O Brasil viveu seu milagre econômico no início dos anos 70. O PIB cresceu
14% em 1973. No ano seguinte, a taxa foi de 8,2%. Ainda assim, 1974 está marcado
nos livros de história como a época em que os brasileiros começaram a emitir
sinais de insatisfação em direção aos generais no comando do país.
O MDB, oposição consentida, obteve vitórias importantes para vagas no
Congresso em 1974. Era difícil de entender. A economia crescia num ritmo
chinês, como se diz agora. Havia emprego farto e sensação de bem-estar. Mas, em
meio à essa bonança, abriu-se uma fissura na ditadura.
Há similaridades entre 1974 e o atual momento, guardadas todas as devidas proporções
-sobretudo o fato de o Brasil, hoje, viver em democracia.
Assim como em 1974, agora os eleitores começam a emitir mensagens diferentes
em alguns centros urbanos. São Paulo é o caso mais saliente. Mas há também
Recife, Belém e outras cidades grandes nas quais nomes tradicionais da política
estão fracassando.
Pode-se argumentar, com certa dose de razão, que em todas as eleições
ocorrem esses pontos fora da curva. É verdade. Mas aí entra São Paulo, a maior
cidade do país e com uma história de exceções "dentro da
normalidade".
Quando se olha o voto paulistano em retrospecto, nunca, no atual período de
eleições diretas, o vencedor pertenceu a um grupo minoritário na política -caso
do atual líder nas pesquisas, Celso Russomanno, do minúsculo PRB. Até a mais
catastrófica administração recente, de Celso Pitta, havia saído de den-tro do
establishment.
Ou seja, a fadiga de material que pune tucanos e petistas, mesmo com a
economia nos eixos, pode tomar corpo e se alastrar pelo país em 2014. Isso vai
acontecer? Impossível prever. Mas que há placas tectônicas se movendo na
política brasileira, não resta a menor dúvida.
Fonte: Folha de S. Paulo
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