Por telefone e e-mail, candidato derrotado do PSDB procurou aliados e
reclamou de declarações públicas em defesa de novos quadros partidários
Bruno Boghossian, Julia Duailibi
O candidato derrotado do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra,
procurou integrantes do seu partido para reclamar da tese da renovação que
passou a ser defendida por parte dos tucanos, na esteira do resultado das
urnas.
Anteontem, um dia depois da derrota, Serra telefonou e enviou e-mails para
ex-integrantes de sua campanha e aliados no PSDB paulista. Afirmou que a defesa
da renovação era um tema que interessava apenas ao PT e reclamou das
declarações feitas pelos integrantes do partido que defenderam publicamente
mudanças no quadro partidário.
Segundo o Estado apurou, Serra disse que o PSDB estava se submetendo a uma
estratégia dos petistas e que as declarações de defesa dessa tese eram uma
traição à sua candidatura.
O tucano argumenta que entrou na disputa municipal depois de ser pressionado
pelo partido, alegando que ele seria o melhor quadro para vencer o PT - a
decisão também serviu a Serra, que, naquela ocasião, enfrentava certo
isolamento partidário.
Serra também fez críticas duras a declarações do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, que, antes mesmo do fim da votação, afirmou que "a
renovação é necessária sempre e o Brasil está mostrando isso mais uma
vez".
"O Serra é mais jovem do que eu e ainda tem a possibilidade de
continuar a sua carreira, mas o partido, no geral, precisa de renovação. O
momento é de mudança de gerações. Isso não quer dizer que os antigos líderes
vão desaparecer. Eles têm apenas que empurrar os novos para a frente",
disse o ex-presidente, no domingo.
A tese da renovação passou a ser defendida por políticos do PT e do PSDB
após a vitória em São Paulo de Fernando Haddad (PT), cuja candidatura foi uma
operação deflagrada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula acreditava que, para ganhar na capital paulista, o partido deveria
apresentar um nome novo e que tivesse maior inserção na classe média - desde
2000, o PT tinha como candidata em São Paulo a ministra Marta Suplicy (PT). No
PSDB, desde 1996, Serra e o governador Geraldo Alckmin se revezam como
candidatos a prefeito.
Outros fatores. Na avaliação que o candidato derrotado do PSDB fez a seus
aliados, a derrota não se deu por uma questão de idade, mas sim por fatores que
passariam pela má avaliação da gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e por
sua renúncia ao mandato de prefeito em 2006, um ano e três meses depois de assumir
o cargo, para disputar o governo do Estado.
Serra procurou seus principais aliados para debater a questão. Vários deles
passaram, então, a criticar o discurso da renovação. O senador Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP) criticou a tese da "novidade" anteontem.
"Muitos daqueles que hoje falam "ah, o novo" imploraram para
José Serra ser candidato a prefeito de São Paulo", disse Aloysio, na
tribuna do Senado.
O ex-governador Alberto Goldman diz que o partido não deve mirar a idade
para escolher seus quadros. "Dizem que a renovação é a escolha de pessoas
jovens, mas isso é bobagem", afirmou o tucano.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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