Nessa velocidade, o julgamento do mensalão vai atravessar agosto e trafegar em setembro lado a lado com a CPI do Cachoeira e a campanha municipal, que entra num novo ritmo hoje, com o início da propaganda na TV.
Os três tendem a se chocar em outubro, com a reta final do julgamento, a eleição no dia 7 e o relatório da CPI entre o primeiro e o segundo turnos. Não será necessariamente um desastre. Dos escombros, pode surgir um país melhor.
No STF, o relator Joaquim Barbosa já condenou o petista João Paulo Cunha, o ex-diretor do BB Henrique Pizzolato e o publicitário Marcos Valério. Mostrou a que veio.
Na CPI, o relator Odair Cunha (PT) vai apresentar o seu voto entre o primeiro e o segundo turno das eleições, que tende a ser entre o tucano José Serra e o petista Fernando Haddad, em São Paulo. E, se o mensalão expõe os podres do PT, da campanha e do governo Lula, o troco pode vir da CPI, mostrando que os do PSDB não são diferentes.
O principal alvo político da CPI e, portanto, do relatório de Cunha, é o governador tucano Marconi Perillo (GO). O petista Agnelo Queiroz (DF)? Nem se fala mais nisso. A Delta nacional? Fica para uma outra CPI, se houver.
No mínimo, requentar e jogar na roda eleitoral tudo o que se atribui a Perillo na CPI servirá para calar os candidatos do PSDB que ousem recorrer ao mensalão na campanha, fingindo que o mensalão tucano de Minas não existiu. Se não calar, pode maneirar o tom da oposição.
Com o julgamento do mensalão fragilizando o PT, e a CPI constrangendo o PSDB, a interrogação é como e se os dois, digamos, "acidentes de percurso" serão usados contra os adversários nos palanques e na TV. Os tucanos vão usar o julgamento contra os petistas? E os petistas vão usar a CPI contra os tucanos?
É improvável, mas não faltam sujos falando de mal-lavados.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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