Tânia Monteiro
A necessidade de ajustes na divisão de espaço na Esplanada dos Ministérios entre
a base de sustentação do governo, após as eleições, começa a ser discutida na
próxima terça-feira, em uma reunião no Palácio da Alvorada. O convite foi feito
pela própria presidente Dilma Rousseff ao vice-presidente Michel Temer,
presidente licenciado do PMDB, e ao presidente do PT, Rui Falcão, que
representam os dois maiores partidos da base.
Com o resultado do 2.º turno das eleições municipais, foi deflagrada a
temporada de disputas por cargos em Brasília e a presidente Dilma sabe que
precisará acomodar Gabriel Chalita, do PMDB, em uma pasta, e o PSD, de Gilberto
Kassab, em outra. Mas a ideia da presidente, neste momento, é fazer o mínimo de
movimentos e, talvez ainda em novembro, atender às demandas e evitar que as
disputas contaminem votações importantes no Congresso.
Na segunda-feira, Dilma fez com Temer um balanço sobre as eleições. Ela está
convencida de que o apoio de Gabriel Chalita no 2.º turno a Fernando Haddad foi
"relevante" para assegurar a vitória ao PT e desbancar os tucanos da
maior cidade do País. Os dois reconheceram que "a relação nunca foi tão
estreita" entre PT e PMDB e comprovaram isso com o alto número de votos
obtidos pelo PT e o grande número de prefeituras conquistadas pelo PMDB.
Nas primeiras negociações da terça-feira estarão presentes cinco integrantes
de cada partido. No Planalto, há divergências sobre o timing destas
modificações no primeiro escalão. Há quem ache melhor esperar a eleição das
presidências e mesas da Câmara e do Senado, embora já exista acerto de que
ambas serão comandadas pelo PMDB. Mas, na avaliação de outros, esperar até
fevereiro não é o estilo da presidente. A ideia, então, seria fazer coisas
pontuais, e mais rápidas, que poderiam ser concluídas no mês de dezembro.
No caso de Chalita, a opção mais cogitada, no momento, seria acomodá-lo no
Ministério da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp. Mas o PMDB está sempre
de olho também no Ministério das Cidades, pelo polpudo orçamento que
administra, embora a presidente Dilma não tenha manifestado, em nenhum momento,
desejo de tirar daquele posto Agnaldo Ribeiro, do PP. O PSD, por sua vez,
também está em busca de um espaço na Esplanada dos Ministérios e considera
Cidades a pasta "dos sonhos".
Integrantes do PSD, no entanto, lembram ainda que também gostariam do
Ministério dos Transportes. O PSD não demonstrou entusiasmo em relação ao
Ministério das Micro e Pequenas Empresas, sob a alegação de que já tem muita
influência no Sebrae, além de a Pasta ainda estar em gestação no Congresso.
O fato é que o próprio Gilberto Kassab é que decidirá qual será o indicado
para a Esplanada, representando o partido - e o nome do atual prefeito
paulistano é o único que é unânime na legenda, que ainda discute sua fusão com
o PP. Outros nomes possíveis para estrear o partido no governo federal seriam
Guilherme Afif Domingos, Paulo Safady Simão e Kátia Abreu. Os dois últimos são
próximos da presidente mas certamente enfrentariam problemas internos. O líder
Guilherme Campos também é outro nome lembrado.
De qualquer forma, em todas as mudanças realizadas até agora a presidente da
República já deixou claro que, mesmo que suas decisões desagradem a alas dos
partidos, é ela quem escolhe os nomes e decide a hora.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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