Depois de ex-ministro Roberto Brant deixar sigla, senadora Kátia Abreu critica "medida de força" e pede reunião da Executiva nacional
Christiane Samarco
BRASÍLIA - A ação para se aliar ao ex-ministro Patrus Ananias (PT) em vez de apoiar a reeleição de Marcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte começa a custar caro ao presidente nacional do PSD e prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Depois de anunciar intervenção no diretório municipal da capital mineira, o partido perdeu seu vice-presidente Robert Brant (MG) e agora vê outra vice-presidente, a senadora Kátia Abreu (TO), questionar a "medida de força" tomada pelo líder da recém-criada sigla.
A exemplo do ex-ministro mineiro, Kátia Abreu ajudou Kassab a estruturar o PSD. Agora, a senadora tornou-se porta-voz da primeira dissidência contra o comando partidário.
Enquanto ela enviava ao prefeito uma carta de protesto para manifestar "indignação e repúdio à intervenção arbitrária e clandestina", parlamentares do PSD já se movimentavam ontem para forçar uma reunião da executiva nacional. Os dissidentes querem exigir de Kassab o "compromisso moral" de que a intervenção "à la Belo Horizonte" não se repetirá.
Resposta. Kassab explicou que agiu para dar uma resposta rápida do partido, em situação de emergência. Argumentou que a nacionalização da campanha em Minas acabou antecipando o embate entre a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves (MG), virtual pré-candidato tucano à Presidência. E disse que, diante do rompimento repentino da aliança entre o PT e o PSB, teve apenas dez horas para reposicionar o partido.
A falta de tempo para seguir o rito da política, reunindo dirigentes municipais e estaduais, foi a justificativa para a intervenção. Kassab entendeu que manter a aliança significaria jogar o PSD prematuramente nos braços de Aécio. Brant saiu da sigla dizendo que sequer foi ouvido, o que fez Kátia Abreu afirmar ao prefeito que ele abandonou "qualquer resquício de lealdade e respeito devido aos dirigentes". Kassab alega ter apoio de 4 dos 6 deputados do PSD em Minas.
Após divulgar sua carta ontem à tarde, a senadora recebeu oito ligações de solidariedade de deputados federais. Aos que lhe cobraram conhecimento prévio sobre o texto, disse não ter avisado ninguém porque "não queria promover um motim, e sim fazer uma declaração de princípio".
De qualquer forma, até parlamentares próximos de Kassab entendem que ele não terá como escapar à reunião da executiva. Os autodenominados bombeiros da crise não trabalham contra a ideia de levar a questão à direção partidária. Tentam apenas ganhar tempo para acalmar ânimos, evitando um levante.
O que mais preocupa é a reação da senadora, que diz não se conformar com "a truculência típica de um feitor". Ela argumenta que uma medida dessa natureza não se decide "trancado em quarto de hotel". "Se fosse em cima de mim no Tocantins, me obrigando a coligar com o PT, seria a desmoralização total."
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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