Sérgio Roxo e Biaggio Talento – O Globo
• Polêmica entre correntes ainda é crítica à política econômica do governo
SÃO PAULO E SALVADOR - Apesar de a tendência majoritária do PT tentar amenizar as críticas à política econômica do governo, o 5 º Congresso do partido começa hoje em Salvador sob a tensão entre as correntes e um desfecho imprevisível. Ontem, a corrente Novo Rumo, da qual faz parte o presidente da legenda, Rui Falcão, provocou um racha na chapa majoritária, a Partido que Muda o Brasil ( PMB), ao publicar um documento próprio para os delegados do encontro com ataques duros ao ajuste fiscal.
“É preciso reconhecer que a maioria das medidas tomadas até agora pelo governo para enfrentar a crise estão voltadas principalmente para acalmar os mercados. Tanto o pacote fiscal como os cortes de gastos públicos anunciados nos últimos dias provocaram um clima de desconfiança — para dizer o mínimo — entre os trabalhadores, o movimento sindical e o social organizado, que sempre foram a alma do PT”, diz o texto.
O secretário de Comunicação do partido, José Américo Dias, um dos líderes da Novo Rumo, disse que Falcão não participou da elaboração do documento. A Novo Rumo é minoritária na chapa PMB, que é dominada pela corrente Construindo um Novo Brasil, hegemônica no PT.
Além da política econômica, o funcionamento interno da legenda também deve provocar embates. A Mensagem ao Partido, segunda maior corrente, elogiou o texto da PMB em que ataques ao ajuste fiscal deram lugar a uma crítica ao neoliberalismo, mas é contra o atual modelo de eleição direta dos dirigentes e defende a renovação do comando da sigla.
Para esquentar ainda mais os ânimos, o presidente do PT, Rui Falcão, anunciou ontem que a legenda fará, no segundo semestre, uma defesa pública do ex- tesoureiro João Vaccari Neto, preso desde o dia 15 de abril sob investigação da Operação LavaJato. O dirigente ainda minimizou o risco de debandada da legenda e disse que apenas “um ou outro oportunista” vai sair.
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