• Sem quórum, não foi possível aprovar requerimento algum nesta terça-feira
Gabriel Mascarenhas - Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Numa estratégia para evitar convocações de quadros caros ao partido, o PT esvaziou a sessão da CPI da Petrobras desta terça, que terminou em gritaria e acusações.
Cinco senadores do bloco governista e dois deputados petistas não marcaram presença, frustrando os planos da oposição. PSDB, DEM e PPS queriam tentar limpar suas próprias imagens, depois de revelado na semana passada que a oposição havia feito um acordo com a base aliada para impedir a ida de políticos à comissão.
Carlos Sampaio (PSDB-SP), que confirmara ter presenciado o trato, dessa vez falou ter havido um acordo de procedimento, não um acerto político.
"O relator (deputado Marco Maia, do PT-RS) mentiu, dizendo que tinha um acordo", acusou, dizendo-se favorável à convocação de personagens incômodos tanto para seu próprio partido como para o PT.
A divulgação pela imprensa do compromisso entre opositores e governistas gerou uma crise no PSDB. Aécio Neves chegou a soltar uma nota negando o acordão.
Sem o quórum mínimo --resultado da estratégia do PT-- não foi possível aprovar requerimento algum nesta terça-feira. A reunião terminou em gritaria.
O gerente de Contratos da Petrobras Edmar Diniz de Figueiredo respondia aos questionamentos de Afonso Florence (PT-BA). A oposição anunciou que não faria perguntas a Figueiredo por considerá-lo hierarquicamente distante do processo decisório da cúpula da estatal.
Os opositores pediram a Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da comissão, para pôr em votação um requerimento determinando a abertura de uma reunião extraordinária. O objetivo era conseguir aprovar convocações.
Neste momento, porém, estava se iniciando a sessão do plenário do Senado. Alertado por senadores do PT e argumentando que comissões não podem funcionar enquanto houver votação no plenário da Casa, Vital encerrou a reunião.
A oposição solicitou que o presidente retomasse a sessão depois de concluídos os trabalhos em plenário. Vital não cedeu e se retirou da sala. Os deputados Julio Delgado (PSB-MG), Rubens Bueno (PPS-PA) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS) levantaram-se e, aos gritos, acusaram o presidente da CPI de desrespeitá-los. Os protestos continuaram fora da sala.
Vital do Rêgo estava dando uma entrevista quando foi interrompido por Bueno, Onyx e Carlos Sampaio. Atrás de Vital, o trio voltou a gritar. "Isso é a desmoralização do Congresso, uma vergonha que o senador Vital tem que assumir. Uma farsa que está sendo montada", dizia Bueno.
Na reunião, o deputado Enio Bacci (PDT-RS) disse, sem citar nomes, que foi pressionado por colegas a faltar à sessão sob pena de perder a cadeira que ocupa na CPI.
Nenhum comentário:
Postar um comentário