No final dos anos 70, quando ocupava a secretaria-geral do então MDB, o deputado federal pernambucano Thales Ramalho cunhou a expressão “flores do recesso” para designar fatos irrelevantes ou falsos que ganhavam importância na imprensa durante as férias do meio ou do fim de ano do Congresso.
Estamos diante de uma dessas “flores”. O PMDB ameaça abandonar o governo Dilma Rousseff se não ganhar o ministério das Cidades ou da Integração Nacional. O segundo pertenceu ao PSB até o partido sair do governo para apoiar seu presidente, Eduardo Campos, aspirante a candidato à sucessão de Dilma.
O primeiro pertence ao PP, cabeça da terceira maior bancada da Câmara dos Deputados, e que até agora não garantiu a Dilma seu apoio à reeleição. A ambição do PP é acumular os ministérios das Cidades e da Integração Nacional. Deverá ficar apenas com um deles. O mais certo é que fique com o que já tem.
O PMDB tem cinco ministérios. Quer mais um sob a desculpa de que teve seis durante o segundo mandato de Lula.
Em conversa com Michel Temer, vice-presidente da República e presidente de fato do PMDB, Dilma rejeitou a pretensão do partido. Desde então, mediante a garantia do anonimato, fontes do PMDB sugerem a jornalistas que o partido examina a hipótese de separar-se de Dilma.
Para entrar ainda mais no governo o PMDB seria capaz de deixá-lo. Você acredita nisso?
Essa é uma carta velha que partidos aflitos por mais cargos costumam jogar quando o dono da mesa parece ou está aflito por mais apoios.
A coligação de partidos que sustenta o governo Dilma é a maior da história. Quanto mais apoios tiver, maior será o tempo de propaganda eleitoral de Dilma no rádio e na televisão a partir de agosto próximo.
Às vésperas de eleições gerais que partido ousaria abdicar de cinco ministérios só por que não conquistou mais um?
O PMDB se mudaria para o lado de quem? De Aécio, emperrado nas pesquisas de intenção de voto? De Eduardo, refém do apoio da ex-ministra Marina Silva?
Se pelo menos Dilma estivesse caindo nas pesquisas... Mas não está.
Vai sobrar para Temer.
Como nenhum político da situação com o mínimo de juízo se arrisca a criticar uma presidente de maus modos, Temer será criticado pela falta do sexto ministério.
O assunto acabará esquecido tão logo o Congresso volte a funcionar.
Fonte: Blog do Noblat
Nenhum comentário:
Postar um comentário