Aqui, há reformas que precisam ser enfrentadas, mas
a democracia americana, que já foi um farol para o mundo, hoje é mais devedora
de mudanças para se atualizar e aprofundar
A eleição de hoje nos Estados Unidos é crucial para o mundo inteiro,
especialmente para emergentes como o Brasil. A escolha que os americanos
fizerem impactará o crescimento global nos próximos anos e definirá a atuação
da nação mais rica e poderosa no plano internacional. Para o presidente
democrata Barack Obama, o papel de chicote do mundo não é mais adequado aos
Estados Unidos. Em seu discurso, a prioridade deve ser a recuperação da
economia, a geração de empregos e a superação dos problemas sociais. Para o
candidato republicano Mitt Romney, a recuperação econômica passa pelo
fortalecimento do poder militar. Essa é a música que embala os corações
conservadores, embora os mais pobres e os imigrantes, que apoiam Obama, bem
como parte da classe média, rejeitem o gasto astronômico com defesa e
segurança. Mas a crise de 2008 corroeu a popularidade de Obama e dissipou parte
da esperança despertada pelas palavras de ordem “We can”. Os sinais recentes de
recuperação e ironicamente até o furacão Sandy o ajudaram nesta reta final. As
pesquisas, incluindo as que foram feitas ontem com os eleitores que votaram
antecipadamente, continuam indicando que a diferença entre os dois será
apertadíssima.
A eleição americana é bom momento para aferirmos, comparativamaente, os
parâmetros de nossa democracia, que em alguns aspectos deixa a desejar, mas em
muitos outros é mais avançada e moderna que a deles. Uma diferença começa pelo
dia do voto. Aqui, fazemos sempre eleições aos domingos, para que todos cumpram
o dever de votar. Lá, o voto é facultativo e a eleição deste ano ocorre numa
terça-feira, com todo mundo trabalhando. Não é feriado. O voto facultativo e a
eleição em dia útil não ajudam Obama. Seu eleitorado pode ter mais dificuldades
para ir às cabines.
Aqui, temos eleições informatizadas que nos dão o resultado no dia do pleito.
Lá, podemos demorar até semanas para saber quem ganhou. Apenas quatro dos 50
estados usam urnas eletrônicas. Por outro lado, aqui, embora a Constituição
preveja o plebiscito e o referendo, fizemos apenas duas consultas populares
depois da promulgação da Carta de 1988. Uma em 2003 sobre o sistema de governo,
quando o presidencialismo foi confirmado, e outra em 2005, sobre o uso de
armas. Lá, quando ocorrem eleições gerais, todos os estados aproveitam para
incluir na cédula várias consultas à população. Isso atrasa a apuração, mas
aprofunda a democracia.
A diferença fundamental, entretanto, está no sistema eleitoral. Aqui, é como na
Grécia. Cada cidadão vale um voto. Lá, não é exatamente assim. Pelo singular
sistema americano, todos votam, mas escolhem delegados que irão eleger o
presidente num seleto colégio eleitoral. Isso pode levar a situações como a de
2003, quando o democrata Al Gore teve mais votos populares na Flórida, mas
perdeu para Bush em número de delegados, em meio a denúncias de fraudes
praticadas pelos republicanos. A Suprema Corte garantiu a vitória de Bush.
Laços do futuro
No jantar que oferece hoje à cúpula do PMDB, a presidente Dilma começa a
amarrar as pontas da coligação central para sua recandidatura em 2014. Acenará
com a manutenção de Michel Temer como vice, a entrega de mais uma pasta ao
partido e seu apoio à eleição de Henrique Eduardo Alves e de Renan Calheiros
para as presidências da Câmara e do Senado. Aliás, os afagos começaram ontem,
com a entrega da Grã-Cruz da Ordem do Mérito Cultural (uma promoção) ao senador
José Sarney, avô da Lei Rouanet, com a então chamada Lei Sarney.
Apesar da crise
As economias brasileira e sul-americana vêm resistindo bem à crise
internacional. Apesar do baixo crescimento, o nível de emprego não foi afetado.
A CEPL e a OIT estão informando que o ano fechará, na região, com queda no
desemprego de 6,7% para 6,4%.
Fonte: Correio Braziliense
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