DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Definido o ministério, PT, PMDB, PDT e PC do B disputam cargos no segundo escalão do governo Dilma Rousseff. Os principais alvos são fundações e estatais.
PT avança sobre feudos do PMDB e acirra disputa pelo segundo escalão
Insatisfeitos com sua cota ministerial, peemedebistas não aceitam perder setores importantes como Funasa e a presidência da Eletrobrás
Christiane Samarco e Denise Madueño
BRASÍLIA - A três dias da posse da presidente eleita Dilma Rousseff, o PMDB é minado pelo PT e pode perder o comando de fundações e estatais que há vários governos compõem sua cota de poder. Na iminência de ter de entregar ao novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o posto mais estratégico da pasta – a Secretaria de Atenção à Saúde –, o partido acusa o PT de querer "aparelhar" o ministério subtraído dos peemedebistas na montagem do primeiro escalão.
A expectativa da cúpula do PMDB era precisamente o oposto. Quando desistiu de negociar o ministério para estancar o desgaste político e de imagem, o comando do PMDB contava compensar o quinhão perdido na partilha dos postos do segundo escalão. Mas a disputa pela Esplanada infiltrou-se nas instâncias menores. Na Saúde, os peemedebistas também esperavam manter a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), também cobiçada por petistas.
O PMDB chegou a desdenhar do posto de ministro da Saúde, julgando que manteria Alberto Beltrame na Secretaria de Atenção à Saúde – o setor que define regras e valores das tabelas dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Estados e municípios.
Beltrame, indicado pelo PMDB gaúcho, caiu nas graças de toda a cúpula partidária porque "atende bem ao partido", mas o ministro Padilha quer substituí-lo por Helvécio Magalhães, do PT de Minas, apadrinhado do novo ministro de Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
O PMDB protesta, alegando ter sido avisado de que as definições do segundo escalão só ocorreriam entre janeiro e fevereiro. Assim, estaria "disciplinado, aguardando". Diante da movimentação do PT, a insatisfação evoluiu. "Querem tirar nosso oxigênio na política", afirma um peemedebista, para quem "oxigênio" é sinônimo de verbas orçamentárias e cargos.
‘Atropelados’. O partido do vice-presidente Michel Temer não é o único da base governista que se julga atropelado pelo PT. O PC do B dava como certa a indicação do atual ministro do Esporte, Orlando Silva, como autoridade pública olímpica, deixando sua vaga para a deputada Luciana Santos (PC do B-PE). Para surpresa geral, Orlando ficou no posto e Luciana não foi chamada. Os comunistas culpam o PT.
Não bastasse a briga entre os aliados, o PMDB tem disputas internas a administrar, algumas estimulada pela própria presidente, empenhada em promover trocas de comando. É o caso da presidência da Eletrobrás, tida como um "feudo" do presidente do Senado, José Sarney (MA).
Para o lugar do atual presidente, José Antonio Muniz, está sendo cotado o ex-diretor de Distribuição da estatal, Flávio Decat. É a segunda vez que Decat e Muniz disputam a presidência da Eletrobrás. Em 2008, foi o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão quem bancou a permanência de Muniz à frente da estatal.
Fontes do setor elétrico atribuem ao PMDB do Rio a pressão para levar Flavio Decat ao comando da Eletrobrás. A julgar pela reação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no entanto, a indicação de Decat não passou pela regional fluminense do partido. "Não que eu saiba. Eu não sei quem é Decat, nem o conheço", diz Cunha.
Definido o ministério, PT, PMDB, PDT e PC do B disputam cargos no segundo escalão do governo Dilma Rousseff. Os principais alvos são fundações e estatais.
PT avança sobre feudos do PMDB e acirra disputa pelo segundo escalão
Insatisfeitos com sua cota ministerial, peemedebistas não aceitam perder setores importantes como Funasa e a presidência da Eletrobrás
Christiane Samarco e Denise Madueño
BRASÍLIA - A três dias da posse da presidente eleita Dilma Rousseff, o PMDB é minado pelo PT e pode perder o comando de fundações e estatais que há vários governos compõem sua cota de poder. Na iminência de ter de entregar ao novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o posto mais estratégico da pasta – a Secretaria de Atenção à Saúde –, o partido acusa o PT de querer "aparelhar" o ministério subtraído dos peemedebistas na montagem do primeiro escalão.
A expectativa da cúpula do PMDB era precisamente o oposto. Quando desistiu de negociar o ministério para estancar o desgaste político e de imagem, o comando do PMDB contava compensar o quinhão perdido na partilha dos postos do segundo escalão. Mas a disputa pela Esplanada infiltrou-se nas instâncias menores. Na Saúde, os peemedebistas também esperavam manter a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), também cobiçada por petistas.
O PMDB chegou a desdenhar do posto de ministro da Saúde, julgando que manteria Alberto Beltrame na Secretaria de Atenção à Saúde – o setor que define regras e valores das tabelas dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Estados e municípios.
Beltrame, indicado pelo PMDB gaúcho, caiu nas graças de toda a cúpula partidária porque "atende bem ao partido", mas o ministro Padilha quer substituí-lo por Helvécio Magalhães, do PT de Minas, apadrinhado do novo ministro de Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
O PMDB protesta, alegando ter sido avisado de que as definições do segundo escalão só ocorreriam entre janeiro e fevereiro. Assim, estaria "disciplinado, aguardando". Diante da movimentação do PT, a insatisfação evoluiu. "Querem tirar nosso oxigênio na política", afirma um peemedebista, para quem "oxigênio" é sinônimo de verbas orçamentárias e cargos.
‘Atropelados’. O partido do vice-presidente Michel Temer não é o único da base governista que se julga atropelado pelo PT. O PC do B dava como certa a indicação do atual ministro do Esporte, Orlando Silva, como autoridade pública olímpica, deixando sua vaga para a deputada Luciana Santos (PC do B-PE). Para surpresa geral, Orlando ficou no posto e Luciana não foi chamada. Os comunistas culpam o PT.
Não bastasse a briga entre os aliados, o PMDB tem disputas internas a administrar, algumas estimulada pela própria presidente, empenhada em promover trocas de comando. É o caso da presidência da Eletrobrás, tida como um "feudo" do presidente do Senado, José Sarney (MA).
Para o lugar do atual presidente, José Antonio Muniz, está sendo cotado o ex-diretor de Distribuição da estatal, Flávio Decat. É a segunda vez que Decat e Muniz disputam a presidência da Eletrobrás. Em 2008, foi o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão quem bancou a permanência de Muniz à frente da estatal.
Fontes do setor elétrico atribuem ao PMDB do Rio a pressão para levar Flavio Decat ao comando da Eletrobrás. A julgar pela reação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no entanto, a indicação de Decat não passou pela regional fluminense do partido. "Não que eu saiba. Eu não sei quem é Decat, nem o conheço", diz Cunha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário