domingo, 3 de fevereiro de 2013

Aécio Neves: "Jamais coloco o carro na frente dos bois"

Presidenciável, o ex-governador mineiro Aécio Neves começa 2013 na tentativa, ainda tímida, de se legitimar como o líder da oposição. No PSDB, é aconselhado a substituir o perfil avesso a polêmicas por um estilo mais combativo. No entanto, conduz sua candidatura sem atropelos.

Auxiliado pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, o senador busca, primeiro, presidir o partido e dominar a ala paulista, que há três pleitos reveza José Serra e Geraldo Alckmin na tentativa reconquistar o Planalto. Em Brasília, Aécio conversou com ZH sobre os seus planos.

Zero Hora – O senhor é candidato à presidência em 2014?

Aécio Neves – Sou mineiro e, como bom mineiro, jamais coloco o carro na frente dos bois. Primeiro, é preciso consagrar a unidade do PSDB e consolidar o discurso do partido. Não temos pressa de encontrar um candidato, mas asseguro: o PSDB terá em 2014 um projeto alternativo para o Brasil, diferente do que faz o PT.

ZH – Qual o projeto do PT?

Aécio – O PT abdicou de pensar o Brasil. O que move o PT e sua agenda é a manutenção do poder. Onde estão as prometidas reformas?

ZH – E o que o PSDB pretende oferecer aos eleitores?

Aécio – Temos de construir uma nova agenda nacional para os próximos 20 anos, que aumente a distribuição de renda para municípios e Estados. A agenda que o PT coloca em curso hoje foi estabelecida pelo governo do PSDB. É a agenda da estabilidade econômica, do superávit primário, da meta de inflação, do início dos programas de transferência de renda. Não houve inovação.

ZH – O choque de gestão que o senhor introduziu em Minas é um exemplo?

Aécio – O choque de gestão é algo que a população mineira aprovou. É substituir o governo da companheirada, marca do PT, pelo governo da meritocracia. Em Minas Gerais, o funcionário público é avaliado, precisa ter qualificação e tem metas a cumprir.

ZH – Qual a sua avaliação do desempenho da oposição no governo Dilma?

Aécio – Um dos papéis da oposição é cobrar do governo os compromissos assumidos com a sociedade. A saúde pública é uma tragédia, na segurança os índices de criminalidade seguem crescendo, as obras do PAC estão paradas. Vai passando o tempo e as cobranças vão ficando mais acentuadas.

ZH – A oposição carece de sintonia?

Aécio – Não vejo assim. Há uma pulverização muito grande no parlamento, as alianças do governo são elásticas, mas com os resultados fracos, como o baixo PIB, a crítica vai ficando mais clara. Só entendo que, antes de fazer alianças partidárias, é preciso sintonizar com a sociedade.

ZH – Uma forma de sintonizar é percorrer o país? O senhor pretende assumir a presidência do PSDB e percorrer o Brasil neste ano?

Aécio – Presidir o PSDB nunca foi um fim que busquei, mas precisamos prezar pela unidade do partido e de seu discurso. Temos feito consultas a importantes membros do partido para unificar o PSDB. Nós, em uma eventual presidência da sigla, temos condições de rodar o país, de ouvir os brasileiros, o que também será feito por outras lideranças do PSDB.

Fonte: Zero Hora (RS)

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