Paralisação dos rodoviários deve atingir mais de 1,1 milhão de usuários do transporte coletivo, que terá só 30% da frota nas ruas
Kamila Almeida
O transporte público de Porto Alegre deve parar a partir de hoje. Somente 30% da frota circulará na cidade, o que representa 436 ônibus. Mais de 1,1 milhão de usuários deverão ser atingidos pela greve dos rodoviários.
Os funcionários querem aumento de 14%. Empresários dizem que, sem a revisão da tarifa, não existe a possibilidade de negociar reajuste superior a 5,56%. Para a prefeitura, se o salário está atrelado ao valor das passagens, a greve é patronal e não de empregado.
Luiz Mário Magalhães Sá, gerente-executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) e do Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa), afirma que foram esgotadas as possibilidades para evitar a paralisação. Na sexta-feira, representantes das empresas e dos rodoviários participaram de reunião no Ministério Público do Trabalho para propor o funcionamento de 100% da frota nas primeiras horas da manhã e no final da tarde, o que foi rejeitado.
– Estamos em um impasse, pois as empresas não têm como fazer mais do que a reposição da inflação sem ter sinalização do nosso órgão gestor (prefeitura) de que a tarifa será readequada. A informação que temos até agora é de que ela está congelada até que se resolva o impasse com o TCE (Tribunal de Contas do Estado), o que está longe de acontecer – afirmou Sá.
Secretário municipal de Mobilidade Urbana e diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari reiterou que não haverá reajuste da tarifa antes que o TCE se pronuncie sobre os cálculos do valor da passagem. Segundo ele, o aumento de salário é uma questão que deve ser resolvida entre patrão e empregado.
– A obrigação das empresas é finalizar o processo de dissídio coletivo. Isso independe da decisão da prefeitura em relação às tarifas. Se for dito que não vão negociar com os empregados porque a prefeitura tomou esta decisão é porque é uma greve de patrão. Não vamos aceitar greve de patrão – afirmou Cappellari.
Linhas com mais usuários terão prioridade hoje
Cappellari afirma que há uma série de medidas cabíveis previstas em lei para caso de greve patronal, e que uma delas seria o poder público reassumir a gestão das empresas, já que operam o serviço por meio de concessão.
A EPTC afirma que, em uma típica segunda-feira, seriam necessários 1.453 ônibus. Os 436 veículos escolhidos para circular têm itinerários com maior número de usuários e trafegam pelas principais vias da cidade. Eles devem tentar cumprir os primeiros horários da manhã, mas não há estimativa de consigam respeitar uma tabela de horários.
*Colaborou Taís Seibt
Fonte: Zero Hora (RS)
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