Por graça do acaso,
os dois maiores sucessos populares do ano, a novela "Avenida Brasil"
e o julgamento do mensalão, vão terminar juntos, ou quase. Condenados e
absolvidos pelo Supremo vão se misturar com personagens amados e odiados pelo
público, vilões e heróis da ficção e da realidade terão seus destinos cruzados
na história viva do país.
Nina e Carminha foram
capazes das piores vilanias, mas também poderão ser vistas como heroínas. Não
por suas obsessões doentias pela vingança e o poder, mas como sobreviventes dos
lixões da vida, que, movidas pela paixão, são levadas a comportamentos heroicos
na luta por seus objetivos conflitantes.
Roberto Jefferson e
José Dirceu também foram capazes das piores vilanias, mas por suas causas
partidárias e objetivos políticos. Movidos por seus instintos mais primitivos,
tentam se mostrar heroicos no mensalão, um como mártir da verdade e o outro de
uma conspiração das elites. Dirceu diz que o PT pode ter todos os defeitos,
menos a covardia. A omertá de Delúbio fez dele um herói, mas Dirceu se imolará
por Lula?
Mas o grande herói da
novela do mensalão é o ministro Joaquim Barbosa, que passou como um tufão sobre
a impunidade de políticos, empresários e banqueiros. Sua já famosa foto de
costas, com sua capa negra de Batman justiceiro, virou um ícone que se espalha
como um vírus de esperança pela internet, anunciando que a coisa está preta, no
bom sentido, para os malfeitores. As redes sociais gritam "Barbosa
guerreiro, do povo brasileiro".
A competência, a
independência e a integridade do ministro Joaquim e das ministras Cármen Lúcia
e Rosa Weber têm feito mais pelo orgulho e progresso de negros e mulheres do
Brasil do que todos os discursos e campanhas feministas e racialistas recentes.
A grande diferença é
que a novela acaba e o mensalão continua, ultrapassando a ficção. Quem diria
que mais vilões seriam condenados e presos no mensalão do que na novela? Cenas
dos próximos capítulos: seguindo a jurisprudência do Supremo, os elencos dos
mensalões de Minas e de Brasília serão condenados pelos juízes, a opinião
pública e a história. Oi, oi, oi.
FONTE: O GLOBO
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