Lula pediu união a
Rui Falcão e Eduardo Campos para rebater "calúnias e mentiras"
divulgadas contra ele
Vera Rosa
A ideia de preparar
uma nota de desagravo a Luiz Inácio Lula da Silva, assinada por partidos
aliados do governo Dilma Rousseff, partiu do próprio ex-presidente. Lula fez a
sugestão ao participar de ato da campanha de Fernando Haddad (PT) no domingo,
no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo.
Em conversa com o
presidente do PT, Rui Falcão, e com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos
- que comanda o PSB -, Lula pediu aos aliados que se unissem para repudiar
"calúnias e mentiras" contra ele. Seu argumento era que a estratégia
vem sendo usada para prejudicar não só o PT, mas todos os partidos governistas nas
eleições. Declarações atribuídas ao empresário Marcos Valério pela revista
Veja, naquele fim de semana, jogavam Lula no centro da crise, apontando-o como
"chefe do mensalão".
Campos imediatamente
aceitou a proposta da nota, depois redigida por integrantes do PSB. O
governador de Pernambuco viu ali uma oportunidade de se reaproximar de Lula.
"Precisamos defender o projeto, que é de todos nós", disse ele.
Ex-ministro de Lula
no primeiro mandato, Campos foi ao Centro de Tradições Nordestinas a convite da
campanha de Haddad. Sentou-se à mesa com o ex-presidente, almoçou e gravou
mensagem de apoio ao candidato do PT para ser usada no programa eleitoral na
TV. O convite também teve o objetivo de desanuviar o relacionamento entre o PT
e o PSB, deteriorado após o rompimento da aliança no Recife.
Planalto. Falcão
esteve na quarta-feira em Brasília e mostrou a nota de desagravo a Lula à
presidente Dilma Rousseff, que a aprovou. Até mesmo o PRB de Celso Russomanno -
adversário de Haddad na campanha paulistana - carimba o documento.
Com expressões
fortes, o texto aponta "práticas golpistas" e também é subscrito pelo
PMDB, PC do B e PDT. Não foi avalizado pelo PR nem pelo PP do deputado Paulo
Maluf, aliado de Haddad, e, por motivos óbvios, não chegou a ser enviado ao
PTB. Na quarta-feira, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do
mensalão no Supremo Tribunal Federal, condenou Roberto Jefferson, delator do
esquema e presidente do PTB, pelo crime de corrupção passiva e o deputado
Valdemar Costa Neto (PR), ex-presidente do PL, por corrupção passiva, lavagem
de dinheiro e formação de quadrilha.
O teor da nota
assinada por partidos da coligação de Dilma também passou pelo crivo da
Executiva Nacional do PT, que se reuniu na segunda-feira. Naquele dia, Falcão
interrompeu a reunião para se encontrar com Lula. Logo depois, a cúpula do PT
decidiu convocar os militantes para uma "batalha do tamanho do
Brasil" em defesa do partido, de Lula e do seu legado. Era o primeiro
ensaio para a manifestação de ontem.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário