sexta-feira, 21 de setembro de 2012

PT e aliados afirmam que explorar mensalão é golpe


O PT e os principais partidos aliados divulgaram ontem manifesto em que acusam a oposição de golpismo por utilizar o julgamento do mensalão no STF durante a campanha eleitoral. O documento, apresentado como defesa da "honra e dignidade" de Lula, compara o atual ambiente político ao que antecedeu o golpe militar (1964) e o suicídio de Getúlio Vargas (1954)

MENSALÃO - O JULGAMENTO

PT e aliados acusam oposição de golpe por uso do mensalão

Manifesto assinado por governistas foi discutido com Dirceu e teve aval de Dilma

Documento fala em defender honra de Lula e compara ambiente político à véspera do suicídio de Vargas e a 64

Catia Seabra, Natuza Nery


SÃO PAULO, BRASÍLIA - Com a bênção da presidente Dilma Rousseff, os principais partidos da base governista divulgaram ontem um manifesto em que acusam a oposição de golpismo ao usar politicamente o julgamento do mensalão.

O documento, que se apresenta como uma defesa da "honra e dignidade" do ex-presidente Lula, compara o atual ambiente político ao que antecedeu o golpe militar (1964) e o suicídio de Getúlio Vargas (1954).

Principal réu do mensalão, o ex-ministro José Dirceu participou da decisão de escrever o manifesto, discutido na terça com Lula e o presidente nacional do PT, Rui Falcão.

O teor foi apresentado a Dilma na quarta, após ser redigido em conjunto com o PC do B e o PSB do governador Eduardo Campos (PE), que também assina o documento. Campos é citado como um dos cotados para disputar a Presidência em 2014.

Assinada também pelos presidentes do PMDB, Valdir Raupp, PDT, Carlos Lupi, e PRB, Marcos Pereira -coordenador da campanha de Celso Russomanno em São Paulo-, a nota acusa PSDB, DEM e PPS de pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal).

O objetivo seria transformar o mensalão num "julgamento político, golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula".

Sob o título "À sociedade brasileira", a carta é uma resposta à nota divulgada pela oposição após publicação de declarações atribuídas ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza na revista "Veja". Segundo a reportagem, Valério diz que Lula chefiou o esquema.

"As forças conservadoras revelam-se dispostas a qualquer aventura. Não hesitam em recorrer a práticas golpistas, à calúnia", diz a carta, que chama a reportagem de "fantasiosa" e de "amontoado de invencionices".

Reta final

O manifesto coincide com a definição de rito no Supremo que deve levar Dirceu a ser julgado às véspera do primeiro turno da eleição, no dia 7.

Entre os motivos para sua divulgação está a tentativa de aplacar a irritação de Lula.

Segundo interlocutores, o ex-presidente repete que há uma tentativa de desmonte de sua imagem e que não permitirá que seu governo fique na memória como o palco de maior escândalo de corrupção da história.

"É um gesto mais pessoal do que político. Lula está muito chateado. Isso abateu o velho", disse Carlos Lupi.

Presidente do PC do B, Renato Rabelo diz que o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, foi responsável por incluir os ataques mais contundentes. Falcão mostrou a carta para Dilma um dia depois de ter se reunido com Dirceu no instituto Lula.

A reunião fora originalmente convocada para discutir uma estratégia para mitigar o impacto eleitoral do julgamento do mensalão.

Lula concordou com a elaboração da nota. Falcão não confirma a conversa com Lula nem com Dilma.

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) também está organizando manifestação em apoio a Lula. Ontem, durante ato na Paulista, os sindicalistas entoaram o coro de "Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo."

A oposição disse que o manifesto governista demonstra "desespero" com a perspectiva de derrota nas eleições.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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