O deputado mensaleiro
Valdemar Costa Neto (PR-SP) anunciou a intenção de reclamar à Corte
Interamericana de Direitos Humanos contra a decisão do Supremo Tribunal Federal
de condená-lo por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de
quadrilha.
Valdemar é um caso
para estudo sobre a degradação da política brasileira. Ele era do antigo PL,
que depois se transformou em PR, Partido da República (sic), após incorporar o
Prona ("Meu nome é Enéas!") em 2006. Antes, em 2003, o PL já havia
engordado ao se fundir com as agremiações nanicas PST e PGT.
Em dezembro de 2002,
Valdemar estava à caça de deputados: "Acho engraçado quando alguns
partidos agora defendem a adoção da fidelidade partidária. Quando tiravam
deputados do PL, não defendiam isso. Agora que estamos ganhando, querem mudar.
Vou colocar uns 25 deputados a mais no PL".
Condenado por
corrupção pelo STF, Valdemar vai reclamar a uma corte internacional. O que ele
ganha? Quase nada. A decisão do Supremo é definitiva. Mas fica a esperança de
tentar esticar ao máximo o momento de ser encarcerado em uma cadeia.
Pode parecer
esdrúxulo, mas, ao optar por esse caminho tresloucado, Valdemar presta um
serviço ao Brasil. Escancara a falência do atual sistema partidário, que dá
dinheiro público a agremiações parasitas como o PR -o tempo de TV e de rádio,
além das verbas do Fundo Partidário.
Em qualquer país
decente, políticos condenados num julgamento limpo como o do mensalão
renunciariam aos seus mandatos. Aqui, eles não largam o osso. Por essa razão,
Valdemar faz uma ótima propaganda da necessidade de uma cláusula de desempenho
para os partidos políticos: dar acesso a TV, rádio e Fundo Partidário só aos
que tiverem pelo menos 5% ou 10% dos votos em todo o país. Depois da Lei da
Ficha Limpa, essa é a grande agenda para os próximos anos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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