Pré-candidato intensifica em andanças pelo país críticas ao modelo de gestão da presidente
Sergio Roxo e Letícia Lins
SÃO PAULO e RECIFE - O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, manifestou nesta segunda-feira preocupação com a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff, pré-candidata à reeleição, não participar de debates durante a campanha eleitoral deste ano.
Em palestra na Associação Comercial de São Paulo, Campos disse que seus representantes se reuniram na semana passada com veículos de comunicação e ouviram relatos de que a petista não está disposta a participar dos encontros eleitorais.
- (Vemos nas) pessoas do governo, que vão (nas reuniões) representar sua excelência a presidente da República, uma posição clara de fugir de debate. O Brasil não pode admitir. A presidenta da República, e nós todos a respeitamos enquanto presidenta do nosso pais, não tem o direito de fugir de debate - disse o governador, aplaudido, com entusiasmo, pela plateia composta por empresários.
Campos também voltou a criticar o modelo de coalizão do governo federal com troca de apoio político por cargos.
- O arranjo político que esta aí já deu o que tinha que dar.
O governador garantiu que a sua candidatura presidencial não faz parte de um projeto pessoal porque, se fosse assim, poderia ser mais cômodo fazer uma composição e esperar as eleições de 2018.
Discursos frequentes contra Dilma
Em suas andanças pelo interior de Pernambuco, ao lado do seu candidato à sucessão estadual, Campos atua com discursos explícitos contra a presidente Dilma. No final de semana, por exemplo, chegou a dizer “que o país não aguenta mais quatro anos de Dilma”.
E fez apelos para que os eleitores garantam a vitória do atual secretário da Fazenda, Paulo Câmara, no estado, que ele fará o mesmo na disputa presidencial. Disse que a presidente não está sabendo tocar (conduzir) o país.
- Garantam a vitória aqui (em Pernambuco), que garantirei lá (em Brasília) - afirmou, ao encontrar-se com lideranças políticas em Nazaré da Mata, região canavieira do estado. Ele voltou a fazer ataques contra a presidente e classificou as alianças políticas feitas em Brasília – onde o PMDB e PT se digladiam – a uma “feira de mangaio”, expressão utilizada no Nordeste para classificar comércio popular com produtos de qualidade duvidosa.
- A Presidente não soube tocar o Brasil do jeito que precisava ser tocado... com respeito ao povo organizado, com respeito ao diálogo democrático, com a capacidade de ouvir e somar forças, ter a paciência que o líder tem que ter e a sabedoria de aprender o povo. Quem acha que sabe tudo, não sabe nada. O Brasil parou de crescer como estava crescendo - disse ele durante o seu discurso, na cidade localizada a 65 quilômetros da capital. O governador visitou o município no sábado, acompanhado dos pré-candidatos da chapa majoritária do estado.
Ele voltou a falar das “raposas felpudas” que, segundo o socialista, representam a “velha política” e não a nova, a qual ele diz pertencer:
- São raposas felpudas negociando ministérios como se negocia penca de banana em feira de mangaio - criticou. Apesar das críticas, o governador poupou o ex presidente Lula:
- O povo elegeu um retirante que saiu daqui, tangido pela seca e pela fome e se transformou em uma grande liderança sindical da área industrializada do Brasil, que chegou à Presidência da República, depois de esgotado politicamente o modelo que estava em vigor. Ele teve a sabedoria, a inteligência, a capacidade de ouvir, a humildade de construir um diálogo, um tempo de mudança no Brasil. Um tempo de mudanças que faz o Brasil voltar a crescer como não crescia - elogiou.
Ele fez um retrospecto da própria trajetória política e minimizou o desconhecimento que populações de outros estados ainda têm a seu respeito. Lembrou que em 2006 iniciou a campanha com 4% das intenções de voto e se elegeu para o Palácio do Campo das Princesas.
Fonte: O Globo
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