Mas veredicto do
Supremo sobre corruptores só sairá após 1º turno das eleições
Núcleo político é
acusado de corrupção ativa, por comprar apoio parlamentar no governo Lula
O relator do mensalão,
Joaquim Barbosa, deverá condenar, entre hoje e amanhã, a maior parte dos dez
réus acusados de corrupção ativa por comprar apoio de parlamentares ao governo
Lula. Entre eles estão o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares e o ex-presidente do partido José Genoino.
Chegou a hora de
Dirceu
Relator votará hoje sobre a participação do ex-chefe da Casa Civil e do
comando do PT
Carolina Brígido, André de Souza
BRASÍLIA - O relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa,
deverá condenar a maior parte - se não todos - dos dez réus acusados do crime
de corrupção ativa, por comprar o apoio de parlamentares ao governo Lula. Entre
os acusados estão os integrantes do chamado núcleo político do esquema: o
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o
ex-presidente do partido José Genoino. Barbosa vai levar toda a sessão de hoje
do Supremo Tribunal Federal para proferir o voto. A conclusão dessa parte do
julgamento ocorrerá apenas na próxima semana, após as eleições.
O revisor do processo, Ricardo Lewandowski, deve usar toda a sessão de
amanhã, a última da semana, para votar. Os votos dos outros oito ministros
devem começar só na terça-feira da próxima semana.
Em dois meses de julgamento do mensalão, Delúbio foi o nome mais citado do
núcleo político. Vários ministros - em especial, o relator - afirmaram que
cabia ao petista indicar ao operador do esquema, Marcos Valério, o nome dos
beneficiados com os saques no Banco Rural. Dirceu e Genoino foram citados por
ministros timidamente até agora.
- No curso da ação penal, comprovou-se que os recursos foram destinados ao
pagamento de parlamentares indicados, diretamente, pelo senhor Delúbio Soares -
disse Barbosa ao analisar os desvios de dinheiro do Banco do Brasil para
alimentar o valerioduto, um dos primeiros temas examinados pelo STF no
julgamento do mensalão.
Mais adiante, o ministro reforçou seu ponto de vista a respeito do réu:
- As transferências realizadas à DNA Propaganda, antecipadamente à prestação
de qualquer serviço, viabilizaram, nos anos de 2003 e 2004, os repasses de
dinheiro em espécie para parlamentares e para membros do PT e de partidos
aliados, conforme vinha sendo indicado pelo senhor Delúbio.
Além dos integrantes do núcleo político, foram acusados do pagamento de
propina Valério, seus sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, o advogado da
SMP&B Rogério Tolentino, a ex-diretora financeira da agência de publicidade
Simone Vasconcelos, a ex-gerente financeira da empresa Geiza Dias e o
ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto (PL).
Em 2007, quando o STF abriu a ação penal para investigar os escândalos,
Barbosa responsabilizou Dirceu pelos pagamentos de propina. Segundo o ministro,
era ele quem dava o aval para os repasses aos partidos beneficiados:
- Com efeito, os elementos coligidos na fase investigatória estão a indicar
que o modus operandi do repasse de recursos avençado entre PT e PP, PL e PTB
não prescindia da ciência e do aval do denunciado José Dirceu. Há indícios no
sentido de que as grandes decisões políticas do PT eram todas avalizadas pelo
denunciado José Dirceu, inclusive no que concerne a acordos
político-financeiros com outros partidos.
Na mesma ocasião, o relator afirmou que houve uma ação combinada entre o
núcleo político, liderado por Dirceu, e o núcleo publicitário, de Valério, para
corromper parlamentares. Na denúncia apresentada em 2006, o então
secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, também integrava o núcleo político. No
entanto, fez acordo com o Ministério Público para prestar serviços à comunidade
em troca de ficar livre de responder ao processo.
- Eles (núcleo político) ofereceram e, posteriormente, pagaram vultosas
quantias a diversos parlamentares federais, principalmente os dirigentes
partidários, para receber apoio político do PP, PL, PTB e parte do PMDB. Para a
execução dos pagamentos de propina, José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino e
Sílvio Pereira valeram-se dos serviços criminosos prestados por Marcos Valério,
Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone Vasconcelos e Geiza
Dias - declarou Barbosa, em 2007.
Os ministros que condenaram parlamentares por corrupção passiva - ou seja, o
recebimento do dinheiro em troca de ato de ofício - não defenderão
necessariamente a culpa dos acusados por corrupção ativa. Isso porque os crimes
são independentes: os ministros podem considerar a existência de prova de que o
deputado recebeu vantagem indevida e a ausência de comprovação do pagamento por
parte dos corruptores.
- Em princípio, tem bilateralidades (entre os crimes). Mas é preciso
examinar as situações concretas - explicou, ontem, Gilmar Mendes.
Fonte: O Globo
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