Encontro com as cúpulas partidárias no Alvorada vai tratar da reorganização
do espaço político no governo; Planalto, porém, não quer criar ciúmes no PSB
Tânia Monteiro
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff recebe hoje as cúpulas do PT e do
PMDB para um jantar no Palácio da Alvorada - que contará, também, com a
presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No encontro serão tratadas
a dobradinha entre as duas siglas, a reorganização do espaço político no
governo depois das eleições e estratégias para 2014.
Um dos convidados, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse
ontem que seu partido aproveitará a ocasião para reiterar o apoio à reeleição
de Dilma, daqui a dois anos.
Ao discutir essa aproximação, no entanto, o governo está cauteloso. Não quer
criar ciúmes no PSB - já que Lula, ao ter mergulhado de cabeça nas eleições
municipais em várias cidades, acabou deflagrando confronto direto com a legenda
comandada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em cidades como Recife
e Fortaleza. Em hipótese nenhuma o Planalto quer ter problemas diretos com o
PSB, que considera um aliado importante para votações no Congresso.
O governo se empenha, no caso, em não abrir espaço para que Campos decida
seguir caminho próprio para 2014, atrapalhando os planos de reeleição de Dilma.
Um encontro dos dois provavelmente ocorrerá na sexta-feira, em Salvador, em
reunião de todos os governadores na Sudene.
Ao falar à imprensa, após uma cerimônia de entrega da Ordem do Mérito da
Cultura, Sarney disse que o jantar de hoje servirá para fazer um balanço das
eleições e comemorar os resultados eleitorais. "Vamos conversar sobre
eleições e sobre futuro. Falaremos da aliança do PMDB e do PT com o governo,
sobre a nossa contribuição e como vamos nos conduzir até o término do mandato
da presidente, além de, sem dúvida, apoiá-la na reeleição", resumiu o
presidente do Senado, evitando mencionar a discussão para a ampliação do espaço
do PMDB na Esplanada dos Ministérios.
O Planalto já reconheceu a ajuda que o PMDB lhe deu nas eleições municipais
- particularmente o apoio de Gabriel Chalita à vitória de Fernando Haddad, em
São Paulo, reconhecida pelo Planalto como "relevante" e
"importante". Só que, no Planalto, já se comenta que Chalita poderá
ficar em São Paulo, para um cargo "muito bom" ao lado de Haddad, o
que levaria a uma mudança de estratégia em relação ao nome e ao novo ministério
a ser ocupado pelo PMDB.
No Congresso. No jantar, o PMDB ouvirá dos petistas presentes e de Dilma que
está garantido o acordo para as eleições das mesas da Câmara e do Senado. Ou
seja, o governo vai dar apoio na disputa pela presidência da Câmara ao deputado
Henrique Eduardo Alves (RN) e no Senado a Renan Calheiros (AL). O Planalto
assegurará ainda que não vai endossar nenhum cenário diferente, apesar de
outros nomes serem ventilados.
De início, o jantar seria restrito a cinco participantes de cada lado - mas
acabou ampliado, para incluir ministros do PT e do PMDB e os presidentes dos
dois partidos, Rui Falcão e Valdir Raupp, além de líderes dos partidos nas duas
casas e lideranças do governo no Congresso.
Mudanças. Na redistribuição de espaço na Esplanada, vem incomodando a
presidente a insistência do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em deixar
a Pasta sem ter completado um ano no cargo. O ministro tem falado sobre o
assunto a inúmeros interlocutores e já fez chegar a Dilma sua intenção. Ele
preferiria uma cadeira no Palácio do Planalto, que poderia ser a Casa Civil, de
Gleisi Hoffmann, ou a Secretaria de Relações Institucionais, de Ideli Salvatti,
mas não conta, neste momento, com o aval de Dilma. Ambas com mandato de
senadoras, Gleisi e Ideli seriam candidatas ao governo de seus respectivos
Estados, Paraná e Santa Catarina, em 2014.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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