No oficial o que se diz no PSB é que a aliança com Marina Silva vai muito bem. Os vetos impostos por ela a potenciais aliados que a desagradam são contornáveis e que na realidade há muito menos divergências entre os parceiros do que relatam versões disseminadas alegadamente por interesse dos adversários.
No paralelo não é bem assim. O próprio governador de Pernambuco já deu a impressão a mais de um interlocutor de que a convivência com a ex-senadora não é desprovida de conflitos e desconfortos.
Na avaliação de gente que acompanha de perto o andar dessa carruagem, se tivesse pensado um pouco naquela madrugada do dia 4 para 5 de outubro do ano passado, não teria dito um entusiasmado sim à proposta de Marina de se abrigar no PSB até que a Rede Sustentabilidade obtenha o registro na Justiça Eleitoral.
Seja qual for o cenário mais próximo da verdade, fato é que os empecilhos até agora apontados não têm nada de extraordinário. Por isso mesmo, tampouco a movimentação pré-eleitoral dá qualquer sinal de que, juntos, Marina Silva e Eduardo Campos dão exemplo de como se faz a "nova política".
Por ora, tudo tem transcorrido nos moldes habituais: incorporação de novos aliados (PSDB) ao governo de Pernambuco, defesa dos interesses de cada um dos integrantes da aliança na formação de coalizões estaduais, pressão por candidaturas próprias, tudo o que nesta altura acontece nos demais partidos.
Inclusive gestos aparentemente inexplicáveis, comuns nessa fase em que ninguém ainda quer abrir totalmente o jogo.
Um mistério apenas ronda a união que causou frisson na política: o anúncio da decisão do governador Eduardo Campos de abrir mão do apoio aos tucanos em São Paulo em troca de Marina Silva aceitar ser candidata a vice. Ora, não era isso que estava combinado desde o início, não foi nesses termos que os dois se acertaram?
Pois então, qual o impasse a ser resolvido? Pela lógica inexiste a hipótese de a ex-senadora não compor a chapa. Se fosse para não ser candidata, ela não teria se filiado ao PSB. Ficaria sem partido e seu apoio seria cobiçado da mesma forma.
Empurra. Para atender a Lula, o PT do Rio já adiou três vezes a data do desembarque dos cargos que ocupa no governo Sérgio Cabral, tema que seria discutido ontem pelo partido.
A prática de "segurar" gente que quer se desgarrar é usual. Recentemente aconteceu com Geddel Vieira Lima. Ele levou quase três meses para conseguir a exoneração de uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal a fim de se "liberar" para fazer oposição ao PT como candidato ao governo da Bahia pelo PMDB.
O pedido de demissão foi enviado no dia 1.º de outubro. Sem resposta. No dia 23 de dezembro, depois de várias tentativas, Vieira Lima disse ao vice-presidente, Michel Temer, que não viraria o ano sem deixar a CEF.
Temer pediu então que fosse enviada nova carta com data de dezembro. Assim foi feito, mas com a inclusão da expressão "reitero meu pedido" no início do texto.
Puro-sangue. Assim como o senador Aécio Neves prefere escolher alguém do PSDB para vice na chapa presidencial, o governador Geraldo Alckmin também quer a companhia de um tucano na disputa à reeleição ao governo de São Paulo.
Os motivos são diferentes. Aécio acha que o critério regional vale mais que o partidário. Por exemplo, ganharia mais votos escolhendo um vice de São Paulo do que reeditando a aliança com o DEM. Já Alckmin, se ganhar, em 2018 precisará sair do governo em abril para concorrer a outro cargo - provavelmente o Senado - e não quer deixar o Palácio dos Bandeirantes nas mãos de um partido que não o PSDB.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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