sábado, 22 de agosto de 2015

País perdeu quase meio milhão de empregos formais este ano

• Só em julho, foram cortados 157.905 postos. Indústria teve mais demissões

Geralda Doca - O Globo

O mercado formal de trabalho cortou em julho 157.905 vagas. Foi o quarto mês consecutivo em que as demissões superaram as contratações e o pior resultado para o período da série do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, iniciada em 1992. No acumulado do ano, foram eliminados 494.386 empregos contra uma geração de 681.493, entre janeiro e julho do ano passado, considerando os dados ajustados.

Nos últimos 12 meses, o país já perdeu 778.731 empregos com carteira assinada, número que poderá ultrapassar um milhão, segundo especialistas, diante da falta de sinais positivos na economia. Segundo o site Trabalho Hoje, a previsão é que o país perca 1,3 milhão de postos de trabalho este ano.

— O quadro se agravou. Embora agosto e setembro sejam meses positivos (quando se geram mais vagas para atender a demanda de fim de ano), não há sinal de reversão no horizonte. A situação deve piorar. Se estávamos descendo a ladeira a 80 quilômetros por hora, agora estamos a cem — disse Rodolfo Torelly, especialista do site.

No mês passado, com exceção da agricultura, houve corte de vagas em todos os setores da economia, principalmente na indústria de transformação, que extinguiu 64.312 vagas, em todos os 12 subsetores incluídos no Caged. No ano, a indústria foi o setor que mais demitiu, com 226.986 desligamentos.

Os segmentos ligados ao ramo automotivo (indústria metalúrgica, mecânica, de materiais de transporte, couro e borracha) registram em julho saldo negativo de 26.436 desligamentos, ligeiramente menor que o registrado no mês anterior: 35.373.

Queda generalizada nos serviços
Na ramo de serviços, com exceção dos subsetores de atendimento médico e odontológico, também houve queda generalizada no emprego. No comércio, foram fechados 34.545 postos e, na construção civil, outros 21.996. Já na agricultura, por razões sazonais, houve a geração líquida de 24.465 postos.

Todas as cinco regiões do país registraram saldos negativos, mas, de acordo com o Caged, o maior número de desligamentos aconteceu em São Paulo, que perdeu 38.109 vagas. O Estado do Rio ficou em segundo lugar, com 19.457 postos fechados, e o Rio Grande do Sul aparece em terceiro lugar, com fechamento de 17.818 vagas.

O emprego formal caiu mais fortemente nas regiões metropolitanas, que perderam 77.152 postos de trabalho. No interior, o resultado foi negativo em 45.766 contratações.

Anteontem, o IBGE mostrou que a taxa de desemprego em julho nas seis principais regiões metropolitanas subiu para 7,5%. No mês anterior estava em 6,9%. Em um ano, o número de desempregados nessas regiões subiu 56%. A pesquisa do IBGE considera também o emprego informal, sem carteira assinada. Foi a maior taxa de desemprego para o mês de julho desde 2009, quando o país sofria os efeitos da crise financeira global.

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