Estratégia do grupo peemedebista é de fortalecer a posição do líder da bancada na Câmara
Isabel Braga, Cristiane Jungblut
BRASÍLIA - O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ) negou estar pregando o rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff, mas avisou que a insatisfação entre os parlamentares da bancada e da própria base aliada é generalizada. Cunha argumentou que, por isso, é um erro estratégico tentar isolá-lo ou mesmo demonizá-lo. A estratégia dentro da bancada do PMDB é de fortalecer a posição de Cunha. O deputado Danilo Forte (PMDB-CE) trabalha para aprovar, na reunião marcada para esta terça-feira, uma moção de apoio ao líder.
Cunha reiterou que a presidente Dilma não lhe faltou com o respeito e que não viria, nesta segunda-feira, para uma reunião com ela no Planalto por entender que o encontro hoje era com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves.
— Na política a gente não pode agir com o fígado. Não somos obrigados a nos gostar, mas a nos respeitar. A presidente nunca me faltou com o respeito. Talvez o dia de hoje (para reunir-se com a presidente) não fosse o ideal. Acha que teria clima para a reunião? — disse Eduardo Cunha, acrescentando:
— Não estou pregando isso (rompimento). Aqui não existe uma ação deliberada pregando rompimento. Mas, é difícil dizer isso ( se haverá ou não o rompimento) hoje. É um processo, nunca sabe como acaba.
O líder voltou a dizer que foi agredido verbalmente por petistas e reagiu. E que em nenhum momento externou uma posição pessoal, mas a posição de toda a bancada.
— A mim ninguém pode isolar. Se tiver que isolar é à bancada. Não faço nenhum guerra e nem levo ninguém para guerra. Eu fui agredido e reagi. A partir daí querer me demonizar? Isso não existe — disse Cunha.
Danilo Forte, que articula o apoio a Cunha, disse que ele, como líder do PMDB, não pode ficar fragilizado e isolado. Nos bastidores, dizem que é errada a estratégia de Dilma de enfraquecer o "blocão" e isolar Cunha, porque hoje ele representa mais a vontade de toda a Câmara do que o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Além disso, dizem que Dilma "rebaixou" Henrique, presidente de um Poder, ao querer nomeá-lo como o interlocutor na Câmara e impor a pauta, com a retirada do requerimento sobre investigações da Petrobras no exterior.
— Eduardo Cunha não pode ficar fragilizado porque representa um sentimento da bancada hoje. O blocão é uma circunstância do momento político. A maioria dos parlamentares da base aliada se sente insatisfeita com o governo — disse Danilo Forte.
O líder do PMDB fez questão de elogiar a posição do senador Vital do Rego (PMDB-PB) de rejeitar a indicação para ser o novo ministro do Turismo, vaga que é da Câmara. E voltou a reafirmar a posição da bancada da Câmara de não indicar nenhum nome para Dilma.
— Vital do Rego sempre teve o apoio da bancada do PMDB da Câmara. E isso ( rejeitar a indicação) serve para engrandecer o senador Vital. A bancada tomou a decisão pública de não indicar ninguém. E é essa posição que adoto (de seguir as vontades da bancada) que me dá respaldo.
Segundo Cunha, O PMDB já decidiu votar contra o projeto do Marco Civil da Internet. Apesar de o PMDB liderar o "blocão" de oito partidos da base aliada, Cunha disse que o objetivo desse grupo não é impor derrotas ao governo:
— O PMDB não foi para a oposição, não está na oposição. Simplesmente decidimos votar algumas matérias. O PMDB vai votar contra o Marco Civil.
Cunha afirmou que chegou ontem à noite de viagem ao exterior e que não teve tempo de conversar mais demoradamente com Michel Temer e Henrique Alves. E que eles irão conversar hoje à noite.
Fonte: O Globo
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