Recém-filiado ao PT, Juca Ferreira, ministro da Cultura filiado na gestão Lula, definiu a administração de Ana de Hollanda na pasta como um "desastre", relatam Matheus Magenta e Anna Virginia Balloussier. Para ele, é possível constatar "ruptura" nas políticas culturais. "Há uma perda do que foi investido", afirma. A ministra não comentou.
Gestão de Ana de Hollanda é desastre, afirma ex-ministro
Juca Ferreira rompe silêncio e critica ruptura de políticas culturais iniciadas no governo Lula
Baiano diz que, se chamado, assinaria manifesto da classe cultural que critica o atual ministério
Matheus Magenta, Anna Virginia Balloussier
SÃO PAULO - "Acho que é um desastre." Foi assim que o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira (2008-2010) definiu, em entrevista à Folha, a gestão da sucessora Ana de Hollanda.
Ferreira se manifesta no momento em que circulam na internet dois manifestos com críticas à pasta sob Ana de Hollanda, assinados pela atriz Fernanda Montenegro e pela filósofa Marilena Chauí, entre outros. "Se me chamassem, eu assinaria."
Procurada anteontem à noite, a assessoria da ministra disse que não poderia responder às críticas a tempo.
O ex-ministro diz ter "elegância acima da média e silêncio obsequioso com todas as diferenças programáticas" entre a sua gestão e a atual.
Isso não impediu que, ao longo de uma hora de conversa, Ferreira afirmasse haver críticas "em quantidade e qualidade" suficientes para constatar "retrocesso" e "ruptura" na passagem de bastão.
Ferreira foi, entre 2003 e 2008, secretário do então ministro Gilberto Gil. Com a saída do músico, assumiu o Ministério da Cultura (MinC).
Em oito anos, se viu às voltas com polêmicas na Lei Rouanet e na Ancinav, agência do audiovisual considerada autoritária.
Desapegar do cargo não foi fácil. Queria ter ficado na pasta? "Não dá para negar isso."
Até comprar briga com o PV ele comprou. Em 2010, após 23 anos de militância, se desligou da sigla -que requeria mais espaço no MinC.
No dia 2 de fevereiro, na festa para Iemanjá, filiou-se ao PT da Bahia. Na ocasião, circulava a brincadeira da "melancia": verde por fora, vermelha por dentro.
Hoje, mora na Espanha com a família, onde trabalha na Secretaria Geral Ibero-Americana, órgão da Cúpula Ibero-Americana de chefes de Estado e de governo, que reúne 22 países, Brasil incluso.
Juca veio a São Paulo para um ciclo de debates na Livraria Cultura, que começou ontem e vai até sexta-feira.
O que mudou da sua gestão para a de Ana de Hollanda?
Juca Ferreira - Não sou a melhor pessoa para avaliar. Estou longe. O Atlântico é mais do que uma poça d"água. Mas sei que se perdeu muita coisa. Vejo um nível [alto] de reclamação dos Pontos de Cultura. Parece que está bambo das pernas. Não por divergência, me parece que por dificuldade de implementar.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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