A Justiça determinou a
quebra do sigilo bancário de ex-dirigentes do Banco do Brasil e do Fundo
Visanet, informam Flávio Ferreira e Matheus Leitão.
O objetivo é apurar se o
desvio de dinheiro no mensalão teve participação de outros executivos além do
ex-diretor Henrique Pizzolato, já condenado
Mensalão leva à quebra do sigilo de ex-executivos do BB
PF apura se ex-dirigentes do banco e de fundo participaram de desvio de
verbas
Ação é desdobramento do caso julgado pelo STF, que já condenou o ex-diretor
de Marketing do Banco do Brasil
Flávio Ferreira, Matheus Leitão
BRASÍLIA - A Justiça determinou a quebra do sigilo bancário de ex-dirigentes
do Banco do Brasil e do Fundo Visanet em investigação que apura se o desvio de
verbas no mensalão teve atuação de outros gerentes além do ex-diretor de
Marketing do banco Henrique Pizzolato, condenado pelo Supremo Tribunal Federal.
O inquérito, aberto pela Polícia Federal para aprofundar apurações na
principal fonte de recursos do mensalão, aponta que o valor corrigido dos
desvios no Banco do Brasil atingiu R$ 90 milhões.
A investigação começou em 2006, depois que a Procuradoria-Geral da República
apresentou a denúncia do mensalão contra 40 acusados, entre eles Pizzolato.
Como a Procuradoria considerou não ter naquele momento provas suficientes
contra outros dirigentes do banco, pediu a abertura de um novo inquérito.
A quebra de sigilo dos suspeitos foi pedida pela PF e determinada pelo
Judiciário em junho. A apuração está sob responsabilidade da Justiça Federal do
DF.
Nos últimos meses, a PF obteve dados bancários dos suspeitos e agora as
informações estão passando por perícia para apuração de eventual movimentação
financeira ilegal dos ex-gerentes.
Os suspeitos podem responder por crimes como peculato e corrupção.
Colegiado
Em entrevista à Folha no início do mês, Pizzolato questionou o fato de ele
ter sido o único executivo do banco a ser denunciado pelo Ministério Público.
Segundo o réu, as decisões no banco eram tomadas por colegiados.
O Ministério Público Federal diz que, se ficar comprovada a participação dos
suspeitos, pedirá à Justiça que devolvam recursos ao banco.
O inquérito corre sob sigilo. A Folha apurou que um dos investigados é o
ex-gerente-executivo de Propaganda do Banco do Brasil Cláudio de Castro
Vasconcelos.
Ele participou de atos de processos internos que direcionaram
antecipadamente R$ 73 milhões do fundo Visanet (do qual o BB tinha
participação) para a DNA do empresário Marcos Valério.
Ao lado de Pizzolato, Vasconcelos é alvo de apuração do TCU (Tribunal de
Contas da União) sobre ilegalidades nos contratos com a DNA.
O procurador que atua no inquérito, José Robalinho Cavalcanti, afirma que
usará conclusões do julgamento do mensalão no STF na investigação ainda em
curso. "A materialidade do crime está comprovada. Falta no nosso inquérito
terminar a investigação sobre se os suspeitos foram coautores do delito."
Segundo o procurador, o banco não colaborou e criou "mil
dificuldades" para fornecer documentos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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