• Gleisi Hoffmann e tucano Aloysio Nunes batem boca no Senado
Luiza Damé, Isabel Braga e Cristiane Jungblut – O Globo
BRASÍLIA - Um dia após líderes do PSDB apostarem em sua convenção que a presidente Dilma Rousseff pode não completar o mandato e se dizerem "prontos" para assumir o governo, integrantes do PT foram para o ataque contra o que chamaram de "golpismo". O ministro de Direitos Humanos, Pepe Vargas, disse que o impeachment de Dilma, defendido por setores da oposição, não tem base legal nem jurídica:
- Então, quem defende uma posição dessa natureza está defendendo uma posição de golpe ao estado democrático de direito e à Constituição.
Embora dirigentes tucanos tenham evitado usar o termo impeachment, essa foi a mensagem da convenção, na interpretação de alguns petistas.
O ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) criticou a oposição por, em suas palavras, armar para tirar a presidente do poder:
- O país acabou de sair de um processo eleitoral com grande participação da sociedade, portanto o que a consciência democrática faz é rejeitar esses movimentos golpistas e ilegais que infelizmente ainda residem no nosso país.
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse que não haja motivo para impedimento e afirmou que não há ilegalidade nas contas do governo que estão sendo analisadas pelo Tribunal de Contas da União.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o PSDB presta um desserviço ao defender "atalhos autoritários":
- Ficar apregoando o caos não é nada responsável para quem quer um dia governar o Brasil. Essa história de discutir impeachment é coisa de uma direita truculenta.
Guimarães disse que ficou espantado ao ver na convenção do PSDB o ex-presidente Fernando Henrique dizer que "o PT quebrou o Brasil":
- Eles quebraram o Brasil! Dizer que o PT quebrou o Brasil parece uma piada dessa gente que governou durante oito anos, comprou reeleição conforme a imprensa divulgou.
No Senado, Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) bateram boca em plenário. Gleisi acusou o PSDB de pregar o golpe na convenção, ao defender o impeachment. Aloysio disse que estava "fervendo e indignado" com a acusação.
- Só posso chamar isso de golpe, não há outra forma de avaliar. Desculpe se ofende o PSDB. Mas o que ouvi na convenção do PSDB foi isso - disse Gleisi.
- Estou impaciente, fervendo! A senhora está abusando no direito de nos atacar! Eu me senti insultado por Vossa Excelência quando fui chamado de golpista. Não tenho, na minha vida política passada e atual, porque ser acoimado de inimigo da democracia ou das instituições - rebateu Aloysio.
- Não o chamei de golpista. Falei que o PSDB, que a oposição estava sim com atitudes golpistas. Vossa Excelência vestiu a carapuça! - retrucou Gleisi, irônica.
A senadora disse que ficou "muito assustada" com o tom da convenção do PSDB.
- O golpe não é legítimo! Um partido não pode se prestar a esse papel: querer que o Tribunal Superior Eleitoral casse a presidente por conta disso ou querer preparar, no TCU uma situação de não aprovação de suas contas de governo, para levá-la a um impeachment. Dispute-se a eleição, ganhe-se na eleição. Faça-se isso, mas não o golpe - disse Gleisi.
"Não há golpe coisa alguma"
Depois, Aloysio disse que não quer ver o fim do governo Dilma, mas admitiu que o PSDB está preparado se ela for afastada do poder.
- Não há golpe coisa alguma. A tese de que a oposição busca um golpe é simplesmente é uma fantasia, uma forma escapista dos governistas de não enfrentarem os problemas. Não desejo o fim do governo da presidente. Quero ganhar no voto, em 2018. Mas, se acontecer algo antes, se a Justiça trabalhar, cumprir o seu papel e decidir no sentido de interromper o mandato, estaremos em condições de fazer uma transição tranquila do governo.
Ao lado de Aloysio, o senador Telmário Mota disse (PDT-RR):
- O golpe foi dado pelo PT.
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