Thiago Resende - Valor Econômico
BRASÍLIA - As últimas semanas mostraram pontos negativos de possíveis candidatos do PMDB na disputa eleitoral de 2018 - indicando dificuldades ao plano traçado pelo partido. Uma pesquisa que circulou na Câmara dos Deputados aponta que há uma forte rejeição ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, na capital estadual. E a situação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pode ser aprofundar com o eventual agravamento de denúncias do envolvimento dele em irregularidades na Petrobras.
Levantamento encomendado por partidos da oposição ao PMDB no Rio de Janeiro concluiu que 42,6% dos entrevistados consideram a administração atual ruim ou péssima. Os que avaliaram a prefeitura como boa ou ótima representam 20,6% dos 1,2 mil consultados. Concluída no mês passado, a pesquisa, a que o Valor PRO teve acesso, não foi registrada na Justiça Eleitoral. A ideia é mapear o cenário para sustentar possíveis candidaturas à eleição municipal.
As principais reclamações são nas áreas de segurança, obras, transporte coletivo, postos de saúde e educação. O primeiro tópico surpreendeu os pesquisadores. Não estava entre os cinco itens mais relevantes há cerca de um ano. O documento revelou ainda uma rejeição de 48,3% ao governador do Estado, Luiz Fernando Pezão. Apenas 9% deram nota ótima ou boa a ele.
"Percebemos que, do ponto de vista político, há um cansaço do eleitor em relação ao PMDB, que tem a Vice-Presidência da República, o Senado Federal, a Câmara dos Deputados, o governo do Estado, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a prefeitura da capital e a Câmara de Vereadores", afirmou um dos integrantes do partido de oposição ao PMDB.
Paes não quis comentar os dados. Um dos principais pemedebistas na Câmara dos Deputados acredita que esse quadro se reverterá com o início da Olimpíada a ser realizada na cidade. "A avaliação é de que ele [Paes] vai recuperar a popularidade e terminar o mandato muito bem", disse o deputado, que tem força política no Estado. Por causa desse protagonismo no próximo ano, o prefeito do Rio é, por enquanto, o principal nome do PMDB à eleição presidencial de 2018.
Integrantes da bancada do partido na Câmara contam que o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, o vice-presidente da República, Michel Temer, e Cunha também estão na lista de possíveis candidatos ao Palácio do Planalto. No entanto, para esses parlamentares, é uma incógnita se Temer tem interesse na disputa.
No caso de Cunha, outro pemedebista observou que os desdobramentos da Operação Lava-Jato podem comprometer uma eventual candidatura. Os ideais conservadores dele também dificultariam em uma eleição majoritária, acrescentou.
Na semana passada, antes de o lobista Júlio Camargo acusar Cunha de cobrar US$ 5 milhões em propina envolvendo contrato da Petrobras, o presidente da Câmara não negou que pode ser um presidenciável na próxima eleição ao Palácio do Planalto. Destacou apenas que a decisão é do PMDB, que quer ter candidato próprio.
"Isso o tempo vai dizer. Eu vivo o presente. Se fosse pensar no futuro, eu não tomaria muitas atitudes que eu tomo às vezes. Vou buscar fazer aquilo que eu prometi fazer na minha campanha a presidente [da Câmara]. E, a partir daí, ser julgado pela minha atuação positivamente ou negativamente", disse.
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