O
PT e os principais partidos aliados divulgaram ontem manifesto em que acusam a
oposição de golpismo por utilizar o julgamento do mensalão no STF durante a
campanha eleitoral. O documento, apresentado como defesa da "honra e
dignidade" de Lula, compara o atual ambiente político ao que antecedeu o
golpe militar (1964) e o suicídio de Getúlio Vargas (1954)
MENSALÃO - O
JULGAMENTO
PT
e aliados acusam oposição de golpe por uso do mensalão
Manifesto assinado
por governistas foi discutido com Dirceu e teve aval de Dilma
Documento fala em
defender honra de Lula e compara ambiente político à véspera do suicídio de
Vargas e a 64
Catia Seabra, Natuza Nery
SÃO PAULO, BRASÍLIA - Com a bênção da presidente Dilma Rousseff, os principais partidos da base governista divulgaram ontem um manifesto em que acusam a oposição de golpismo ao usar politicamente o julgamento do mensalão.
O documento, que se
apresenta como uma defesa da "honra e dignidade" do ex-presidente
Lula, compara o atual ambiente político ao que antecedeu o golpe militar (1964)
e o suicídio de Getúlio Vargas (1954).
Principal réu do
mensalão, o ex-ministro José Dirceu participou da decisão de escrever o
manifesto, discutido na terça com Lula e o presidente nacional do PT, Rui
Falcão.
O teor foi
apresentado a Dilma na quarta, após ser redigido em conjunto com o PC do B e o
PSB do governador Eduardo Campos (PE), que também assina o documento. Campos é
citado como um dos cotados para disputar a Presidência em 2014.
Assinada também pelos
presidentes do PMDB, Valdir Raupp, PDT, Carlos Lupi, e PRB, Marcos Pereira
-coordenador da campanha de Celso Russomanno em São Paulo-, a nota acusa PSDB,
DEM e PPS de pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal).
O objetivo seria
transformar o mensalão num "julgamento político, golpear a democracia e
reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula".
Sob o título "À
sociedade brasileira", a carta é uma resposta à nota divulgada pela
oposição após publicação de declarações atribuídas ao empresário Marcos Valério
Fernandes de Souza na revista "Veja". Segundo a reportagem, Valério
diz que Lula chefiou o esquema.
"As forças
conservadoras revelam-se dispostas a qualquer aventura. Não hesitam em recorrer
a práticas golpistas, à calúnia", diz a carta, que chama a reportagem de
"fantasiosa" e de "amontoado de invencionices".
Reta final
O manifesto coincide
com a definição de rito no Supremo que deve levar Dirceu a ser julgado às
véspera do primeiro turno da eleição, no dia 7.
Entre os motivos para
sua divulgação está a tentativa de aplacar a irritação de Lula.
Segundo
interlocutores, o ex-presidente repete que há uma tentativa de desmonte de sua
imagem e que não permitirá que seu governo fique na memória como o palco de
maior escândalo de corrupção da história.
"É um gesto mais
pessoal do que político. Lula está muito chateado. Isso abateu o velho",
disse Carlos Lupi.
Presidente do PC do
B, Renato Rabelo diz que o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, foi
responsável por incluir os ataques mais contundentes. Falcão mostrou a carta
para Dilma um dia depois de ter se reunido com Dirceu no instituto Lula.
A reunião fora
originalmente convocada para discutir uma estratégia para mitigar o impacto
eleitoral do julgamento do mensalão.
Lula concordou com a
elaboração da nota. Falcão não confirma a conversa com Lula nem com Dilma.
A CUT (Central Única
dos Trabalhadores) também está organizando manifestação em apoio a Lula. Ontem,
durante ato na Paulista, os sindicalistas entoaram o coro de "Lula é meu
amigo, mexeu com ele, mexeu comigo."
A oposição disse que
o manifesto governista demonstra "desespero" com a perspectiva de
derrota nas eleições.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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