Um sinal de advertência ao comando do PMDB (para maior enquadramento com o Palácio do Planalto e com a campanha de Dilma Rousseff em estados como Minas, Pará, Bahia (e outros), ou antecipação de um veto a Michel Temer (que, segundo o Painel da Folha de S. Paulo, de ontem, não será aceito como candidato a vice de Dilma Rousseff; ao que a coluna
de Merval Pereira, no Globo acrescentou: “Há quem aposte que a idéia de Lula é colocar na lista tríplice o nome de Henrique Meirelles”). Qualquer que seja a leitura da inesperada declaração do presidente, em São Luís no fim da semana passada, na qual cobrou do partido aliado uma lista tríplice de pré-candidatos a vice, o gesto na verdade revelou, ou traiu, o sentimento de Lula de que, com o bom cenário econômico à vista e com sua alta
popularidade, uma vitória de Dilma dependerá bem menos do PMDB (do que a direção da legenda imagina). E de que o papel dos peemedebistas num governo da candidata oficial deverá também ser bem menor do que aquele que a cúpula partidária espera ganhar com a aliança eleitoral. Isso de par com os cálculos de sequência tranqüila da vinculação da legenda à máquina governamental e sobre a menor importância de problemas no Legislativo (após a aprovação das MPs do pré-sal e do novo orçamento), ao longo de 2010.
Mas as reações à cobrança da referida listra tríplice estão sendo bem maiores do que o presidente supunha. A defesa da autonomia, com veemente crítica a interferência externa na indicação de candidato a vice, une as diversas correntes do partido; se um dos propósitos dessa cobrança era gerar um choque entre os presidentes do Senado e da Câmara a manobra fracassou com o forte endosso de José Sarney ao nome de Michel Temer como indicação única; e à hipótese da confirmação de um veto a ele parlamentares ligados às duas principais correntes do partido contrapuseram a alternativa de apoio ao candidato do tucano, seja ele José Serra ou Aécio Neves (e nas palavras do próprio líder, Henrique Eduardo Alves, “a aliança (com o PT) não está certa, depende de ser aprovada na convenção”).
A rigor, com o ensaio feito ou o passo dado para controle direto de uma decisão como essa do PMDB, o presidente Lula subestima por inteiro, ou ignora, o explícito pragmatismo do partido na relação com o governo. Pragmatismo que condiciona o apoio a Dilma Rousseff a funções decisivas na montagem da campanha e numa administração dela, e não às de um coadju- vante do PT. Sem a garantia do quê a legenda – até em face de sua direção não ter condições de vincular a essa candidatura a diversidade dos interesses e projetos regionais que representa – poderá e até preferirá ficar sem nenhuma definida na convenção de junho de 2010. Risco do qual Lula logo se dará conta, deixando o salto alto de lado, e que certamente não quer correr. O que deverá levá-lo a esquecer rapidamente o veto a Temer e a proposta da lista tríplice.
Outro dado significativo dos movimentos político-eleitorais deste final de ano é a forte pressão exercida por dirigentes do PSDB sobre Aécio Neves para que ele não confirme a decisão que tem reiteradamente anunciado de que no início de janeiro abandonará o projeto presidencial (trocando-o pelo de postulante ao Senado por Minas), se até lá o comando do partido não deli-berar a respeito, o que representará também a formalização de sua recusa a compor como vice a chapa de José Serra. Com fortes implicações negativas para a competitividade da oposição na disputa do Planalto. E com a transferência praticamente exclusiva ao governador paulista da responsabilidade de tentar assegurá-la, bem como com o sacrifício do seu plano B de disputa da reeleição em São Paulo, alternativa que esperava deixar
aberta até março.
Jarbas de Holanda é jornalista
de Merval Pereira, no Globo acrescentou: “Há quem aposte que a idéia de Lula é colocar na lista tríplice o nome de Henrique Meirelles”). Qualquer que seja a leitura da inesperada declaração do presidente, em São Luís no fim da semana passada, na qual cobrou do partido aliado uma lista tríplice de pré-candidatos a vice, o gesto na verdade revelou, ou traiu, o sentimento de Lula de que, com o bom cenário econômico à vista e com sua alta
popularidade, uma vitória de Dilma dependerá bem menos do PMDB (do que a direção da legenda imagina). E de que o papel dos peemedebistas num governo da candidata oficial deverá também ser bem menor do que aquele que a cúpula partidária espera ganhar com a aliança eleitoral. Isso de par com os cálculos de sequência tranqüila da vinculação da legenda à máquina governamental e sobre a menor importância de problemas no Legislativo (após a aprovação das MPs do pré-sal e do novo orçamento), ao longo de 2010.
Mas as reações à cobrança da referida listra tríplice estão sendo bem maiores do que o presidente supunha. A defesa da autonomia, com veemente crítica a interferência externa na indicação de candidato a vice, une as diversas correntes do partido; se um dos propósitos dessa cobrança era gerar um choque entre os presidentes do Senado e da Câmara a manobra fracassou com o forte endosso de José Sarney ao nome de Michel Temer como indicação única; e à hipótese da confirmação de um veto a ele parlamentares ligados às duas principais correntes do partido contrapuseram a alternativa de apoio ao candidato do tucano, seja ele José Serra ou Aécio Neves (e nas palavras do próprio líder, Henrique Eduardo Alves, “a aliança (com o PT) não está certa, depende de ser aprovada na convenção”).
A rigor, com o ensaio feito ou o passo dado para controle direto de uma decisão como essa do PMDB, o presidente Lula subestima por inteiro, ou ignora, o explícito pragmatismo do partido na relação com o governo. Pragmatismo que condiciona o apoio a Dilma Rousseff a funções decisivas na montagem da campanha e numa administração dela, e não às de um coadju- vante do PT. Sem a garantia do quê a legenda – até em face de sua direção não ter condições de vincular a essa candidatura a diversidade dos interesses e projetos regionais que representa – poderá e até preferirá ficar sem nenhuma definida na convenção de junho de 2010. Risco do qual Lula logo se dará conta, deixando o salto alto de lado, e que certamente não quer correr. O que deverá levá-lo a esquecer rapidamente o veto a Temer e a proposta da lista tríplice.
Outro dado significativo dos movimentos político-eleitorais deste final de ano é a forte pressão exercida por dirigentes do PSDB sobre Aécio Neves para que ele não confirme a decisão que tem reiteradamente anunciado de que no início de janeiro abandonará o projeto presidencial (trocando-o pelo de postulante ao Senado por Minas), se até lá o comando do partido não deli-berar a respeito, o que representará também a formalização de sua recusa a compor como vice a chapa de José Serra. Com fortes implicações negativas para a competitividade da oposição na disputa do Planalto. E com a transferência praticamente exclusiva ao governador paulista da responsabilidade de tentar assegurá-la, bem como com o sacrifício do seu plano B de disputa da reeleição em São Paulo, alternativa que esperava deixar
aberta até março.
Jarbas de Holanda é jornalista
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