Senadores petistas queriam presença maior da presidente nas campanhas
municipais
Fernanda Krakovics
BRASÍLIA - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, se reuniu ontem com os senadores
do partido, e um dos assuntos dominantes foi a preocupação com a movimentação
do PSB nas eleições municipais e a avaliação de que o maior adversário da
presidente Dilma Rousseff, em 2014, sairá da própria base aliada, provavelmente
o governador socialista Eduardo Campos (PE). Diante desse cenário, passaram a
avaliar a atuação da presidente Dilma, com uma conclusão negativa sobre sua
participação na campanha e reclamaram de sua pouca disposição.
No encontro com Falcão - que também participou ontem da comemoração da
5.000ª edição do jornal da liderança do PT na Câmara -, os petistas disseram
que Dilma não faz política e que, até por conta disso, a população não a
identifica com o PT. Os senadores mostraram insatisfação com o fato de ela ter
uma tímida agenda presidencial de visitas aos estados.
- Na campanha, a gente até compreende, mas queríamos que ela pudesse ter uma
agenda de visitas aos estados. Todos os estados têm coisas para inaugurar:
projetos habitacionais, de energia, expansão de universidades - afirmou um
participante da reunião.
Falcão ouviu as queixas, mas não pode prometer nada em nome da presidente.
Mas deu algumas sinalizações sobre decisões futuras. Segundo os senadores,
disse que a ministra Gleisi Hoffman (Casa Civil), disposta a disputar o governo
do Paraná, deve deixar a pasta na minirreforma ministerial, talvez já na virada
do ano:
- Se ela é candidata em 2014, vai esperar 2014 para trocar a Casa Civil? -
disse Falcão, segundo petistas.
Gleisi está cotada para assumir a liderança do governo no Senado. Dilma deve
trocar os ocupantes das três lideranças: o líder do governo no Senado, Eduardo
Braga (PMDB-AM); o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP); e o
líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE). A saída política
para essas trocas será a lembrança de que, ao nomeá-los, a presidente deixara
claro que haveria um rodízio nos cargos.
No caso de Chinaglia, ele próprio manifestou o desejo de sair. Em conversas
com deputados, o petista diz que uma coisa é ser líder do governo Lula, e só
dizer sim para os pedidos; outra bem diferente seria ser líder do governo
Dilma, tendo que se indispor com os colegas o tempo todo. Um dos nomes cotados
para substitui-lo é o do deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Quanto a Pimentel, a avaliação no Palácio do Planalto é que ele foi mal nas
negociações para a votação do Orçamento da União, no final do ano passado, e da
Lei de Diretrizes Orçamentárias, neste ano. Já Braga é considerado truculento
nas negociações com o Senado.
Os petistas perderam as prefeituras de Recife e Fortaleza para o PSB e viram
seu aliado nacional se aproximar do senador Aécio Neves (PSDB-MG),
pré-candidato à Presidência da República. O partido acompanha com preocupação
os movimentos do presidente do PSB, Eduardo Campos, que também tem pretensão de
disputar a Presidência da República.
- Temos que descer do palanque e nos reaproximar dos aliados -disse o
senador Jorge Viana (PT-AC).
Nota de apoio a mensaleiros
Na esteira da vitória em São Paulo, os petistas avaliaram que o julgamento
do mensalão não influenciou tanto o eleitorado. Eles pretendem divulgar uma
nota, no final do julgamento, defendendo os integrantes do partido que foram
condenados.
O PT tem reunião marcada para 9 de dezembro, quando pretende traçar um calendário
para o próximo ano. A ideia é definir, já em 2013, os locais onde o partido
terá candidaturas próprias em 2014 e onde apoiará nomes de aliados.
Fonte: O Globo
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