Por: Assessoria do PPS
A base do governo Dilma Rousseff (PT), com a ajuda do presidente da CPMI da Petrobras, senador Vital do Rego (PMDB-PB), protagonizou nesta terça-feira um dos mais tristes episódios do Parlamento brasileiro ao impedir, por meio de diversas manobras, a votação de requerimentos de quebras de sigilo de empreiteiras e convocação de políticos, dirigentes partidários, ex-diretores da estatal e operadores do esquema do petrolão. A crítica foi feita pelo líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), após a interrupção abrupta da sessão da comissão que ouviu o gerente de contratos da Petrobras Edmar Diniz de Figueiredo, nesta terça-feira (11).
A trama governista para impedir qualquer investigação começou na primeira etapa da reunião, quando o senador Vital do Rego cancelou a votação de requerimentos sob a alegação de falta de quórum. Aos poucos, enquanto o gerente da Petrobras negava qualquer tipo de irregularidade na estatal, a oposição conseguiu viabilizar a presença de 17 parlamentares, o que seria suficiente para a votação. Entre eles, o deputado Enio Bacci (PDT-RS), que denunciou ter sofrido pressão da cúpula de seu partido e do governo para não comparecer à reunião e ajudar a assegurar quórum.
Mais uma vez, o governo agiu para derrubar a sessão. Numa questão de ordem das mais inusitadas já apresentadas no Congresso Nacional, o líder do PT, senador Wellington Dias (PI), acompanhado do líder do governo, senador Humberto Costa (PT-PE), conseguiu do presidente da CPMI a concordância para encerrar a sessão sob a alegação de votação nominal no plenário do Senado. Regimentalmente, a ordem do dia no plenário não impede a oitiva de testemunhas em comissões.
Atropelamento e fuga
Após atropelar abruptamente o andamento da reunião, sob os protestos da oposição, Vital do Rego saiu do plenário da CPMI apressado, e foi seguido pela imprensa e por parlamentares do PPS, PSDB, DEM e PSB. “O senhor encerrou a CPI de forma vergonhosa após receber uma ordem do líder do PT (Wellington Dias). Trata-se de uma farsa, de uma desmoralização completa da CPMI. Primeiro espalharam um versão estapafúrdia de acordo do governo com a oposição. Agora a base da presidente Dilma não dá quórum para votação e conta com sua ajuda para encerrar uma reunião. Isso é inadmissível”, protestou o líder do PPS de frente para o presidente da CPMI. Vital não quis dar explicações e rumou para o plenário do Senado.
Oposição quer votar todos os requerimentos
Em entrevista para a imprensa, os líderes da oposição afirmaram que querem ir até o final com as investigações e pretendem colocar em votação, na próxima terça-feira, todos os requerimentos pendentes, inclusive os que envolvem parlamentares do próprio campo oposicionista e o advogado Leonardo Meirelles, que citou o envolvimento de membros do PSDB no esquema.
“Vamos convocar todos. De nossa parte não há qualquer acordo para blindar A ou B. O governo é que está dando um exemplo de que quer impedir todo tipo de investigação. A presidente Dilma, um dia após ser eleita, afirmou que defendia a investigação ‘doa a quem doer’. Agora, mobiliza sua base para impedir votações e instalar uma farsa na CPMI”, protestou Rubens Bueno.
Os ausentes
O líder do PPS disse ainda que a ausência de parlamentares do PT e de partidos aliados do governo na reunião CPMI da Petrobras foi consequência “da farsa do acordo que se anunciou na semana passada”. O deputado se referia a versão divulgada pelo relator da comissão, Marco Maia (PT-RS), de que políticos seriam poupados das investigações de corrupção na petroleira. Hoje, nem Maia nem o vice-líder do PT da Câmara, Sibá Machado (PT-AC), autor do requerimento para a audiência pública compareceram à reunião.
“Deixamos de deliberar sobre a convocação do senhor João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, o homem que reúne a grana da propina na Petrobras e em todas as outras (estatais) para distribuir a seus apaniguados que gastam milhões e milhões em campanhas eleitorais do seu PT pelo Brasil afora”, lamentou Rubens Bueno. “Esse é o Partido dos Trabalhadores, da militância com cifrões aguerridos”.
Outro requerimento a ser votado era o da convocação do ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, que foi indicado para o cargo pelo PT, partido que, segundo o delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da companhia, ficava com 2% dos contratos superfaturados.
A CPMI deliberaria ainda a respeito da convocação de Sérgio Machado, presidente da Transpetro que pediu licença da estatal após seu envolvimento com os desvios ter sido revelado por Costa. Machado era o homem forte do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, na empresa.
Além destes, a oposição queria votar o requerimento de convocação de Leonardo Meirelles e todos os outros pendentes de apreciação, como os pedidos de quebras de sigilo das empreiteiras Odebrecht, OAS, Mendes Júnior, Camargo Correa, Queiroz Galvão, entre outros de autoria do líder do PPS.
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