Enfraquecimento das duas siglas rivais no Rio de Janeiro aumenta o cacife do
governador
Karla Correia, Paulo de Tarso Lyra
As declarações do prefeito reeleito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB),
sobre as credenciais do governador do estado, Sérgio Cabral (PMDB), para ocupar
a vaga de vice na futura chapa da presidente Dilma Rousseff para a próxima
eleição presidencial repercutiram no meio político como um sinal de alerta
emitido do segundo maior colégio eleitoral do país. O considerável capital
político amealhado por Cabral é visto com preocupação tanto pelo PT de Dilma
Rousseff quanto pelo PSDB do seu provável adversário na corrida de 2014, o
senador Aécio Neves (MG).
Ambos os partidos são fracos no estado onde Cabral é a força dominante. A
bancada federal do PSDB fluminense se resume a dois deputados e nenhum senador.
O partido conseguiu eleger apenas duas prefeituras este ano e, na disputa pela
capital, o candidato tucano, Otávio Leite, amargou um constrangedor quarto
lugar, com apenas 2,47% dos votos.
A situação do PSDB no Rio é tão frágil que caciques da legenda só enxergam duas
saídas: a refundação do partido no estado ou o apoio à criação de uma nova
sigla, nos moldes do trabalho feito em favor da criação do PSD em vários
estados, mas com a mira apontada para o eleitorado fluminense. A nova
agremiação teria a função de ajudar a ancorar o PSDB em futuras alianças e, no
médio prazo, se aglutinar aos tucanos, servindo de caminho das novas lideranças
do estado em direção ao PSDB.
“O fundamental é encontrar um novo caminho para o partido no Rio. A manutenção
da situação atual terá um alto custo para o PSDB em 2014, admite um tucano de
expressiva plumagem.
PT coadjuvante
O PT vive uma situação um pouco melhor no estado do Rio, com 10 prefeitos
eleitos este ano, cinco deputados federais e um senador — Lindbergh Farias, o
nome mais forte da legenda no Rio, mas ainda não testado nas urnas contra um
possível adversário do PMDB. “Se o PT não estiver em uma aliança com a gente,
ele é o nome. Mas tem que ver que todas as eleições que ele disputou até agora
— para a prefeitura de Nova Iguaçu (RJ) e para o Senado — ele teve ajuda, foi o
candidato do Cabral”, provoca o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ). “Uma
candidatura ao governo do estado seria o primeiro teste de Lindbergh contra o
poder de fogo do PMDB carioca”.
Interlocutor próximo da presidente Dilma Rousseff, Sérgio Cabral já avisou a
ela sua intenção de se afastar do governo do Rio em 2013 para dar ao
vice-governador, Luiz Fernando Pezão, a chance de ganhar corpo e se capitalizar
para a disputa sucessória no ano seguinte. Nesse meio tempo, Eduardo Paes age
como o escalado de Cabral para ampliar as fronteiras do PMDB fluminense em
direção ao Palácio do Planalto. “Não podemos nos esquecer de que temos um
governador que se tornou modelo para a segurança pública e que, no momento
certo, terá condição de disputar qualquer cargo a nível nacional”, diz
Picciani.
Fonte: Correio Braziliense
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