Alberto Bombiig - O Estado de S. Paulo
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) está disposto a deixar o cargo de coordenador político do governo Dilma Rousseff para se aproximar ainda mais dos partidos de oposição à presidente. O movimento seria uma espécie de alvará para que ele possa intensificar o diálogo iniciado nos últimas dias com líderes do PSDB e que tem no horizonte um apoio dos tucanos a uma eventual gestão Temer no Planalto.
A senha para a movimentação de Temer foi a manifestação pública do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), na segunda-feira passada, defendendo a renúncia de Dilma. Entre tucanos e peemedebistas, as posições de FHC foram interpretadas como um freio nas articulações do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que trabalha pela realização de novas eleições presidenciais. Alas tucanas alinhadas a FHC e ao senador José Serra (SP) acreditam que não há saída para a crise sem a participação de Temer. Ao longo desta semana, emissários do vice disseram a tucanos que Temer está disposto a fazer um governo de "transição" caso Dilma não termine o mandato.
Outro compromisso a ser assumido pelo vice, nesse cenário sem Dilma, seria o de não ser candidato à reeleição. Em termos práticos, Temer recebe apoio do PSDB para tirar Dilma e, em contrapartida, abre caminho para uma candidatura tucana em 2018. O vice, no entanto, não abre mão de indicar um nome do PMDB para disputar sua eventual sucessão - este é um dos pontos de divergência entre os envolvidos no acordo.
A negociação encontra resistências. Aécio tem fortes restrições à possibilidade de Dilma renunciar por avaliar que os tucanos não podem perder o protagonismo no movimento pelo impeachment da presidente e porque sonha em usar seu bom momento nas pesquisas de intenção de voto numa nova eleição - ele é o primeiro colocado nas mais recentes sondagens.
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