• Funcionário de carreira, Barusco se encarregava do aluguel de plataformas e sondas até a área derefino da Petrobrás
Fernanda Nunes - O Estado de S. Paulo
RIO - Ao lado do ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, o ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços da estatal Pedro Barusco aparece na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, como um dos principais operadores do PT dentro da petroleira. Seu nome foi citado nas investigações pela primeira vez pelos diretores da Toyo Setal, Augusto Mendonça e Júlio Camargo, que, em regime de delação premiada, afirmaram ter pago a ele e a Duque cerca de R$ 30 milhões em propinas para fechar contratos com a Petrobrás.
Funcionário de carreira da Petrobrás, divorciado e morador da Joatinga, microbairro entre São Conrado (zona sul) e Barra da Tijuca (zona oeste), área nobre da orla carioca, Barusco se antecipou à Polícia Federal e, antes que integrasse a lista de presos na sétima fase da Operação Lava Jato, batizada de Juízo Final, fechou acordo de delação premiada e aceitou devolver US$ 100 milhões aos cofres públicos.
Sua defesa está sendo conduzida pela advogada Beatriz Catta Preta, a mesma que atuou para fechar o acordo de delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, o primeiro a denunciar um esquema suspeito de desvios de verbas e corrupção na estatal.
Na Petrobrás, Barusco foi o responsável por contratações milionárias em diversas áreas - da exploração e produção de petróleo e gás, que aluga plataformas e sondas, até a área de refino, que, ao longo dos últimos anos, vem executando um programa de modernização de refinarias e construindo novas unidades pelo País para aumentar a produção interna de combustíveis.
Os executivos da Toyo Setal relataram ter pago a Barusco e a Duque propinas para realizar obras superfaturadas no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, na Refinaria Henrique Lage (Revap), em São Paulo, e em projetos de instalação de dutos em Macaé, no Rio.
Em 2010, Barusco se aposentou da Petrobrás, mas, no ano seguinte, assumiu a Diretoria de Operações da Sete Brasil, a primeira empresa brasileira proprietária de sondas de exploração de águas ultraprofundas, criada especialmente para atender às necessidades da petroleira no pré-sal.
Composição. Apesar de ter a Petrobrás como sócia, além do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) da Caixa Econômica Federal e de fundos de pensão de empresas públicas (Petros, da Petrobrás, Previ, do Banco do Brasil, e Funcef, da Caixa Econômica Federal), a Sete Brasil não chega a ser uma estatal.
A maior participação individual é do BTG Pactual, do banqueiro André Esteves. Também participam o Santander e o Bradesco, além do fundo de pensão dos empregados da Vale, o Valia. Mais recentemente, as empresas de investimento EIG Global Energy Partners, Lakeshore e Luce Venture Capital se tornaram cotistas.
Assim como João Ferraz, que deixou a gerência de Finanças da Petrobrás para presidir a Sete Brasil, Barusco foi indicado para o cargo pela petroleira, à qual coube a definição das lideranças operacionais na empresa de afretamento de embarcações. Em 2013, ele deixou a companhia, exatamente no momento em que a Sete Brasil passava por processo de aporte de capital, alegando que se submeteria a um tratamento de saúde.
Hoje, Barusco é considerado peça-chave na Lava Jato, porque pode revelar o esquema liderado por Duque, indicação do PT para a diretoria da Petrobrás, embora ele negue tal apadrinhamento. Procuradores registraram em documento a convicção de que Barusco tinha "clara participação em fatos criminosos investigados".
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