Depois de ser surpreendido com a rebelião que impediu a votação da Lei Geral da Copa, na Câmara, o governo sentiu o cheiro de derrota também na apreciação do Código Florestal e se empenha em contornar a crise com os aliados. No Senado, para acalmar o PR e evitar a instalação de CPI, o Planalto estuda entregar algum ministério importante para Blairo Maggi (PR-MT)
Derrotas anunciadas
Rebelião na base governista impede a votação da Lei Geral da Copa. Planalto pede 10 dias de trégua com intuito de evitar novo revés no Código Florestal
Júnia Gama, Karla Correia
A falta de habilidade do Planalto em contornar a crise com os aliados no Congresso gerou mais um infortúnio de peso: o governo já admite nova derrota na votação do Código Florestal. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, está tentando convencer parlamentares de partidos da base a aguardar 10 dias para que o governo desenhe mudanças no texto. A intenção é apresentar uma proposta que não signifique o sepultamento do projeto acordado pelo governo e aprovado pelos senadores. Ontem, os mais importantes partidos aliados se uniram para obstruir a votação da Lei Geral da Copa, em rebelião comandada por PMDB, PSD, PSC, PR e PDT.
As legendas mandaram uma mensagem clara de que, com a insatisfação generalizada no tratamento que vêm recebendo do Planalto, e sem o compromisso do governo com a votação do Código Florestal, o cenário será de derrotas para a presidente Dilma Rousseff. "O governo tem que saber que brigas comprar. Não dá para sair vitorioso em tudo. O melhor agora é trabalhar com a possibilidade de derrota na questão do Código", diz uma liderança governista.
De carona nos movimentos de rebelião que têm pipocado entre os partidos da base aliada, a bancada do PTB anunciou sua saída do bloco que formava com o PCdoB e o PSB na Câmara. A legenda se uniu ao PSC na formação de um grupo informal, ainda abrigado no guarda-chuva governista, mas com posição mais independente nas votações. "Vamos apoiar o governo como sempre apoiamos, salvo em condições especiais, em que o pensamento dos dois partidos não esteja alinhado com a base aliada", disse o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO).
Ministério no alvo
A primeira amostra da nova postura foi dada na votação da Lei Geral da Copa. Os dois partidos se somaram à oposição na exigência de um compromisso de votação do Código Florestal como requisito para qualquer acordo pela votação do conjunto de regras para a promoção da Copa do Mundo de 2014. A insatisfação das duas legendas por terem sido preteridas na escolha do titular do Ministério do Trabalho é o pano de fundo para a formação do bloco.
De acordo com petebistas, Ideli marcou reunião para apontar o escolhido para o ministério. Dois deputados chegaram ao Planalto com antecedência, mas nunca foram recebidos. "Na data marcada, a ministra cancelou a reunião com minutos de antecedência. E nunca mais tocou no assunto. Ficamos sabendo pelos jornais que o governo voltou a negociar com o PDT", diz um magoado deputado do PTB. O grupo agora negocia com o PR a formação de um grande bloco de "independência". "Seriam 83 deputados e 15 senadores. Imagine a força que teremos", avalia uma liderança republicana.
"Vamos apoiar o governo como sempre apoiamos, salvo em condições especiais, em que o pensamento dos dois partidos não esteja alinhado com a base aliada", disse Jovair Arantes (GO), líder do PTB na Câmara.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
Nenhum comentário:
Postar um comentário