Adversários do tucano começam a usar promessa descumprida de 2004; questão preocupa PSDB
Julia Duailibi
SÃO PAULO - Partidos adversários do PSDB em São Paulo já se preparam para usar um "arsenal" contra o ex-governador José Serra na eleição pela Prefeitura paulistana. O objetivo é aproveitar a declaração recente do pré-candidato sobre seu compromisso de ficar na Prefeitura, caso eleito, e explorar o que chamam de contradições do tucano sobre o assunto.
Em café da manhã nesta quarta-feira, 21, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), no Palácio do Jaburu, representante do PRB, que lançará como candidato a prefeito Celso Russomanno, e do PC do B, que tem como pré-candidato o vereador Netinho de Paula, falaram sobre o uso de imagens e reportagens que mostrariam que Serra não cumpriu promessa de ficar na Prefeitura por quatro anos, feita na eleição de 2004.
Na segunda-feira, ao ser questionado sobre a sua assinatura num documento elaborado pela Folha de S. Paulo, durante a campanha daquele ano, o tucano disse que se tratava de um "papelzinho" e que não havia ido ao "cartório" para assiná-lo. No papel assinado por Serra, havia o compromisso de que ele não renunciaria ao cargo de prefeito. Eleito em 2004, o tucano governou a cidade por um ano e três meses, quando renunciou para disputar o governo do Estado.
O presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, citou como exemplo do "arsenal" a ser usado o debate mediado por Boris Casoy, na Rede Record, em 2004, no qual Serra se comprometia a cumprir o mandato.
Na ocasião, o tucano disse: "Eu assumo esse compromisso como já assumi, embora os candidatos adversários gostem de dizer que eu vou sair para me candidatar a presidente da República ou a governador e etc. Não. Meu propósito, meu compromisso e minha determinação é governar São Paulo por quatro anos".
A imagem é motivo de preocupação no PSDB. No partido, teme-se o impacto da fala de Serra se comprometendo a cumprir o mandato, se usado no horário eleitoral gratuito na TV. Para os tucanos, a declaração sobre o "papelzinho", aliada às imagens do debate e ao episódio da "bolinha de papel", quando uma bobina de adesivo acertou sua cabeça na campanha de 2010, trarão para o centro do debate a discussão sobre a palavra do candidato.
Na reunião, Temer, Pereira, o presidente do PC do B, Renato Rabelo, e o ex-ministro Orlando Silva falaram da manutenção de suas pré-candidaturas até maio. O PT teme que Netinho tire votos do pré-candidato Fernando Haddad, mas vê com bons olhos a candidatura do PMDB, com Gabriel Chalita, e de Russomanno. Ambos terão o PSDB como alvo.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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