- Folha de S. Paulo
A bancada da bala teve o seu dia de bancada do gás de pimenta. A polícia legislativa usou o spray, que ataca os olhos e as vias respiratórias, para expulsar estudantes da Câmara. Eles protestavam contra a redução da maioridade penal, bandeira do grupo conservador que tem ditado as regras na Casa.
O gás foi disparado em uma sala onde havia gritaria, mas nenhum confronto físico. Seguiram-se cenas de correria e tumulto. Uma jovem desmaiou. A presidente da UNE teve o braço arranhado, e seis manifestantes foram atendidos no serviço médico. "Fiquei até tonto com o spray. Estou aqui há 21 anos e nunca tinha visto uma coisa dessas", reclamou o deputado Darcísio Perondi.
O ataque aos estudantes reproduz a truculência com que a redução da maioridade tramita na Câmara. A comissão dedicada ao tema será encerrada a toque de caixa, sem as 40 sessões previstas. A pressa é patrocinada por Eduardo Cunha, que quer aprovar o texto até o fim do mês.
A proposta cita a Bíblia, mas não menciona dados científicos ao sustentar que a Constituição deve mudar para que infratores de 16 anos sejam presos junto com adultos. Foi apresentada por um ex-deputado ficha-suja, condenado por corrupção e formação de quadrilha.
Após a confusão, Cunha defendeu os policiais e avisou que barrará os estudantes na votação do texto. "Isso é uma bagunça que a gente não pode permitir", disse, sobre o protesto.
Poucas horas depois, ele deixou que a bancada evangélica interrompesse uma votação da reforma política para gritar contra a Parada Gay. O ato terminou com os deputados rezando o pai-nosso, como se o plenário fosse extensão de suas igrejas.
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Roberto Carlos pode não saber, mas o STF lhe fez um favor ao derrubar a censura prévia às biografias. Em alguns anos, o cantor pode voltar a ser lembrado apenas pela música, e não como o rei do obscurantismo.
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