Está tudo menor este
ano na balança comercial. As exportações caem, as importações, o saldo e a
corrente de comércio, também. Além da crise na Europa, a China está comprando
menos do mundo e pesam as medidas protecionistas da Argentina, nosso terceiro
principal parceiro. Vendemos mais para os EUA do que para o Mercosul. A soja
passou o minério de ferro.
No acumulado de
janeiro até a segunda semana de setembro, a média diária de exportações está
4,4% menor. As importações caíram 0,5%, enquanto a corrente de comércio
encolheu 2,6%. O que chama atenção é que a redução do saldo comercial: -32%,
pela média diária. Em valores absolutos, o saldo foi de US$ 14,8 bilhões,
contra US$ 21,3 bilhões de 2011. Isso mostra que a queda do preço das
commodities afeta diretamente o desempenho brasileiro.
Depois de dois anos
de forte crescimento, a expectativa é que 2012 seja um ano de estagnação no
comércio externo.
- O pano de fundo é a
queda da demanda mundial e um comércio mais fraco pela crise nos países ricos.
O preço do minério de ferro caiu, mas a receita de soja ficou maior. O dólar
mais fraco tem ajudado na exportação de manufaturados - explicou o economista
Rodrigo Branco, da Funcex.
As greves
dificultaram embarques e desembarques de produtos. Houve paralisação em vários
órgão, como na Receita Federal, no Ministério da Agricultura, na Anvisa e
Guarda Portuária.
A soja passou ao
primeiro lugar da pauta, deslocando o minério de ferro. A exportação do
complexo soja foi de US$ 21,2 bi, maior do que a de minério de ferro e
concentrados, de US$ 20,4 bi. A receita com minério de ferro caiu 23,9%,
enquanto a de soja em grãos subiu 22%. Minério de ferro, soja e petróleo
continuam sendo os três principais itens de exportação. Representam cerca de um
terço de tudo que vendemos para o exterior. O agronegócio como um todo é 39% da
pauta.
As exportações para
os americanos foram maiores do que para todo o Mercosul em US$ 3 bilhões. É a
primeira que isso acontece desde 2008. O Brasil vendeu 13,4% a mais para os EUA
e 16,2% a menos para os parceiros de bloco. Ainda assim, continuamos a ter
déficit com os Estados Unidos, mas ele ficou menor: US$ 2,8 bilhões contra US$
5,4 bi do mesmo período de 2011.
A Argentina comprou
18% a menos do Brasil. Nossa exportação caiu de US$ 14,6 bilhões para US$ 11,9
bi. Em fevereiro, o governo argentino aumentou as barreiras para entrada de
produtos estrangeiros e, apesar das negociação com o governo brasileiro, o
comércio não voltou ao normal.
- Isso é ruim porque
atinge principalmente produtos manufaturados brasileiros, que representam 90%
das exportações para a Argentina e 20% de nossas vendas de manufaturados -
disse Branco.
O comércio com a
Argentina tem um perfil bem diferente do que o Brasil tem com o resto do mundo.
Em geral, a pauta se concentra em commodities agrícolas e metálicas, mas para
lá é de manufaturados. O encolhimento das vendas, pelas barreiras comerciais,
atingiu diretamente a indústria.
A China comprou 2,6%
a menos do mundo até agosto. Reflexo do crescimento mais fraco do país. Ainda
assim, conseguimos exportar 0,34% a mais para lá, o que garantiu com folga a
permanência dos chineses como nossos principais parceiros. Eles compraram
17,43% do que vendemos. A queda no minério de ferro foi compensada por consumo
maior de soja. O problema é que 80% de nossa pauta para a China são produtos
básicos.
O preocupante não é a
oscilação do saldo, mas a excessiva concentração em alguns produtos e em poucos
mercados.
FONTE: O GLOBO
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