O procurador-geral,
Roberto Gurgel, afirmou não haver motivo para dar, no momento, proteção
especial a Marcos Valério de Souza, o operador do mensalão.
O presidente do STF,
Ayres Britto, disse que revelações dele não levarão à redução de sua pena.
Para
procurador, Valério não precisa de proteção imediata
Gurgel afirma não haver "risco iminente" contra o operador do
mensalão
Empresário prestou depoimento a duas procuradoras e tenta ingresso em
programa de proteção a testemunhas
Flávio Ferreira, Leandro Colon e Fábio Guibu
BRASÍLIA, RECIFE - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou
ontem que não há motivo para conceder, no momento, proteção especial ao
empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Segundo ele, não há "risco
iminente" de atentado contra sua integridade física.
Gurgel disse ainda, em encontro nacional de magistrados em Aracaju, que
eventuais revelações dele sobre o mensalão poderão levar a delações premiadas
somente em novas investigações.
Valério foi condenado a mais de 40 anos no julgamento do mensalão, que ainda
não terminou. Sua defesa enviou, em setembro, um fax ao Supremo dizendo que ele
estaria disposto a trazer novos fatos. Em troca, pedia proteção alegando risco
de morte.
"A notícia que me chegou dele foi no sentido de que não havia ainda
nada que justificasse uma providência imediata", disse Gurgel.
"Agora, se ele viesse a fazer novas revelações, aí sim, esse risco poderia
se consubstanciar."
Em setembro, Marcos Valério procurou Gurgel dizendo ter novas informações.
Um depoimento foi prestado, segundo a Folha apurou, às procuradoras Cláudia
Sampaio -mulher de Gurgel- e Raquel Branquinho. Gurgel não comenta publicamente
o depoimento.
A estratégia da defesa de Valério, na avaliação de ministros do STF, é
tentar incluí-lo no programa de proteção à testemunha, que o enviaria a lugar
não identificado, sob proteção do Estado. A ação não anularia sua condenação,
mas abriria brecha para evitar a cadeia.
Indagado sobre declarações de Valério neste depoimento que envolveriam o
ex-presidente Lula, Gurgel pediu "cautela" e, falando em tese, disse
que esse tipo de manifestação teria que ter ocorrido na fase de inquérito, com
apresentação de provas.
A procuradora Raquel Branquinho disse, via assessoria da PGR, que não se
manifestaria sobre o depoimento. Cláudia Sampaio não foi localizada pela
assessoria.
Também ontem o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, afirmou que eventuais
revelações de Valério não terão influência sobre possível redução de sua pena.
O ministro, que participou à tarde de uma solenidade em Recife, disse que
uma redução só é "viável" por critérios técnicos. "No plano das
possibilidades, é viável." Segundo ele, "tudo é possível" no
ajuste final das penas.
Mais tarde, no encontro de Aracaju, ele falou sobre corrupção -principal
tema do evento- a magistrados dos 91 tribunais do país.
"Vivemos novos tempos. Um tempo de transparência, um tempo mais
republicano, um tempo de compromisso mais forte, mais vivo, do Poder Judiciário
com a ética, com o civismo e com a democracia", afirmou o ministro em seu
discurso.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário