terça-feira, 7 de julho de 2015

Para Temer, debate sobre impeachment é prejudicial ao país

Temer diz que impeachment agora é 'impensável' e critica Aécio

• Para vice, "essa pregação" não é boa para o país e PSDB só terá chance de chegar ao poder em 2018

• Tucano rebate e diz que sucessão será em 2018 se "o governo conseguir chegar até lá, o que depende dos tribunais"

Mariana Hubert, Mariana Dias, Flávia Foreque e Daniela Lima – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, SÃO PAULO - Personagem central dos debates sobre possíveis desfechos para a crise que atinge o governo Dilma Rousseff, o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), disse que o impeachment da petista é algo "impensável para o momento atual". Ele garantiu que a presidente está "tranquila em relação a isso".

"Vejo essa pregação com preocupação porque não podemos ter, a esta altura, em que o país tem uma grande repercussão internacional, uma tese dessa natureza sendo patrocinada por vários setores. Temos que ter tranquilidade institucional", disse.

As declarações foram dadas nesta segunda-feira (6), um dia depois de os principais líderes do PSDB afirmarem, durante convenção da sigla, que a gestão Dilma caminha para um fim precoce.

Em sua resposta, parte de uma contraonfensiva organizada pelo governo, Temer rebateu discurso do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB. O tucano disse que seu partido terá "coragem para fazer o que tem que ser feito" e que deve se preparar porque, "em breve", deixará de ser oposição para "ser governo".

"Esperamos que ele esteja falando de daqui a três anos e meio", disse Temer. Ele não quis classificar a fala de Aécio como irresponsável, "mas é preciso mostrar que isso não é bom para o país".

Procurado pela Folha, o tucano retrucou. "Sou amigo do Temer, mas me permito dizer que o que não ajuda o país é a forma como a presidente vem o conduzindo nos últimos anos. E acredito que a esmagadora maioria dos brasileiros concordará comigo."

"Quanto ao momento da sucessão, será sim em 2018, se o governo conseguir chegar até lá. O que não depende das oposições, mas dos tribunais", concluiu Aécio.

Teorias
A fala do tucano é uma referência direta ao debate que existe hoje nos bastidores de diversos partidos, entre eles o PSDB e o PMDB de Temer, sobre qual seria o detonador de um afastamento de Dilma.

Hoje, o PSDB se divide em duas linhas. A primeira, majoritária na sigla, acredita que a saída menos traumática seria o afastamento da presidente com base em uma condenação do TCU (Tribunal de Contas da União) por conta das chamadas pedaladas fiscais. Nessa tese, Temer assumiria o governo e o PSDB ajudaria o novo presidente a atravessar a crise até 2018.

Uma segunda corrente, liderada por aliados de Aécio, vê em uma possível condenação da petista no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o único caminho para a superação plena da crise. Nesse caso, tanto Dilma como Temer seriam afastados e haveria nova eleição. Aécio largaria na frente na disputa e poderia assumir o Planalto legitimado pelo voto popular.

Após a convenção do PSDB, os tucanos fizeram pequenas reuniões para debater o impacto do evento no ambiente político. Celebraram o fato de que o governo "comprou a tese" do afastamento, levando o debate sobre o impeachment para dentro do Planalto, mas reafirmaram que a sigla precisará de cautela para não ganhar a pecha de "golpista". 

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