quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ética: ex-conselheira afirma que trabalhou a favor da República


Marília Muricy, não reconduzida ao cargo, diz que Comissão não foi feita para agradar ao governo

Regina Bochicchio

SALVADOR Sem querer emitir juízo de valor sobre a decisão da presidente Dilma Rousseff de não reconduzi-la ao posto de conselheira da Comissão de Ética da Presidência da República, Marília Muricy, ainda assim, deu seu recado:

- Se eu acreditar que o motivo da minha não recondução foi o fato de haver incomodado o governo, ao indicar a exoneração do ex-ministro (Carlos Lupi), tenho que concluir que aí está uma contradição com a própria função do Conselho de Ética - disse ontem.

Ano passado, Marília elaborou relatório sugerindo a demissão do então ministro do Trabalho, que era acusado de desvio de verbas por meio de ONGs. O relatório vazou para a imprensa e, dias depois, Lupi pediu exoneração. A decisão de Marília teria contrariado a presidente.

- Com isso (a não recondução), se for verdade o que diz a imprensa, se entende que, se desagradar em certo momento o governo, não se pode servir a esse governo. É um gesto político que eu, pessoalmente, não por mim , avalio como um certo prejuízo institucional.

Marília disse ainda que a conjuntura política não deve interferir na autonomia da comissão:

- A Comissão de Ética foi criada para atender aos interesses do Estado e da República. Uma coisa é estrutura do Estado, outra coisa são interesses conjunturais do governo. Parece que as pessoas confundem isso. Não podemos na comissão trabalhar pró ou contra o governo. Mas sim pró-República.

Ela defendeu sua decisão de pedir a demissão do ministro:

-Tudo foi feito de acordo com o decreto. Isso parece que surpreende a quem desconhece as regras da democracia.

Fonte: O Globo

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