirigentes alegaram que "refundação" foi uma palavra usada pelo então presidente do PT, Tarso Genro - hoje governador do Rio Grande do Sul após o escândalo do mensalão, em 2005.

Fonte: O Estado de S. Paulo

BB cobrará na Justiça verba desviada por mensaleiros

O Banco do Brasil pediu ao Supremo Tribunal Federal para ter acesso a todo o processo do mensalão. O objetivo é preparar uma ação para tentar recuperar os R$ 73,8 milhões desviados pelos mensaleiros da cota do BB no fundo Visanet, informa Gabriela Valente. O principal alvo será o ex-diretor Henrique Pizzolato, que autorizou o "impasse da verba para empresas de Marcos Valério. A Advocacia-Geral da União também estuda como cobrar os R$ 536 mil desviados da Câmara pelo deputado João Paulo Cunha (PT-SP)

No rastro do dinheiro

BB tentará na Justiça recuperar os R$ 73,8 milhões desviados do fundo Visanet

Gabriela Valente

Depois das primeiras prisões de condenados do mensalão, começam as movimentações para tentar reaver o dinheiro público desviado no esquema. Enquanto a Advocacia Geral da União (AGU) estuda formas de cobrar R$ 536 mil desviados da Câmara, o Banco do Brasil dá os primeiros passos atrás dos recursos que abasteceram o chamado valerioduto.

Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), R$ 73,8 milhões da cota do BB no fundo Visanet foram repassados ao operador do mensalão, Marcos Valério, e utilizados para pagar propina a deputados aliados do governo Lula, entre 2003 e 2005. Na última quinta-feira, três dias após O GLOBO perguntar se o BB iria cobrar a devolução dos recursos, os advogados do Banco do Brasil foram ao STF e pediram vista de toda a ação penal 470.

O acórdão da Corte diz que ficou comprovada a transferência de “vultosos” recursos da cota do BB no fundo Visanet para o núcleo publicitário do esquema. O fundo é utilizado por bancos que operam com a bandeira do cartão de crédito Visa. O STF entendeu que a parte que cabia ao BB foi desviada para Valério. A cobrança do valor desviado pela direção do BB é tema delicado para o PT, partido que está no comando do Executivo federal e, ao mesmo tempo, contesta as conclusões do STF sobre o mensalão.

Pizzolato recebeu r$ 326 mil de Valério
Para os ministros, houve pagamento por serviços não prestados. Ordens de transferência de recursos foram assinadas por Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do BB, que teria recebido propina em troca. Ele teria antecipado R$ 73,8 milhões do fundo Visanet para a agência de publicidade DNA, de Valério.

Pizzolato, segundo o STF, recebeu R$ 326 mil do operador do mensalão. O Supremo ainda o considerou conivente com a apropriação indevida de R$ 2,9 milhões pela agência, referentes ao chamado bônus de volume, um benefício que as empresas de comunicação pagam à agências de publicidade. Por tudo isso, Pizzolato poderá ser o principal alvo dos advogados do BB.

O ex-diretor teve os bens bloqueados e está foragido da Justiça. Ele fugiu para a Itália para escapar da pena de 12 anos e sete meses de prisão em regime fechado, mas possui no Brasil imóveis que podem cobrir uma pequena parte do desvio. Antes de o BB pôr as mãos nesses bens, os apartamentos devem cobrir as multas estipuladas pelo STF, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato, estimadas em cerca de R$ 2,2 milhões.

Na análise de Marthius Sávio Lobato, ex-advogado de Pizzolato, o BB terá de cobrar o dinheiro não apenas do ex-diretor, mas de todas as pessoas que autorizaram os procedimentos em pareceres jurídicos da instituição, anexados ao processo. Ou seja, a execução não seria apenas contra o fugitivo, mas teria de envolver todos os que ocupavam altos cargos na época, como presidente, vice-presidente de varejo, diretor jurídico e consultores.

Além dos executivos do BB, para o advogado, também teria de ser executado o funcionário da Visanet que autorizava as transferências. — Se o banco for cobrar, vai ter de responsabilizar todos aqueles que fizeram documentos que legitimavam os pagamentos — afirmou Lobato. — Pizzolato pode chamar todos para serem responsabilizados.

BB prevê que processo vai demorar
A análise do BB é que a instituição não deve conseguir receber todo o valor de volta, e que o processo se prolongará durante anos, por causa dos recursos que condenados podem usar para atrasar a tramitação da cobrança. O BB não quer fazer alarde sobre o assunto porque considera que isso poderia prolongar o desgaste sofrido pela instituição ao longo do escândalo do mensalão.

Se cabe ao BB cobrar o valor desviado do fundo Visanet, é a Advocacia Geral da União que deve cuidar da cobrança dos recursos que saíram irregularmente dos cofres da Câmara dos Deputados para também abastecer empresas de Marcos Valério. E a AGU também já estuda como vai cobrar esse dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha foi acusado de desviar R$ 536 mil. Nesse caso, o advogado-geral da União, Luís Adams, tem duas opções na mesa: acionar o Tribunal de Contas da União (TCU) para que seja instaurado um processo e formalizado o valor a ser cobrado; ou abrir um processo judicial de cobrança na Justiça Federal.

Com a primeira opção seria possível emitir um título de cobrança. Adams estaria mais inclinado a acionar o TCU, que já tem experiência na definição de valores desviados — isso poderia acelerar o processo. Apesar de a ação contra João Paulo Cunha ainda não estar encerrada no STF, Adams já pode iniciar o processo no TCU sem precisar esperar o resultado do julgamento dos embargos infringentes apresentados pela defesa do deputado e que só devem ser julgados em 2014.

Petistas evitam comentar o assunto
No julgamento encerrado no fim do ano passado no STF, João Paulo foi acusado de receber R$ 50 mil de Marcos Valério e seus sócios para facilitar a vitória da SMP&B numa licitação para contratar a agência de publicidade da Câmara. A empresa de Valério teria terceirizado 99,9% do valor do contrato.

Procurado pelo GLOBO, o presidente do PT, Rui Falcão, informou, por meio de sua assessoria, que não se pronunciaria sobre o assunto. Outros petistas seguiram a mesma linha: — Não é um assunto do qual estou por dentro. Não posso ajudar — desculpou-se o senador Jorge Viana (PT-AC). — Não tenho acordo com essa suposição (de que o mensalão existiu) e não cabe a mim comentar — cortou o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP).

A imediata cobrança dos prejuízos aos cofres públicos divide opiniões em outros partidos. Para o presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), é preciso esperar o fim do processo no STF para entrar com novas ações a fim de evitar estragos no período pré-eleitoral. — Se começarmos a pensar nisso agora, o processo de vitimização do PT vai para a estratosfera — previu. — Cada coisa a seu tempo.

No entanto, Agripino garante que, se as instituições não entrarem com ações de cobrança após o fim do julgamento, o DEM provocará o Ministério Público para que encaminhe o processo. Já o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) defende que a discussão da cobrança de valores desviados no mensalão não seja politizada em nenhum momento.

— Temos de despolitizar essa questão; politizar enfraquece as instituições. Temos apenas de cumprir decisões judiciais — frisou. — Dificilmente haverá uma recuperação satisfatória, como no caso do TRT de São Paulo — afirmou o senador Álvaro Dias (PSDB). — No caso do mensalão, acho mais complicado porque os recursos (desviados) foram pulverizados.

Fonte: O Globo

MPs de Dilma oneram contas públicas em R$ 96,3 bilhões

Efeito das propostas do governo contrasta com discurso de austeridade reforçado pela presidente nos últimos dias

Levantamento feito pelo Estado mostra que as propostas que a presidente Dilma Rousseff enviou em 2013 ao Congresso na forma de medidas provisórias provocam impacto nas contas públicas de R? 96,3 bilhões ao longo dos próximos anos, informa Lu Aiko Otta. O cálculo leva em conta aumentos de despesa em relação ao previsto no ano e propostas que envolvem renúncia de arrecadação. O efeito das propostas sobre as contas públicas contrasta com o discurso de austeridade reforçado pela presidente nos últimos dias, num esforço para recuperara credibilidade no mercado Há propostas de Dilma que continuarão gerando efeitos nos próximos anos. É o caso, por exemplo, do aporte de Rã 15 bilhões que o Tesouro Nacional foi autorizado afazer na estatal Valec.

Medidas provisórias de Dilma criam gastos estimados em R$ 96,3 bilhões

Lu Aiko Otta

BRASÍLIA - As propostas que a presidente Dilma Rousseff enviou este ano ao Congresso na forma de medidas provisórias (MPs) provocam um impacto nas contas públicas de R$ 96,3 bilhões nos próximos anos. É o que mostra levantamento feito pelo "Estado".

A contradição entre discurso e ação ficou explícita na própria terça-feira. No mesmo dia em que parlamentares se comprometeram a não ampliar gastos, eles aprovaram, por orientação do governo, a criação de uma estatal para programas de extensão rural e aumento do quadro de funcionários do Departamento Nacional de Infraestrura.

O cálculo contempla aumentos de despesa em relação ao previsto no ano e as propostas que envolvem renúncia de arrecadação. Ás estimativas foram feitas pelo governo e estão nas exposições de motivos, textos explicativos que devem acompanhar cada uma das MPs.

As propostas, feitas ao longo de todo o ano, contrastam com o discurso de austeridade que o governo adotou neste final de ano e que foi reforçado pela presidente nos últimos dias, num esforço para recuperar a credibilidade no mercado. No microblog Twitter, ela reafirmou a intenção de cumprir a meta de resultado das contas públicas - tarefa facilitada pela aprovação, esta semana, de uma regra que desobriga o governo federal de fazer uma economia extra para compensar a insuficiência de re sulta-do de Estados e municípios.

Na terça-feira, Dilma obteve do Congresso um compromisso de não aprovar nenhuma proposta que traga impacto nas contas públicas. Na ala governista, fala-se numa "pauta bomba" no Legislativo estimada em R$ 60 bilhões.

As exposições de motivos apontam um impacto de R$ 29,5 bilhões em 2013. Para 2014, os aumentos de gasto e renúncias de receita chegarão a R$ 24,4 bilhões pelos cálculos informados pelo governo ao Congresso. Serão outros R$ 20,9 bilhões em 2015.

Há propostas de Dilma que continuarão gerando efeitos nos próximos anos. É o caso do aporte de R$ 15 bilhões que o Tesouro Nacional foi autorizado a fazer na estatal Valec. A despesa ocorrerá à medida que as ferrovias forem licitadas e começarem a ser construídas. O governo se comprometeu a antecipar parte da receita futura dos concessionários ainda na false de construção das linhas.

O levantamento inclui medidas como a desoneração do PIS e Cofins sobre itens da cesta básica, que provocará renúncia estimada em R$ 6,8 bilhões este ano, R$ 7,5 bilhões em 2014 e R$ 8,3 bilhões em 2015.

Entram na conta medidas como o perdão de dívida de agricultores do Nordeste prejudicados pela seca, de R$ 380 milhões, e até um gasto de R$ 60 milhões para recuperar equipamentos de geração de energia para doá-los à Bolívia.

Entram também as MPs que não foram aprovadas a tempo e perderam a validade, como a 616, que cortava o PIS e a Cofins sobre o transporte urbano, a m custo estimado de R$ 1,3 bilhão este ano. Mesmo canceladas, essas MPs geram efeito no período em que vigoraram.

Por outro lado, há MPs que causam impacto nas contas públicas que não estão expressos na exposição de motivos. E o caso da 620, que criou o programa Mais Médicos, já convertida na Lei 12.871. O Ministério do Planejamento afirma que as MPs tiveram como foco o incentivo à economia e que os impactos para as contas públicas nos anos seguintes serão incorporados aos cálculos do Orçamento.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Cresce apoio do PPS a Aécio

Diretório estadual do Rio é o quarto a defender aliança com PSDB em 2014

Felipe Canêdo

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), recebeu ontem no Rio de Janeiro o apoio do quarto diretório estadual do PPS à sua candidatura à Presidência no ano que vem. O tucano conta agora com os diretórios da legenda no Rio, Minas, Bahia e Pernambuco. "Os 20 delegados do PPS no Rio vão lutar unidos quando o nosso partido decidir acompanhar sua liderança", discursou o presidente do PPS-RJ, Comte Bittencourt.

O senador participou do congresso do PPS, no auditório da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), com direito a faixa de Aécio presidente e discurso durante o encontro. O presidenciável lembrou que as relações entre PSDB e PPS são antigas e profundas, e ressaltou a parceria das duas legendas em Minas. “Eu sei o tamanho da responsabilidade que nos aguarda. Para o Brasil, é absolutamente fundamental iniciarmos um novo ciclo”, conclamou ele. Aécio disse ainda que a repactuação da Federação deve estar na base das futuras discussões para a confirmação da aliança. “Somos oposição para o bem do Brasil. Nós acreditamos na sociedade forte, no papel do Estado como regulador”, afirmou.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) convidou os cerca de 500 participantes do evento a participarem da elaboração de uma nova agenda para o país: “precisamos muito de vocês”. O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), contudo, ainda não bateu o martelo sobre o destino do partido nas eleições. “O nosso objetivo é derrotar esse governo hegemônico”, defendeu ele.

Economia. Aécio voltou a criticar o leilão dos aeroportos de Confins, em Minas, e do Galeão, no Rio, realizados na sexta-feira, que, segundo ele, foram feitos com “um atraso enorme” e disse que o PT está seguindo "a cartilha do PSDB" de forma "atabalhoada". Ele criticou também o que considera flexibilização dos pilares macroeconômicos do governo Fernando Henrique. "O resultado é esse que estamos vendo aí: inflação alta, crescimento pífio e perda da credibilidade do Brasil a partir dessa alquimia fiscal que ele vêm fazendo", afirmou ele.

Fonte: Estado de Minas

Em encontro do PPS, Aécio não garante apoio de Roberto Freire

Presente ao Congresso, o presidente nacional do PPS disse à imprensa ter preferência em apoiar Eduardo Campos (PSB)

O senador Aécio Neves (PSDB) foi neste sábado (23) ao Congresso Estadual do PPS, mas não conseguiu garantir, por hora, o apoio do presidente nacional da sigla, o deputado federal Roberto Freire.

Presente ao Congresso, o deputado disse à imprensa ter preferência em apoiar Eduardo Campos (PSB). Mas em seu discurso, afirmou que tanto o pessebista como o tucano são "grandes candidatos".

"Porque o que temos como objetivo maior é derrotar esse bloco hegemônico que está no poder", disse em discurso, auditório da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

Aécio, por sua vez, destacou o apoio do PPS em eleições anteriores e classificou o apoio socialista como "natural".

"Desse cipoal de legendas no Brasil, o PPS é um dos poucos que podemos chamar de partido político. Nossa aliança é muito natural", disse o tucano.

Freire afirmou defender Campos para fortalecer mais uma candidatura de oposição. Mas disse que a decisão será tomada em Congresso Nacional do partido. O próximo está marcado para dezembro.

O PPS-RJ declarou apoio a Aécio. A sigla deve apoiar o candidato tucano ao governo do Rio. O nome especulado pelo PSDB é do empresário e treinador de vôlei Bernardinho.

Fonte: Gazeta do Povo (PR)

Com medo da fuga de aliados, Lula cobra ação política de Dilma

Ex-presidente também critica desgaste provocado por Haddad em SP

Fernanda Krakovics

O ex-presidente Lula anda desgostoso com o que considera exemplos de falta de traquejo político de dois “postes” criados por ele: a presidente Dilma Rousseff e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Mesmo com a recente disposição de Dilma de agradar um pouco mais os políticos, Lula tem reclamado da preferência da presidente por quadros técnicos em seu Ministério.

E atribui à falta de atenção com a política o “pessimismo” existente em relação à economia e à Copa do Mundo. Pressionada por Lula, Dilma já recuou da ideia de fechar o mandato com secretários-executivos no comando de vários ministérios e, em viagem ao Peru na semana passada, declarou que, na reforma ministerial que fará na virada do ano, não promoverá técnicos, como planejava. Ela aproveitará a saída de dez ministros que vão disputar as eleições para tentar amarrar o apoio de partidos aliados à sua reeleição.

Quando o PSB deixou o governo, em setembro, a expectativa do PMDB era emplacar de imediato o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) no Ministério da Integração Nacional. Dilma frustrou o partido, e Lula, ao nomear interinamente para o comando da pasta o secretário de Infraestrutura Hídrica, Francisco Teixeira. O PMDB evidenciou a insatisfação e Lula entendeu o recado.

Vital deve ser nomeado na virada do ano. — A expectativa é que o Ministério da Integração fique com o PMDB. Se não for, vai ser uma guerra. Ela (Dilma) vai empurrar 21 senadores contra (o governo) — disse um importante líder do partido semana passada. Preocupado com os rumos do governo, Lula disse a interlocutores, nas últimas duas semanas, que os servidores de carreira e as nomeações de perfil técnico são para acompanhar as decisões do dia a dia, mas que o Ministério e o governo têm que ter viés político.

Para Lula, o governo precisa fazer política: — Esse pessimismo é porque não tem política — comentou Lula, referindo-se à economia. A aprovação pelo Congresso, na semana passada, de regra que desobriga a União de cobrir o esforço não realizado por estados e municípios para o superávit primário (economia para o paga- mento de juros) foi vista por especialistas como mais um sinal negativo para o equilíbrio das contas públicas. Também há preocupação com a inflação.

Além da apreensão com a economia, Lula também tem se mostrado preocupado com a Copa do Mundo. E a culpa, de novo, acredita, é da falta de traquejo político do governo. — Estamos perdendo o debate da Copa porque falta política, falta alguém para debater — disse, referindo-se às críticas quanto aos gastos para o evento.

Outra preocupação de Lula tem sido a relação de Dilma com os empresários e o mercado financeiro. Eles reclamam de falta de diálogo e de medidas que consideram intervencionistas. O ex-presidente tem feito reuniões com o setor para tentar reverter esse mal-estar. Recentemente, um petista contou a Lula o que ouviu de um banqueiro: — A Duma quer dizer o quanto eu devo ganhar.

Lula anda muito irritado, de acordo com pessoas que conversaram com ele nos últimos dias, com o prefeito de São Paulo. Em pelo menos uma dessas conversas, Lula fez um paralelo entre o estilo de Dilma e o de Haddad: — O Haddad quer fazer uma administração técnica e cria confusão, respinga no próprio partido, está criando dificuldade com o Kassab.

O ex-presidente se referia ao escândalo dos fiscais da prefeitura de São Paulo, que começou atingindo a administração do ex-prefeito Gilberto Kassab, presidente do PSD, e, depois, acabou respingando em auxiliares do próprio Haddad.

Lula e o presidente do PT, Rui Falcão, entraram em campo para assegurar que a investigação feita pela administração Haddad não comprometesse o apoio do PSD à reeleição de Dilma. Esse apoio foi formalizado na ultima quarta-feira, apesar do bate-boca público entre Haddad e Kassab.

Além de tentar convencer Dilma a dar mais atenção à política, Lula tem entrado pessoalmente nas negociações para a formação dos palanques nos estados para as eleições do ano que vem. Ele tem conversado com o PT e partidos aliados. As conversas se intensificaram após a consolidação da pré-candidatura do presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), ao Planalto.

Fonte: O Globo

Entrevista: Luiz Werneck Vianna - O poder, esse sedutor

Para cientista político, a volúpia pela eternização no governo desarma a sociedade, impede mudanças e imobiliza o País

Juliana Sayuri

Após oito anos, revelados mais de R$ 100 milhões movimentados fora das regras do jogo, foram compiladas 50 mil páginas nos autos, 600 testemunhas on the record, 38 réus julgados, 25 condenados e muitas, muitas páginas impressas sobre a Ação Penal 470, o mensalão. No simbólico 15 de novembro, dia da proclamação de nossa República, José Dirceu, José Genoino e outros oito condenados se entregaram à polícia federal. "Viva o PT", bradou, de punho cerrado, o ex-presidente do partido.

De 2005 para cá, diversas críticas austeras e duelos intelectuais sobre os meandros da AP470 ocuparam o Aliás. Entre as primeiríssimas delas, uma entrevista marcante com o cientista político Luiz Werneck Vianna, professor da PUC-Rio e autor de A Modernização sem o Moderno: Análises de Conjuntura na Era Lula (Fundação Astrojildo Pereira, Contraponto, 2011), no dia 31/7/2005, às vésperas do depoimento de José Dirceu no Conselho de Ética, um dos momentos-chave dessa história.

A convite do Aliás, Werneck Vianna voltou para discutir os rumos políticos deste Brasil pós-mensalão. O diabo, diz, é "essa volúpia pela eternização no poder" – presente nos tempos de Lula, mas também em Collor e em Fernando Henrique, ressalva. "A ideia de ganhar tudo e todos fez parte desse projeto megalômano do PT, que pretendia permanecer no poder até o fim dos tempos", diz o intelectual, com palavras pausadas, por vezes hesitante. "Mas a história está aberta, sempre esteve", ressalva mais uma vez. E como Dirceu e Genoino serão lembrados, professor? "Alguém sempre pode dizer ‘a história me absolverá’. Bem, absolve alguns e outros não. A ver".

Que dimensão tem a figura do ex-ministro José Dirceu hoje? Em entrevista ao Aliás, em 2005, o sr. o dizia ‘o homem com faro e instinto de vida partidária. Não ligado aos movimentos sociais, mas um especialista na política – o Maquiavel do Príncipe’. Ainda o vê assim?

Certamente. José Dirceu ficou ausente do poder imediato, mas atuou nos bastidores. Esse tipo de atuação obviamente não lhe permitiu o exercício de uma influência maior. Mas, ainda assim, continuam presentes os traços principais, marcados na época em que ele teve a batuta na mão. Basta notar a forma como a campanha de Dilma Rousseff foi conduzida, em 2010. E como está sendo conduzida agora, pensando em 2014. Persistem as mesmas questões de fundo.

Quais questões?

Essa volúpia pela eternização no poder. Antes do PT, essa volúpia esteve presente em Collor e em Fernando Henrique. Mas realizar reformas, em tempo largo, como era pretendido por Collor, Fernando Henrique e Lula, implicou uma política que levou a muitas dificuldades. Certamente, Collor não soube administrar isso, não estabeleceu um sistema de alianças capaz de sustentar seu governo. Fernando Henrique, posteriormente, interpretou isso muito bem, e em nenhum momento perdeu de vista a necessidade de ter maioria governamental – à época, sua associação com o PFL provocou protestos inclusive entre aliados mais íntimos, a começar por Ruth Cardoso, muito desgostosa com esse tipo de aliança, entre outros dentro do próprio PSDB. Ficou esta lição: governos pretensamente longos, que miram o horizonte muito à frente, necessitam de sólidas alianças governamentais. Isto é, quem quer mudar precisa do apoio de setores que não estão realmente preocupados com a mudança – aliás, de setores até contestadores dos projetos mudancistas. Isso leva a um certo imobilismo na política.

Mas nada mudou?

Há mudanças. Vimos mudanças significativas com Fernando Henrique (como o Plano Real) e com Lula (como o Bolsa Família). A crítica da esquerda agora parece querer sustentar que o PT deveria ter unido forças próprias e aliados muito afins a seu projeto. Isso não permitiria esse arremesso para a persistência no poder. Mas imaginou-se que, perdido o governo, tudo estaria perdido. Não é verdade. É a questão ficou: o que a sociedade ganhou com esse arranjo entre atraso e moderno, entre forças de mudança e forças comprometidas com a conservação? E o que se perdeu? O que se pode levantar, contrafactualmente, é que um governo com um projeto de mudança possa, se tiver estratégias definidas, pensar num voo não longo, mas exemplar. Um voo que avance até onde se pode avançar – e que, principalmente, corra o risco de perder a próxima sucessão presidencial. Pense na vitória de Michelle Bachelet. O caso chileno está nos ensinando que um voo não precisa ser transoceânico, digamos assim, para realizar mudanças. Vale antes ter um projeto com objetivos definidos, pois assim um governo poderia parar num determinado ponto e continuar mais à frente, num processo mais avançado. É preciso ter perspectiva.

Todos perdemos perspectiva?

A política atual, como está, prejudica todos – e principalmente a própria atividade política, que perdeu aura, imaginação, ousadia. Ficou num canto, avançando milimetricamente onde podia. Onde não podia, deixou tudo ao andar "natural" dos acontecimentos. O ponto é: perdeu-se o impulso para as mudanças, com essa ideia de que era antes necessário garantir estabilidade para um governo longo. Isso desarmou a sociedade. A política aparece em lugares inesperados, fora de sua trama real e concreta, que seriam as instituições e os partidos. Certamente há algo universal nisso, quer dizer, acontece em diversos países. Mas no Brasil, essa falta de representação política se tornou algo absurdo, em que as representações são meramente nominais, como um poder de carimbo. O PT foi desarmado também, obrigado a todo momento a respeitar as estratégias gerais para garantir sua permanência ad eternum no poder, vide o caso das sucessões estaduais. Lula ainda é o detentor da hegemonia do PT. Aí, por que fazer política, se há quem a faça em nome de todos? Ao mesmo tempo, essa malha paralisa o próprio governante.

O sr. quer dizer que, certas vezes, perder (o governo) pode ser ganhar (o projeto)?

Sim. Perder no presente, mas tendo tentado realizar seu projeto, mobilizando bases e sociedade para seguir seus caminhos, poderia significar uma vitória no futuro.

De tempos em tempos, assistimos a uma faxina ética após um novo escândalo. Há cassações, impeachment, prisões, mas os esquemas se reestruturam. Nossas instituições são fortes nesses momentos de crise?

Sim, continuam fortes. Estamos passando por um momento de turbulência, pois lideranças políticas do partido hegemônico estão sendo apenadas. Enquanto as ruas estão silenciosas, os principais interessados estão se movimentando. O Judiciário tem desempenhado um papel fundamental, por ter uma relação autônoma com os demais poderes. Autonomia essa que falta a outros setores, como os movimentos sociais e étnicos, o movimento sindical e a UNE. Não à toa, o que ocorreu por fora desses movimentos assumiu uma forma abstrusa, os Anonymous e os Black Blocs.

Na ressaca das manifestações, a presidente Dilma Rousseff deu os primeiros passos para uma reforma política, proposta antiga do PT. A reforma é possível neste momento?

Possível é, não há nenhum obstáculo material. Há obstáculos imateriais: a (falta) de vontade do legislador, comprometido com o estado de coisas anterior. Se há uma grande movimentação social, como vimos, passando ao largo da política e sem deixar rastros nem animar os partidos, sem vivificar os movimentos, aí realmente se pode imaginar que temos uma situação difícil adiante, que demandará muito tempo para encontrar uma saída razoável.

Desde 2005 foram feitas críticas às investigações de corrupção a governos passados. Mas há indícios de que o esquema de Marcos Valério também serviu ao PSDB. É justo que a corrupção fique circunscrita ao PT?

Não. A corrupção é um mal endêmico no Brasil. Está presente na nossa história "desde sempre". Mas agora a sociedade conhece instrumentos novos, trazidos pela Carta de 1988, e operadores novos, como o Ministério Público e a Polícia Federal, que exercem uma vigilância inédita.

A imprensa tratou o mensalão como o ‘maior escândalo de corrupção do País’. Que papel tiveram a mídia e a opinião pública nesse processo?

O papel da mídia foi importante, também por estar vinculada à opinião pública. O mensalão – aliás, a Ação Penal 470, como procuro sempre descrevê-la – foi um caso de corrupção política. Nas motivações dos autores dessas infrações não esteve o impulso por aquisição de riqueza, mas aquisição de poder. Esse foi um fato que a sociedade e os tribunais julgaram severamente, na expressão de muitos dos ministros do STF: foram crimes contra a República, isto é, crimes contra todos. E é explosiva essa relação entre o poder judiciário, a opinião pública e a mídia, pois a alta visibilidade desses processos deixa pouco espaço para o réu se defender. Mas isso não dá para impedir, é o avanço da esfera pública no mundo. Que fazer? Fechar as portas dos tribunais? Silenciar os jornais? É só ver o caso das biografias. Vamos ficar com os vícios e as grandes virtudes disso, que é tornar públicas determinadas cenas que realmente mereçam ser públicas, que não podem transcorrer nem em segredo de Justiça nem em silêncio obsequioso da imprensa. Isso faz parte do desenvolvimento de uma democracia de massas.

Muitos criticam as ordens de prisão, cumpridas no 15 de novembro, dizendo que o tribunal é autoritário. Quão supremo é o STF?

É relativo, pois as decisões podem ser contestadas na Câmara, no que se refere à perda de mandato dos condenados. O STF pode muito, mas não pode tudo. No fundamental, o papel que a Justiça tem cumprido é um processo de limpeza de território para que a democracia possa prosperar, para que não seja poluída pelos que detêm poder político e econômico. Ainda há um longo caminho a percorrer – e esse caminho não pode dispensar uma vida política mais rica, com partidos mais vigorosos e movimentos sociais autônomos. Tudo isso ainda está por acontecer.

Com biografias respeitáveis, o ex-ministro José Dirceu e o deputado José Genoino saíram do banco dos réus e foram para a prisão. Como serão lembrados na história?

Não sei. A história deles deve ser preservada. São figuras importantíssimas para a história do PT, sobretudo José Dirceu, a meu ver, a melhor cabeça política deles. Alguém sempre pode dizer "a história me absolverá". Bem, absolve alguns e outros não. A ver, né? É preciso deixar o tempo fluir. Mas o mensalão não é uma nódoa na vida republicana brasileira. O julgamento foi uma conquista. A democracia avançou. Os limites estão dados para o poder político: há leis – e o poder não pode tudo. Foi uma condenação justa, mas não há o que comemorar. Eu fui um preso político, um perseguido político. Não há razões para me regozijar com condenações dos outros. Esses, porém, são políticos presos. Foram condenados por uma corte com ministros inclusive indicados pelo PT.

Esse desfecho influenciará 2014?

Sim, certamente. Se favorecerá tal ou qual candidato, ainda não dá para dizer. Os partidos não são antenas sensíveis para o que ocorre na sociedade. São antenas para auscultar seus interesses imediatos e futuros. Se Marina Silva ou Eduardo Campos poderão recuperar a política... é muito difícil, penso. Também é difícil que isso se torne projeto de Aécio Neves. Mas quem vier agora terá que ter claro que a sociedade quer mudanças no mundo real. Operar mudanças implica dor e perdas – para ter outros ganhos. A ideia de ganhar tudo e todos fez parte desse projeto megalômano do PT, que pretendia uma permanência no poder até o fim da História do Brasil. Ora, a história está aberta, sempre esteve. Pede por movimentos, novas ideias, novas gerações. É muito difícil avançar, mas como diria o papa Francisco, bote fé. E assim vai, assim caminha a humanidade.

Fonte: O Estado de S. Paulo / Aliás

Depois de junho: possibilidades e riscos - Luiz Sérgio Henriques

Para quem, como nós,viu as manifestações de junho último como fenômeno de múltiplos significados, capazes, ao mesmo tempo, de reforçar a vida representativa ou de comportar rejeição ainda mais profunda de suas formas, há algum alento em outras realidades regionais próximas, se insistirmos em ver o quadro a partir dos valores de uma possível esquerda democrática.

No Chile, por exemplo, abalado há alguns anos por poderosas manifestações de rua, cujo foco era a insatisfação juvenil com os processos formativos,, seus altos custos e suas promessas não cumpridas de garantia de inserção produtiva numa sociedade ainda profundamente marcada pela (contra) revolução pinochetiana, os chamados pingüines alusão ao tradicional uniforme estudantil, conseguiram gerar lideranças expressivas, em geral identificadas com a candidata do Partido Socialista, Michelle Bachelet.

Tais lideranças, que, na boa hipótese, serão uma das pontas da sempre difícil troca de guardas geracional, nem sempre pertencem ao partido da candidata favorita no segundo turno, mas provêm de setores autônomos da esquerda ou mesmo do tradicional Partido Comunista. Este último, com presença parlamentar agora menos frágil, pode reatar com o passado de tradicional força moderadora da esquerda, como no curso da experiência de Salvador Allende e da Unidade Popular. Uma experiência de transição democrática para o socialismo, como se dizia na época, que talvez, em sua essência profunda, tenha servido para relativizar a conhecida proposição de que homens e mulheres só se colocam problemas que já sabem resolver ou cuja resolução está em via de amadurecimento. Ou para desmentir a recepção literal e ingênua desta ou de qualquer outra proposição "sagrada".

Forçoso é reconhecer que, apesar da dignidade humana e política do presidente Allende -tão acima de outros líderes de esquerda latino-americanos que viriam depois e que, parece, têm o hábito de se metamorfosearem pássaros ou de se estampar em canhestros simulacros de sudário -, aquela esquerda chilena, em seu todo - para não falar de seu subconjunto, sempre acometido pelo inevitável sarampo infantil -, padecia da fratura original entre democracia representativa e direta, democracia"burguesa" e “proletária", parlamentos e conselhos, tal como teorizada desde a chegada do comunismo histórico ao poder, em 1917.

Que não se trata de ideias abstratas, sem incidência na vida real das sociedades, foi o que pudemos ver, ainda, nos dilemas postos à luta contra o regime de 1964, raiz não tão distante da moderna política brasileira: acreditar nas virtudes da política, mesmo quando os espaços institucionais pareciam reduzir-se ao mínimo, ou apostar na eficácia imediata e direta das armas, legitimadas, ainda por cima, por um direito de resistência posto acima de qualquer cálculo político razoável?

Confluíram para a segunda alternativa parte considerável da esquerda histórica - façamos menção simbólica ao ex-deputado Carlos Marighella -e, também, parte considerável do que então se chamava "nova esquerda", incendiada, em sua vertente diretamente política -mais além da bem vinda novidade dos feminismos e do pensamento ambientalista -, pelos exemplos da revolução cubana e da chinesa, bem como pela resistência vietnamita à agressão norte-americana.

O problema é que, na história das sociedades, águas passadas movem moinhos de forma às vezes imperceptível ou de outro modo inexplicável. Esgotou-se o comunismo histórico; custam a se afirmar alternativas de uma nova esquerda que assuma integralmente, sem restos, os valores da democracia política; mas, como é amplamente sabido, grupos dirigentes de importantes partidos e até do País são egressos da "segunda esquerda" dos anos 1960. No entanto, a carga de renovação e até de transformação social de que seriam portadores esses grupos parece ter-se esgotado precocemente, talvez mimetizando um aspecto desfavorável do "caráter nacional", aquele pelo qual, como diz o poeta Caetano, o que parece ainda em construção já é ruína.

As ruas de junho viriam sacudir espesso conformismo nascido já com a esquerda no poder há uma década. Viriam com carga explosiva de protestos contra o nosso inferno urbano de cada dia e com potencial para embrionariamente expressar, e mesmo multiplicar, 0 mundo tumultuoso dos novíssimos movimentos sociais.

Um fenômeno que não é nosso e se replica de modo "virai", mais do que em 1968, agora exponenciado pelas redes sociais. Seus teóricos e comentaristas são variados, como não poderia deixar de ser. Em alguns, a premonição de que se trata de uma esquerda nova, vagamente anarquista ou pós-anarquista, organizada horizontalmente e desconectada de velhas noções de mudança. A heterogeneidade de sujeitos e reivindicações nem sequer se deixaria enquadrarem categorias clássicas, como a de hegemonia. Ação direta, não representação; pequenos grupos que seguem a lógica da afinidade, como quer o canadense Richard Day, não a lógica da ação reivindicatória e da integração em sociedades cada vez mais permeáveis à«presença dos "subalternos".

Há nisso vitalidade e potencial de renovação das formas democráticas, como ensinam os pingüines chilenos, mas também riscos. Uma vida cívica plural e participativa parece o melhor horizonte de nosso tempo, contrapondo-se às imposições de "disciplina" e "controle" das sociedades em rede. As esquerdas históricas muitas vezes se perderam na sedução da violência, meio inadequado para desatar os nós górdios da política. As manifestações depois de junho podem ter deixado clara, uma vez mais, a singela verdade de que, invariavelmente, a desordem é a melhor amiga da ordem, reforçando controles e disciplinas que se diz querer combater.

Tradutor e ensaísta, É um dos organizadores das "obras" de Gramsci no Brasil

Fonte: O Estado de S. Paulo

Piadas de salão - Ferreira Gullar

Dirceu e Genoino se dizem presos políticos; para isso, seria preciso que o atual governo fosse uma ditadura

E agora, como ficam Lula e seu partido? O processo do mensalão chegou ao final, com a condenação dos responsáveis pela falcatrua levada a cabo por destacados membros do governo Lula e do PT: José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil da Presidência; José Genoino, então presidente do Partido dos Trabalhadores; Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido, e João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara de Deputados.

Isso sem falar em Marcos Valério, operador do sistema, e um alto funcionário do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, que entregou R$ 73 milhões ao PT para a compra de deputados. A pergunta é como ficam Lula, seu partido e o governo petista agora, diante da nação.

Vou referir-me aqui a determinados fatos, de que o leitor talvez não se lembre, mas o ajudarão a entender como nasceu o mensalão. Os fatos são estes: quando Lula foi eleito presidente da República, José Dirceu disse-lhe que o PMDB estava disposto a apoiar seu governo, mas Lula não quis.

Sabem por quê? Porque o PMDB, com o peso que tinha no Congresso, iria exigir dele ministérios e a direção de empresas estatais. Preferia aliar-se a partidos pequenos que, em lugar de altos cargos, se contentariam como muito menos. E assim foi: em vez de ministérios ou empresas estatais, deu-lhes dinheiro. Falando claro, comprou-os com dinheiro público.

Não tenho dúvidas de que Lula não sujou suas mãos nessa tarefa. Encarregou disso, conforme ficou evidente na apuração processual, seu ministro José Dirceu, que, como disse o procurador-geral da República na época, era o chefe da quadrilha. E dela faziam parte, entre outros, além de Marcos Valério e do presidente do PT na época, José Genoino, o diretor da marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, companheiro de partido.

A compra de deputados veio a público porque o então presidente do PTB, Roberto Jefferson, negou-se a aceitar dinheiro em troca do apoio ao governo: queria a direção de Furnas, mas José Dirceu disse não. Esse conflito entre os dois chegou a tal ponto que ele foi à imprensa e denunciou o que o governo fazia para ter apoio dos partidos de sua base parlamentar: comprava-os. Era o mensalão que vinha à tona.

Lula, pego de surpresa, declarou: "Fui traído". Ou seja, admitiu que a denúncia era verdadeira, mas ele ignorava a falcatrua. Isso ele disse naquela hora, para se safar, porque, pouco depois, refeito do susto, passou a afirmar que era tudo mentira, nunca houve mensalão nenhum. Sucede que, durante sete anos, a Justiça, por meio do exame de documentos, interrogatório e testemunhos, apurou o que realmente aconteceu e definiu o papel de cada um nesse grave crime.

O escândalo, ao eclodir, quase acaba com o PT e o governo Lula. Os membros efetivamente comprometidos com a ética deixaram o partido, e Lula, ao que tudo indica, chamou os executores do mensalão e os fez se deixarem acusar sem contar a verdade. Delúbio assumiu sozinho a culpa por tudo, disse que Lula não sabia de nada. Isso, mesmo estando todos os domingos com ele, na Granja do Torto, fazendo churrasco.

A verdade é que, embora eles pensassem que tudo ia acabar como piada de salão, não foi isso que aconteceu. Rompendo com a tradição de impunidade, que sempre favoreceu aos poderosos, o Supremo Tribunal Federal, num julgamento que foi realizado à vista da nação inteira, decidiu pela condenação e prisão de todos os que comprovadamente participaram da operação criminosa, cujo objetivo era dar apoio político ao presidente Lula.

Em consequência dessa decisão, José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha e Delúbio Soares, entre outros, irão pagar na cadeia pelo crime que cometeram.

Condenados pela Suprema Corte da Justiça, num julgamento em que todos os ministros manifestaram suas opiniões e votaram conforme sua consciência, não tem cabimento dizer que se trata de um julgamento político. Não obstante, Dirceu e Genoino se fazem de vítima e se dizem "presos políticos". Para isso, seria preciso que o atual governo fosse uma ditadura e que Dilma é que tivesse mandado prendê-los. Isso, sim, é piada de salão.

Soube que, ao sair a ordem de prisão, Lula telefonou para Dirceu e Genoino e lhes disse: "Estamos juntos!". Só que os dois estão em cana e ele, solto. Outra piada.

Ensaísta, crítico de arte e poeta

Fonte: Ilustrada / Folha de S. Paulo

China capitalista - Merval Pereira

O mais ambicioso plano de reformas sociais e econômicas da China, anunciado há uma semana, encaminha o país para o capitalismo de mercado, superando a fase de investimentos maciços e poupança para dar prioridade ao consumo interno. É justamente o caminho inverso do Brasil, que precisa sair de uma economia consumista para dar prioridade aos investimentos de infraestrutura e à poupança interna de longo prazo. As reformas permitirão que os agricultores transfiram suas terras (antes pertencentes ao Estado) e, ainda, dá-las como garantia.

Ou seja, “podem usar, beneficiar e transferir suas terras” e também “lucrar” com sua valorização. Essa alteração tem a ver também com a permissão à migração rural, começando pelas cidades menores. A previsão é que ocorra rápido desenvolvimento econômico, com os trabalhadores recebendo melhores salários num mercado de trabalho urbano competitivo. Eles poderão vender suas terras e mudar para cidades maiores com melhores ofertas de trabalho.

Poderão também abrir seus próprios negócios usando suas terras como garantia para empréstimos bancários. Haverá também implicações no mercado imobiliário, com a construção de casas adequadas às necessidades dos novos proprietários. Qualquer “investidor privado” (escrito assim mesmo) poderá recorrer ao “seguro de depósito”, que melhora sua garantia perante os bancos.

E o Banco Central já havia removido os controles sobre as taxas de empréstimo. Vai ser criado, para estar funcionando no início de 2014, um sistema de seguros para dar a investidores privados “qualificados” condições de investir em vários campos, como distribuição de energia e até mesmo exploração dos recursos naturais, hoje controlados pelo governo, inclusive a água.

As bolsas de valores estimularão lançamentos de novos projetos, e o objetivo é que o setor não estatal assuma cada vez mais um papel centrai na economia chinesa. As empresas estatais, por sua vez, terão de pagar dividendos maiores ao Estado, o que as obrigará a ter lucro. Ou a fechar, na sua ausência.

Essa parte da reforma, porém, é a que deverá ser mais lenta, já que a estrutura estatal da economia chinesa é muito grande e forte, inclusive politicamente. No comunicado oficial, diz-se claramente que empresas dirigidas pelo Estado serão sempre as formadoras das políticas sociais da república. As maiores estatais pagam de 5% a 20% dos seus lucros como dividendos ao governo.

Análise da Bloomberg mostra como essas mudanças na China correm risco, pois põem em xeque vários interesses estabelecidos: as próprias estatais, governos locais, bancos, autoridades responsáveis pela segurança interna e, no limite, o Partido Comunista chinês. O paradoxo é que, ao mesmo tempo em que a China não pode continuar crescendo no modo atual, correndo o risco de fraturas sociais e econômicas se as reformas não fossem feitas, promovendo as reformas, o Partido Comunista está diluindo seu controle e pode perder a capacidade de manipular os cordéis.

Isso acontecerá à medida que os empréstimos passem a ser feitos por bancos privados: a capacidade de orientar o crescimento da economia pode ficar prejudicada se a iniciativa privada passar a decidir investir em áreas controladas por empresas estatais. O Partido Comunista perderá também aos poucos a capacidade de controlar os cidadãos, já que a política migratória será flexibilizada, e eles poderão mudar para onde quiserem.

Há também entre os analistas a previsão de que haverá mudança fundamental na sociedade ao cabo de alguns anos, com as cidades sendo povoadas por novo tipo de cidadão, menos disposto a obedecer cegamente ao Estado. Os preços de combustíveis, eletricidade) e outras fontes de energia, hoje distorcidos pelas decisões burocráticas, serão decididos pelo mercado, o que dará mais poder aos cidadãos.

Fonte: O Globo

A Papuda embranqueceu - Eliane Cantanhêde

Você sabia que 61,8% dos negros vítimas de violência não dão queixa na polícia? Pois é.

Eles não confiam nos agentes do Estado pagos justamente para proteger a sociedade. E não confiam pelo longo histórico de injustiças e de seletividade. Numa batida policial, adivinha quem cai na rede? E quem mais sofre maus-tratos?

O percentual consta da Nota Técnica número 10 do Ipea, que dá muito o que pensar, sobretudo neste momento de apaixonado debate sobre a prisão dos mensaleiros --quer dizer, sobre a dos três mensaleiros petistas, porque ninguém dá bola para todos os demais.

Segundo a pesquisa, intitulada "Vidas Perdidas e Racismo no Brasil", de Daniel Cerqueira e Rodrigo Leandro de Moura, o número de presidiários negros é muito superior ao de presidiários não negros: eram 253 mil contra 170 mil em 2010. Ou seja, 80 mil a mais!

Confinados a áreas mais pobres e mais violentas, os negros são as maiores vítimas e acabam sendo também os maiores réus, confirmando que as prisões brasileiras continuam sendo para os PPP --pobres, pretos e prostitutas.

Como uma coisa puxa outra, poucos --governos, instituições, cidadãos-- de fato se preocupam e se ocupam com o que acontece, a sete chaves, entre as grades, nesses ambientes "medievais" e "desumanos", conforme adjetivação das próprias autoridades que deveriam zelar pela Justiça.

É por isso que, hoje, os holofotes estão na Papuda, a penitenciária da capital da República. Ali, os PPP passaram a conviver lado a lado com os colarinhos brancos.

O condenado Cristiano Paz, que não é bobo nem nada, já mudou de ideia e, em vez de Minas, preferiu ficar preso na Papuda mesmo. Com a romaria de um ex-presidente da República, do governador do DF e de deputados do PT, alguma coisa deve mudar por lá. Tomara que não seja só para os novos habitantes...

Fonte: Folha de S. Paulo

Bom dia a cavalo - Dora Kramer

Como qualquer cidadão, partido, entidade, meio de comunicação, sindicato, movimento, grupos organizados em geral, o PT dispõe de liberdade para dizer o que quiser e sempre fez uso dessa prerrogativa com estridência.

Não raro em contraposição aos fatos, muitas vezes ao modo de maquiagem da realidade - como faz, mais uma vez, o ex-presidente Lula da Silva ao dizer que a lei no Brasil "parece que só se aplica ao PT" -, mas é um direito que lhe assiste.

Até criou dois países diferentes, o "nós" e o "deles", para simplificar a conexão com a sociedade, cuja maioria por um bom tempo nem percebeu que os "eles" de ontem estavam perfeitamente integrados - para não dizer encastelados - no Brasil que na fantasia petista não tem 513 anos; nasceu em outubro de 2002, com a eleição de Lula para presidente.

Mas, digamos que toda fabulação tenha um limite. Se ultrapassado, expõe os fabuladores ao risco do efeito bumerangue. Ocorre quando suas narrativas, por assim dizer, alternativas, se voltam contra eles próprios.

É o caso da recente ofensiva contra o Supremo Tribunal Federal, acusado por dirigentes e parlamentares de partido de agir ao arrepio da lei. Ora, isso só acontece em regimes de exceção, ditaduras.

Estaria o PT se dando conta de que para defender companheiros presos diz que o País que comanda há 11 anos vive sob a égide de uma Justiça discricionária, situação contra a qual essas autoridades jamais se insurgiram? Ao contrário, compuseram a Corte onde ao menos duas vagas lhes foram franqueadas por aposentadorias antecipadas e dela esperavam uma compensação.

O discurso do PT atual já não ficaria bem se o partido fosse oposição. Sendo situação, soa a autoflagelação tão involuntária quanto imprudente e pouco inteligente.

Um governo reverente à democracia não convive com um Poder Judiciário arbitrário sem que no mínimo faça algum movimento em prol do retorno da instituição à legalidade. Se não faz, compactua ou é submisso a essa deformação.

Vamos à mais recente fala de Lula, que havia prometido nada dizer sobre até o julgamento dos recursos pendentes. A lei aplica-se apenas ao PT? Não condiz com a verdade. À ela: só no processo do mensalão foram condenados integrantes das cúpulas do PTB, PL (hoje PR), dois deputados do PP e um ex-líder da bancada do PMDB na Câmara. Além de assessores de três dessas legendas.

Por outros motivos políticos do DEM foram presos (embora não definitivamente), como o ex-governador José Roberto Arruda ou o ex-senador Demóstenes Torres, cassado pelo Senado e indicado pelo Ministério Público de Goiás por corrupção.

Dois parlamentares recentemente condenados pelo STF, deputado Natan Donadon e senador Ivo Cassol, tampouco pertenciam ao PT. O primeiro foi do PMDB e está sem partido e o segundo é do PP.

Acrescentem-se os vários governadores que tiveram mandatos interrompidos pela Justiça Eleitoral devido a abusos do poder econômico durante as respectivas campanhas. Entre eles um do PSDB.

E por falar em tucanos, está nas mãos do Supremo a ação contra o deputado, ex-governador de Minas e ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, com a perspectiva de ser julgada ainda em 2014. Acusação? Peculato e lavagem de dinheiro.

Por essas e várias outras que a memória não alcança e que mediante pesquisa acurada seriam muitas mais, não se pode dizer que só há infratores da lei no PT. Da mesma forma e por isso mesmo é falso afirmar que a lei no Brasil só vale para o PT.

O que existe, sim, é maior repercussão. Primeiro pela dimensão, segundo pela falta de cerimônia do esquema, e terceiro porque se trata do partido no poder, cuja conquista deu-se em boa medida por uma trajetória construída no altar da defesa da ética e dos bons costumes na política e adjacências.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Depois do dilúvio - Tereza Cruvinel

O futuro dirá se as prisões são fatos inaugurais de um novo padrão jurídico e político ou se serão punições isoladas, em grande parte fomentadas pela luta política

Por mais previsíveis que fossem, as prisões da semana passada constituíram um fato excepcional, que explica tanto o júbilo dos indignados sinceros como a revolta dos petistas, afora a jactância de seus adversários. Pela primeira vez, os brasileiros viram ser presos dirigentes do partido que está no poder, com o detalhe de que escreveram suas biografias na luta democrática. Com eles, uma banqueira e nomes que já luziram na cena publicitária. O futuro dirá se elas são fatos inaugurais de uma nova era no padrão jurídico e político ou se não passarão do tal ponto fora da curva, de punições isoladas, em grande parte fomentadas pela luta política.

Do que terá mudado ou não, na distribuição da Justiça, levaremos algum tempo para saber. Os próprios prazos do Judiciário serão usados para justificar a ausência de novas ações exemplares contra transgressores que tenham ficha na elite política, vale dizer, em outros partidos, ou registro na elite econômica, como os muitos empresários e banqueiros que nunca foram julgados, ou estão condenados, mas nunca foram para a cadeia. Vem aí um ano eleitoral , e isso servirá de desculpa para adiar o julgamento de outros casos de corrupção, sob o argumento de que poderiam influir nas eleições.

Mas dos efeitos das prisões de Dirceu, Genoíno e Delúbio sobre a cultura política e eleitoral, teremos prova já no ano que vem. Nas eleições gerais, nada aponta para mudanças. Tudo sugere que teremos mais do mesmo. De 2005 para cá, todas as tentativas de mudança no sistema político foram rejeitadas pelo Congresso. Se as regras não mudam, os políticos não mudarão por mero compromisso com a virtude. Política é disputa, que no Brasil passou a ter como arma o dinheiro e não as ideias. Além de uma acirrada competição pela Presidência, que o PT estará ocupando há 12 anos, 2014 nos promete campanhas caríssimas para o Congresso, com os candidatos a deputado disputando com os próprios colegas de partido, em função de nosso sistema nominal, em domínios eleitorais vastos como alguns estados. Continuará sendo baixíssima a transparência, no que toca ao financiamento das campanhas com recursos essencialmente privados e ocultos. Por razões diversas — desde a necessidade de esconder lucros não declarados ao temor de ficar mal com os outros partidos e candidatos — os empresários/doadores brasileiros gostam mesmo é de doar para um caixa dois.

O caso mensalão, por qualquer lado que seja olhado com alguma honestidade intelectual, tem a ver com caixa dois e sistema político. Tivesse o PT, em 2002, repetido na eleição parlamentar a vitória que obteve para a Presidência, não teria ficado refém dos pequenos partidos. E assim seguirá sendo: por mais votos que receba um candidato a presidente, não terá maioria na Câmara. Com 32 partidos na disputa, a pulverização torna a maioria uma quimera. Tenha havido compra de votos ou acordos eleitorais honrados pelo caixa dois, a origem do problema é a mesma: nosso sistema político leva a um concubinato apelidado de presidencialismo de coalizão, que compra a governabilidade a qualquer preço: nomeações, favorecimentos, fisiologismo, mensalões.

Na quarta-feira passada, com as prisões do 15 de novembro reverberando fortemente no Congresso, o Senado aprovou o texto final de uma minirreforma eleitoral que não tocou em nada disso. O líder democrata José Agripino bem definiu-a como um “TAC eleitoral”. Um termo de ajustamento de conduta entre partidos sobre o que poderá ou não ser usado na campanha: bandeira pode, cavaletes não! Mas cabos eleitorais poderão ser contratados, no limite de um para cada mil eleitores nas cidades com mais de 30 mil eleitores. Já imaginou o leitor quantos cabos eleitorais serão contratados no país inteiro, numa eleição para tantos cargos, com 32 partidos disputando? Para esta e outras tantas despesas, daqui para a frente os políticos estarão com ideia fixa no dinheiro da campanha. Há virtudes no projeto do senador Romero Jucá, como a de evitar — pela exigência da publicação dos resultados das convenções na internet em um prazo de 24 horas — manobras, como a de trocar o candidato na véspera da eleição. Ou as chantagens de pequenos partidos para fechar alianças com os grandes. Mas o essencial, só com uma reforma política digna do nome. Enquanto ela não vier, prisões exemplares não mudarão a cultura política. Por isso, anunciar o fim da impunidade e o começo de outra política é vender ilusão. E quando concluir isso, o eleitorado ficará ainda mais decepcionado.

O problema é outro
A alma do eleitor tem aspectos insondáveis até pelas pesquisas, mas os antecedentes não recomendam apostas num grande desgaste para a recandidatura da presidente Dilma em função destas prisões. O estouro do escândalo, em 2005, não impediu a reeleição de Lula em 2006, nem que ele assegurasse a eleição de Dilma em 2010, após uma catilinária de quatro anos sobre o mensalão. Dilma não é Lula, embora já não seja um poste. Calou-se sobre as prisões, coincidentes com seu momento de maior recuperação nas pesquisas depois das manifestações de junho. Mas seu problema tangível, hoje, não se relaciona com seu escasso DNA petista, mas com a economia, o baixo crescimento e a piora das contas públicas. Com o indiscutível sucesso do leilão dos aeroportos de Confins e Galeão, ela lavrou um tento. Investimentos tão elevados, com ágios tão grandes, só acontecem quando existe confiança em um país. Mas os empresários continuam murmurando o “volta Lula”, agora com petistas magoados com a indiferença de Dilma e até de ministros petistas, como Cardozo, da Justiça, que só na segunda-feira falou sobre as irregularidades iniciais nas prisões.

Fonte: Correio Braziliense

Pedro Simon: "Dizer que Lula não sabia é difícil"

Jumariana Oliveira

Com quatro mandatos no Senado Federal, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), além de ser um nome emblemático na política brasileira, é sempre destacado pela idoneidade na atividade pública. Apesar de integrar uma legenda da base aliada, o peemedebista tem um perfil de oposição em relação à administração do PT. Sobre o caso do mensalão, envolvendo nomes da alta cúpula do partido, ele acredita que as condenações representam um marco na política brasileira. Porém, não acredita em reflexos negativos na candidata do PT, a presidente Dilma Rousseff, em virtude das propagandas institucionais do governo.

JORNAL DO COMMERCIO - Como o senhor viu a determinação do Supremo Tribunal Federal de prender os condenados no caso do mensalão?

PEDRO SIMON - Altamente positiva. O Supremo Tribunal Federal deu uma decisão e fez a condenação. O Brasil é o País da impunidade. Só ladrão de galinha ia para a cadeia e o Supremo condenou e denunciou a existência do mensalão e fez a condenação. Eu espero que modifique o Brasil inteiro, porque a coisa mais difícil é gente rica ir para a cadeia. A cadeia sempre foi lugar de negro e de gente pobre. Mas o sistema brasileiro é ridículo. O cidadão é condenado no município, recorre para o tribunal, depois recorre de novo. Quando chega no final, o tempo já passou e o crime já prescreveu.

JC - Mas o senhor acreditava que esse seria o desfecho dos condenados no caso do mensalão?

SIMON - A maioria acreditava que não ia dar em nada. Teve tudo para não dar em nada. A pressão de gente ligada ao governo, o governo fez o possível para evitar. É a primeira vez que Supremo Tribunal Federal manda gente importante e deputado para a cadeia, que conseguiu chegar ao fim.

JC - Mas muitos casos ainda estão sem desfecho. Esse foi um pontapé inicial para a mudança na forma de se fazer justiça no Brasil?

SIMON - Creio que sim, principalmente pela Lei da Ficha Limpa, a pessoa é condenada pelo juiz, pelo tribunal e vai para a cadeia e responde preso. Ele perde o mandato. Isso vai mudar muito a política e já mudou. (Paulo) Maluf (deputado federal do PP por São Paulo) foi condenado e está inelegível.

JC - A maioria dos petistas diz que o julgamento do STF no caso do mensalão foi político. O que acha dessa versão?

SIMON - É uma piada. No Supremo Tribunal Federal, dos 11 ministros que julgaram, nove foram indicados pelos governos Lula ou Dilma Rousseff. Eles (os magistrados) tiveram uma atitude bonita, temos o início da verdade. Os que julgaram não eram inimigos (do PT), ao contrário, pode-se dizer que tinham dependência.

JC - Como o senhor vê a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesse escândalo do mensalão?

SIMON - Eu não creio que ele (o ex-presidente Lula) tenha tido participação ativa, mas dizer que ele não sabia é muito difícil (de acreditar), seria irresponsabilidade dele. Preferiram focar no José Dirceu (ex-ministro da Casa Civil no primeiro governo Lula) porque seria uma crise muito grande, que poderia gerar um impeachment do presidente. Ninguém fez muita insistência (em chegar em Lula), não tem prova de participação ativa dele. Se provou que era (culpa) do José Dirceu. Mas dizer que o presidente não sabe é muito difícil.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Direto de Brasília - João Bosco Rabelo

A candidatura capitalista
No momento em que ogovemo comemora, muito justamente, o êxito dos leilões dos aeroportos, com ágios de até o triplo do estimado - e até por isso ganha nitidez o custo pago pelo seu principal opositor, o PSDB, por renunciar gradativamente à sua principal virtude política - de ter iniciado com as privatizações e o programa de estabilização da era FHC, a modernização do país.

Processo interrompido com a eleição do PT, que se limitou a manter nos dois primeiros mandatos do ex-presidente Lula os fundamentos dessa estabilidade e a ampliar o alcance do Bolsa-Família, de concepção e implantação também anteriores. Soube capitalizar, porém, os dois feitos como patrimônio do partido, com discurso socialista que situou o PSDB ideologicamente à direita, negando-lhe o papel inseminador nesse ciclo virtuoso.

Para isso contou com a ajuda inestimável do próprio rival, que somente agora faz a revisão crítica por se deixar constranger, durante uma década, pelo rótulo conservador que lhe foi imposto e que o fez perder, no plano eleitoral, a autoria e a capitalização do ciclo virtuoso iniciado com o Plano Real, que derrotou Lula duas vezes no primeiro turno.

Os protestos de junho, que reclamaram o chamado padrão Fifa de qualidade, denunciaram a exaustão do modelo de consumo, transformado de receita tópica embase da política econômica, e flagraram o governo do PT inadimplente com as ofertas básicas devidas ao contribuinte. Uma cobrança clara por eficiência, aviso ostensivo de que não se poderia mais, dali em diante, governar com discursos.

Não se registrara, até então, oportunidade mais propícia à retomada, pela oposição, da qual o PSDB é a expressão partidária mais representativa, do discurso capitalista, do Estado indutor, mas não intervencionista, do estímulo à iniciativa privada como motor do desenvolvimento, do governo de resultados.

Foi essa a linha da campanha do candidato tucano, Mário Covas, em 89, mas somente aplicada quase uma década e um impeachment presidencial depois, por Fernando Henrique Cardoso e saudado pelo ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, como "o mais puro choque de capitalismo, feito como nenhum de seus proponentes anteriores poderia imaginar".

Mas, na medida em que o governo Dil-ma, embora a contragosto, começa a se render à evidência da privatização como propulsora do desenvolvimento, o PSDB exibe uma convicção desbotada em relação ao tema. Ainda se constrange diante dele, o que o faz perder nova oportunidade de ter o candidato capitalista que falta ao cenário eleitoral e político.

E, pior, assistindo ao adversário roubar-lhe a identidade mais uma vez.

Pressão
Apesar da posição contrária do governo, os prefeitos de São Paulo, Fernando Haddad, e do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, mantêm a pressão pela votação do projeto que muda o indexador de dívidas com a União.

Terremoto
Deputados da base dizem que, se a presidente Dilma vetar o orçamento impositivo na Lei de Diretrizes Orçamentárias, pode esperar "terremoto".

Pauta bomba
O governo não tem garantias de que se livrou da pauta-bomba, que cria despesas sem receitas, apesar do pedido da presidente Dilma à base aliada na Câmara, começar pelo aumento do piso dos agentes de saúde.

NO PORTAL
Blog. A estratégia do PT só preserva os mandatos dos seus condenados

Fonte: O Estado de S. Paulo

Política – Claudio Humberto

• Palocci retoma ‘interlocução’ com empresários
O ex-ministro Antônio Palocci, está por trás da inquietação do PT em relação à “falta de diálogo” da presidenta Dilma com empresários, e são atribuídas a ele ameaças de eventual retorno do ex-presidente Lula, em caso de risco de vitória da oposição, em 2014. Discretamente, Palocci quer reassumir o papel das campanhas de Lula e Dilma, de “interlocutor com empresários” e, claro, na arrecadação de doações.

• Ítalo-brasileiro
Considerado hoje um rico e discretíssimo empresário, Antônio Palocci também tem dupla cidadania, a exemplo do fugitivo Henrique Pizzolato.

• Ficha suja
Ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma, Antônio Palocci foi demitido em ambos os governo sob fortes suspeitas de corrupção.

• Histórico
Em março de 2006, Palocci foi demitido do Ministério da Fazenda, após o escândalo da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Santos Costa.

• Repeteco
Em 2011, então ministro da Casa Civil, Palocci foi demitido acusado de enriquecimento ilícito; seu patrimônio cresceu 20 vezes em três anos.

• Wagner tenta enterrar ação contra mulher no CNJ
O governador Jaques Wagner (PT) tenta retirar da pauta do Conselho Nacional de Justiça o processo contra sua mulher, Maria de Fátima Carneiro de Mendonça, que se tornou servidora efetiva do Tribunal de Justiça da Bahia sem fazer concurso público. Em inspeção em julho, o CNJ identificou que a primeira-dama nunca pisou no tribunal e acumula cargo de assessora de supervisão com outro de analista, no Executivo.

• Boquinha
Enfermeira de profissão, Fátima teve a petição para se tornar servidora estável aprovada pelo TJ-BA em apenas seis dias. Salário: R$ 13.619.

• Lançamento
Ex-senador e ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria, Albano Franco lançará sua biografia em Brasília, na próxima terça (26).

• Submerso
Às vésperas da prisão, o deputado mensaleiro João Paulo Cunha (SP) tem faltado as reuniões do Diretório Nacional do PT, do qual é titular.

• PF já descobriu
A Polícia Federal suspeita que um funcionário terceirizado de aeroporto facilitou a fuga do mensaleiro Henrique Pizzolato do País, e até já o identificou. Deverá ser preso a qualquer momento.

• Mudos
O ex-presidente Lula foi processado em 1998, após dizer: a Telebrás foi leiloada às pressas para “fazer caixa 2” da campanha tucana. O aeroporto do Galeão foi privatizado por R$ 19 bilhões no ano que antecede as eleições e o silêncio da oposição é ensurdecedor.

• Empurra com barriga
Não é à toa que o PT comprou briga para adiar a cassação do mandato do presidiário José Genoino. O pedido de aposentadoria do mensaleiro só será analisado em janeiro, após análise de junta médica da Câmara.

• Olho no futuro
O presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), defende que o partido comece a priorizar novos nomes para disputar a Presidência em 2018: “O PMDB não pode viver só de sua história, precisa projetar o futuro”.

• Missão impossível
Dilma e Lula jogam batata quente no colo do PCdoB. Querem que a sigla encontre uma saída para obter o apoio do PT a Flávio Dino, no Maranhão, mas preservando a relação com a família Sarney.

• Pagou um sapo
O presidente do PT, Rui Falcão, revelou a amigos que recebeu um telefonema “tão deselegante” da governadora Roseana Sarney (PMDB-MA), reclamando de suas declarações de apoiar Flávio Dino (PCdoB).

• Secretaria de quê?
Criada para gerir imóveis públicos, a Secretaria de Patrimônio da União não tem a relação das residências cedidas às Forças Armadas. A SPU tira o corpo, com certo temor de mexer nos imóveis dos milicos.

• Até que enfim
No Planalto, o clima é mais de alívio do que de revolta com a prisão de caciques do PT condenados no processo mensalão. A avaliação é que, quanto antes das eleições o julgamento terminasse, melhor.

• Pensando bem…
…não são só “presos políticos” no presídio da Papuda, no DF. Há também “preso tesoureiro”, “preso ministro”, “preso empresário” etc.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Brasília-DF - Denise Rothenburg

A magia do “mais”
Certa de que a geração de empregos estará segura em 2014, apesar da diferença entre setembro e outubro deste ano, a presidente Dilma Rousseff usará outros motes para a eleição. Entrará em todo e qualquer programa que ainda precisa de grandes avanços e a palavra “mais”, de forma a pregar a continuidade. Nesse quesito, entram “mais médicos”, “mais casas” (Minha Casa, Minha Vida), “mais educação (Pronatec, Ciência em Fronteiras)”.

Esse advérbio serve ainda para amortecer os dois adversários. Aécio Neves diz diariamente que é preciso “mais” eficiência e diálogo com a sociedade, com estados e municípios; e Eduardo Campos diz ser possível avançar “mais” com outros gestores. Essas quatro letrinhas serão batidas e rebatidas. Pode esperar, leitor.

Curingas I
Aloizio Mercadante ganhou outro concorrente ao papel de precursor da presidente Dilma Rousseff na reforma ministerial: o ministro de Comunicações, Paulo Bernardo. Mercadante cuidou desse serviço na última reforma, mas há um grupo que o considera impaciente demais para a função. O ministro da Educação é visto como alguém que, antes de terminar a conversa, olha para o relógio e solta um “então tá”.

Curingas II
No PT, Mercadante é citado em todas as rodas como aquele que falará por Dilma na definição dos palanques estaduais. Daí, sua presença no ato que celebrou o apoio do PSD à reeleição da presidente. Em relação à Casa Civil, entretanto, a presidente tem na manga, além de Carlos Gabas, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Nessa hipótese, Paulo Bernardo voltaria ao Planejamento, área que pilotou no governo Lula.

Eu sou você amanhã
Depois das prisões dos réus do mensalão, tem parlamentar doido para acabar com o foro privilegiado e levar tudo para a primeira instância. Assim, acreditam muitos, fica mais fácil protelar os processos envolvendo as excelências para além dos 7 anos, tempo que o Supremo Tribunal Federal levou para julgar a AP 470.

Contrabando
Entre as emendas à Medida Provisória 627, que trata de temas tributários, o líder do PMDB, Eduardo Cunha, colocou uma que isenta os bacharéis em direito do pagamento da taxa para prestar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Se não dá para acabar com exame, vamos, pelo menos, tirar a receita da OAB.”

Convers@ de Domingo
O coordenador de Assuntos Institucionais da Frente Parlamentar de Agricultura, Nilson Leitão
(PSDB-MT), fala da greve que o setor prepara no Congresso Nacional. A ordem é não votar nada até que se resolva o imbróglio entre índios e agricultores no país. Confira no site www.correiobraziliense.com.br

Portinhola
Com a onda de denúncias sobre os tucanos em São Paulo, há quem anteveja uma guerra de acusações de lado a lado em 2014. Assim, haveria uma pequena brecha para Eduardo Campos, do PSB, sair do compartimento espremido entre PT e PSDB a que foi confinado nos últimos dias.

CURTIDAS

Não gostaram/ Muitos diplomatas brasileiros ficaram meio constrangidos com o telefonema que a presidente Dilma Rousseff fez a Michelle Bachelet para lhe parabenizar pela vitória antes do resultado final da eleição, que será decidida em segundo turno entre Bachelet, a favorita, e a ex-ministra Evelyn Matthei. Embora a assessoria da presidente tenha dito que a ligação foi pessoal, os itamaratecas consideram que não dá para separar a presidente da República da amiga numa hora dessas.

Mão Santa quer voltar/ Os senadores suspiraram aliviados ao saber que o ex-senador Mão Santa será candidato a deputado federal. Mão Santa não deixava de discursar um só dia na Casa. Se for eleito, concorrerá com o deputado Mauro Benevides em número de pronunciamentos em plenário. O irmão de Mão Santa, Francisco José Morais, será candidato a governador.

Perguntinhas I/ Os senadores Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos conversavam na sala de café da Câmara, quando, de repente, Simon perguntou ao pernambucano: “Tu, que conheces o Serra, por que ele não se engaja logo na campanha do Aécio?” “Ele vai acabar se engajando.”

Perguntinhas II/ Aí, alguém quis saber de Simon em quem ele apoiaria em 2014: “Eu estou esperando o Jarbas!”. E Jarbas retrucou

“Eu apoiarei Eduardo Campos”. Eis que Simon se saiu com esta: “Essa Câmara (referia-se ao plenário da Casa) é confusa, né? Vamos ficar aqui até tarde para votar o cancelamento simbólico da cassação do Jango…”

Fonte: Correio Braziliense