“Se, por um lado, tal conduta preocupa, porquanto
é de analfabetos políticos que se alimentam os autoritarismos, de outro surge
insofismável a solidez das instituições nacionais. O Brasil, de forma
definitiva e consistente, decidiu pelo Estado Democrático de Direito. Não paira
dúvida sobre a permanência do regime democrático. Inexiste, em horizonte
próximo ou remoto, a possibilidade de retrocesso ou desordem institucional. De
maneira adulta, confrontamo-nos com uma crise ética sem precedentes e dela
haveremos de sair melhores e mais fortes.
Nesse processo de convalescença e
cicatrização, é inescusável apontar o papel do Judiciário, que não pode se
furtar de assumir a parcela de responsabilidade nessa avalancha de delitos que
sacode o País. Quem ousará discordar que a crença na impunidade é que fermenta o
ímpeto transgressor, a ostensiva arrogância na hora de burlar todos os
ordenamentos, inclusive os legais? Quem negará que a já lendária morosidade
processual acentua a ganância daqueles que consideram não ter a lei braços para
alcançar os autoproclamados donos do poder? Quem sobriamente apostará na
punição exemplar dos responsáveis pela sordidez que enlameou gabinetes privados
e administrativos, transformando-os em balcões de tenebrosas negociações? “
Marco Aurélio de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF), no discurso de posse na presidência do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) em 2006.
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