terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Oposição questiona Fux e Carvalho por conversa

A oposição quer explicações do secretário-geral da Presidência da República, ministro-Gilberto Carvalho, sobre uma conversa dele com o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux. Antes de ser indicado à Corte, Fux teria procurado Carvalho e afirmado que o processo do mensalão "não tinha prova nenhuma" e que "tomaria uma posição muito clara" durante o julgamento.

"É um fato gravíssimo. Primeiro porque é um ministro antecipando seu voto em um julgamento. Segundo, porque dá a entender que o Fux só foi indicado (ao STF) porque havia se posicionado daquela maneira", afirmou o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO). A declaração de Carvalho foi dada em entrevista ao programa E Notícia, exibido na noite de anteontem pela Rede TV.

Para Caiado, a afirmação permite supor não apenas que Carvalho trabalhou para a indicação de Fux ao Supremo, mas que o Executivo usou a prerrogativa de poder indicar os membros do STF para colocar lá uma pessoa com voto já declarado a favor do PT. "Cabe ao governo, principalmente à presidente Dilma, explicar por que nomeou o Fux."

Presidente e líder do DEM no Senado, José Agripino (RN) também acredita na necessidade de esclarecimentos. "É uma bisbilhotice imprópria para um ministro de Estado. Fica claro que o Fux procurou o Gilberto para pedir ajuda na indicação", afirmou o senador.

Gilberto Carvalho foi chefe de gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos dois mandatos do petista. Embora Fux só tenha sido indicado ao Supremo em 2011, já no governo Dilma Rousseíf, o próprio ministro do STF disse, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que "bateu na trave três vezes" antes de chegar à Corte e que fez um périplo entre políticos e pessoas próximas do governo - entre elas, o ex-ministro José Dirceu, na época réu no processo que viria a ser julgado em agosto deste ano.

Na mesma entrevista, Fux afirmou que "pensava realmente que não tivesse" provas no processo do mensalão, mas que, ao ler os papéis em julho passado, ficou "estarrecido" ao verificar que havia comprovações do esquema de compra de apoio ao governo Lula. Segundo Carvalho, no entanto, Fux teria lhe dito que "já tinha estudado o processo" antes de ser indicado ao STF.

Procurados ontem, os líderes do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), e do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), não quiseram comentar o caso. O ministro Luiz Fux também foi procurado, mas informou, por meio da assessoria de imprensa do Supremo, que não comentaria as declarações de Carvalho.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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