Marília Muricy, não reconduzida ao cargo, diz que Comissão não foi feita
para agradar ao governo
Regina Bochicchio
SALVADOR Sem querer emitir juízo de valor sobre a decisão da presidente
Dilma Rousseff de não reconduzi-la ao posto de conselheira da Comissão de Ética
da Presidência da República, Marília Muricy, ainda assim, deu seu recado:
- Se eu acreditar que o motivo da minha não recondução foi o fato de haver
incomodado o governo, ao indicar a exoneração do ex-ministro (Carlos Lupi),
tenho que concluir que aí está uma contradição com a própria função do Conselho
de Ética - disse ontem.
Ano passado, Marília elaborou relatório sugerindo a demissão do então
ministro do Trabalho, que era acusado de desvio de verbas por meio de ONGs. O
relatório vazou para a imprensa e, dias depois, Lupi pediu exoneração. A
decisão de Marília teria contrariado a presidente.
- Com isso (a não recondução), se for verdade o que diz a imprensa, se
entende que, se desagradar em certo momento o governo, não se pode servir a
esse governo. É um gesto político que eu, pessoalmente, não por mim , avalio
como um certo prejuízo institucional.
Marília disse ainda que a conjuntura política não deve interferir na
autonomia da comissão:
- A Comissão de Ética foi criada para atender aos interesses do Estado e da
República. Uma coisa é estrutura do Estado, outra coisa são interesses
conjunturais do governo. Parece que as pessoas confundem isso. Não podemos na
comissão trabalhar pró ou contra o governo. Mas sim pró-República.
Ela defendeu sua decisão de pedir a demissão do ministro:
-Tudo foi feito de acordo com o decreto. Isso parece que surpreende a quem
desconhece as regras da democracia.
Fonte: O Globo
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