Jeferson Ribeiro
O vice-presidente Michel Temer tentará conter a irritação no PMDB, contrariado com a informação de que a presidente Dilma Rousseff dificilmente dará mais um ministério à legenda na reforma do primeiro escalão que deve começar no final deste mês.
Para fazer um relato detalhado da conversa com Dilma e tentar acalmar os ânimos no partido, Temer convocou uma reunião com os principais dirigentes peemedebistas para quarta-feira.
Dilma disse a Temer, que é presidente licenciado da legenda, numa longa reunião na segunda-feira que enfrenta dificuldades para atender ao pedido do PMDB, porque terá que usar parte das nomeações para abrigar novos aliados na reforma ministerial, segundo relato de uma fonte do Palácio do Planalto.
Com isso, os peemedebistas devem ter que se contentar com o comando das atuais cinco pastas (Agricultura, Minas e Energia, Turismo, Aviação Civil e Previdência).
A informação deixou a cúpula peemedebista surpresa e irritada, segundo membros do partido ouvidos pela Reuters. O partido dava como certa a escolha do senador Vital do Rêgo (PB) para o Ministério da Integração Nacional, que estava sob comando do PSB, que deixou o governo em setembro para ter uma candidatura própria à Presidência.
Há demandas do PP, que hoje comanda o ministério das Cidades e quer assumir pelo menos mais uma pasta, do PSD, que comanda a pasta de Micro e Pequenas Empresas e já se comprometeu a apoiar a reeleição de Dilma, e do recém-criado Partido Republicano da Ordem Social (Pros), do PTB, que reivindica um ministério, entre outras.
A conversa não será fácil, na avaliação de um peemedebista que falou com a Reuters sob condição de anonimato. "O cenário é difícil, porque se junta às dificuldades das alianças estaduais (entre PT e PMDB), à situação no Maranhão (onde a governadora Roseana Sarney enfrenta uma crise no sistema penitenciário e depende da ajuda do governo federal) e à questão do Vital", afirmou, referindo-se ao senador.
Além disso, desde o final do ano passado há pressão por parte da cúpula do partido para antecipar a convenção partidária que definirá se o PMDB continuará ou não aliado a Dilma pela reeleição. Os defensores da antecipação querem pressionar o PT e a presidente a apoiar peemedebistas em algumas alianças regionais.
Essa ideia, segundo uma das fontes do PMDB, deve voltar com mais força agora.
"Isso já estava na mesa, por causa das alianças regionais. Não é uma novidade", minimizou o presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (RO). Ele afirmou que Temer pediu aos peemedebistas para não ampliar a polêmica sobre a reforma ministerial nesse momento e que Dilma deixou claro que ainda não havia uma decisão final sobre a reforma.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), disse que o ideal é que a reforma ministerial sirva para "consolidar o apoio parlamentar ao governo" e também "ajude na aliança eleitoral" para a reeleição. "Mas essa é uma decisão da presidente", disse à Reuters.
Temer teria dito à Dilma que ao não atender à reivindicação do partido poderia haver implicações na aliança nacional e que teria dificuldades de contornar esse problema. "Mas a presidente não se mostrou tão sensível", relatou uma das fontes.
Vital do Rêgo, que aguardava a indicação para o ministério, evitou comentar a situação, argumentando que só estava envolvido na questão "por fruto de um acordo inédito entre (os peemedebistas da) Câmara e Senado".
"Não me cabe avaliar se o partido deve ter mais espaço ou está subdimensionado no governo", disse.
A reunião de Temer com a cúpula partidária deve ocorrer na noite de quarta-feira, segundo Raupp.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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