Por Simone Iglesias – O Globo
• Encontro deste domingo é tratado como ‘hora da verdade’ por aliados da presidente
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff reúne neste domingo a coordenação política do governo para discutir o esfacelamento da base e o agravamento da crise política na última semana. O tom da discussão foi antecipado no sábado por integrantes do núcleo da coordenação política do governo, que classificam o encontro como “a hora da verdade” para a presidente. Ela convocou o vice, Michel Temer, e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Nelson Barbosa (Planejamento), Jaques Wagner (Defesa) e Edinho Silva (Comunicação Social), para encontro no Palácio da Alvorada a partir das 19h. A reforma e a redução do número de ministérios também serão discutidos.
— Há como fazer uma recomposição, mas o governo tem que cumprir o que promete aos aliados. Chegou a hora da verdade. Não dá mais para fingir que dá o que promete, mas no fim das contas, não dá. Não pode prometer mais nada se não vai cumprir — disse um ministro da coordenação política ao GLOBO.
O encontro foi antecipado porque a presidente tem compromisso no Maranhão, segunda-feira: uma cerimônia de entrega de unidades do programa Minha Casa, Minha Vida.
Dilma vem recebendo sugestões de cortar pastas, como forma de sinalizar que está empenhada na contenção de gastos, e de fazer mudanças na estrutura dos ministérios, para melhor representar aliados. Na última quinta-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se reuniu com Dilma e voltou a pedir o enxugamento do número de pastas. Uma mudança vista como importante para a melhora das relações seria a saída de Mercadante da Casa Civil. Apesar de peemedebistas, petistas e o ex-presidente Lula defenderem seu afastamento, dentro do governo a saída é considerada praticamente impossível neste momento.
— Mercadante não sai — disse ao GLOBO um ministro.
A explicação é que, além de Dilma não abrir mão do auxiliar, Mercadante se tornou imprescindível por, na definição de integrantes do núcleo político, dominar muitas informações da administração.
Segundo um auxiliar presidencial, apesar da redução de ministérios ter pouco impacto nas finanças, a medida seria importante para fora do governo, um aceno à sociedade. Por outro lado, disse o assessor, uma reforma que desse mais poder aos aliados somada à troca de ministros não políticos e sem padrinhos por nomes mais expressivos dos partidos poderia aproximar a base.
— O problema do PDT (por exemplo) não é que ele saiu do governo. Ele nunca entrou. O partido tem apenas o ministro do Trabalho (Manoel Dias) nomeado. As demais secretarias são do PT. O mesmo ocorre com o PRB no Ministério do Esporte. Há muita reclamação dos aliados quanto a isso. Desta forma, fica realmente difícil — exemplificou um ministro.
Apesar do diagnóstico e dos recorrentes pedidos de mudança, há ceticismo entre ministros de que essas trocas ocorram imediatamente. A equação de reforma e redução de ministérios não é fácil de ser feita. Com o governo fragilizado e a relação com os partidos aliados deteriorada, cada mudança poderá gerar um novo conflito.
— Há mais clima para reforma do que para redução de ministérios. E assim mesmo tem que ser feita de maneira cirúrgica para evitar ainda mais problemas com os aliados — disse um integrante do governo.
Além do debate sobre a redução de ministérios, há apelo de petistas e peemedebistas para que Lula assuma algum cargo no governo. Uma
pessoa próxima ao ex-presidente descartou a ideia. Segundo a fonte, após deixar o governo, Lula nunca quis voltar como auxiliar.
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