O mais divertido das eleições são os vaticínios peremptórios sobre seus
efeitos futuros. Há vários e para todos os gostos.
O PT está predestinado a ganhar o governo de São Paulo em 2014. O PSDB
afundou-se em crise irreversível. Eduardo Campos será candidato a presidente em
2014 ou 2018, pois o PSB é um dos grandes vencedores neste ano. O DEM está no
fim, mesmo com a conquista de ACM Neto em Salvador. E Gilberto Kassab e seu PSD
serão eternamente governistas.
Tudo isso pode estar certo. Ou não. Ninguém sabe. Não existe um algoritmo
capaz de processar o resultado eleitoral e calcular com precisão o que ocorrerá
daqui a dois anos.
O que há são dados objetivos do presente. Desde o final da ditadura militar,
nunca um presidente da República viu durante seu mandato alguém do seu partido
ser eleito prefeito de São Paulo. Dilma é uma exceção: ela e Fernando Haddad
são do PT. Mas qual é o significado dessa curiosidade? Saberemos no futuro.
No final de 1987, só um maluco diria que dois anos depois Fernando Collor
seria o primeiro presidente da República eleito pelo voto direto na nova fase
democrática do país.
Em 1993, Fernando Henrique Cardoso fazia as contas sobre como se eleger
deputado federal em 1994.
Em março de 1994, Luiz Inácio Lula da Silva liderava todas as pesquisas de
opinião. Estava quase eleito presidente. No meio do ano, veio o Plano Real. FHC
venceu em outubro.
No ano 2000, o PT analisava nomes para lançar a presidente em 2002. Lula
estava desgastado. José Genoino e Cristovam Buarque eram as possibilidades mais
citadas. Em 2008, Dilma era apenas uma aposta excêntrica de Lula para
sucedê-lo.
É claro que as urnas em 2012 produziram vencedores e perdedores. Lula, o PT
e o PSB saíram bem na foto. Todos os outros, com algumas variações, enfrentaram
derrotas.
Mas nada garante que daqui a dois anos o cenário se repita. Ou não.
Fonte: Folha de S. Paulo
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