• Contingente de desempregados recebeu mais 1,8 milhão de pessoas em apenas um ano
Idiana Tomazelli – O Estado de S. Paulo
RIO - A busca por trabalho não para de crescer em todo o País. Em apenas um ano, 1,8 milhão de pessoas engrossaram a fila por uma vaga, e o número de desempregados chegou a 8,6milhões no trimestre até julho deste ano, número nunca antes visto na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, iniciada em 2012. Com isso, a taxa de desocupação saltou a 8,6% no período, também o maior da série, segundo o IBGE.
Daniela Santiago Teixeira, de 29anos, foi demitida duas vezes no último ano e meio.Primeiro, trabalhava em uma loja de hortifruti, vendida pelo dono em maio de 2014. Recentemente, acabou dispensada de uma fábrica de calçados no fim de agosto, apenas três meses após ter sido contratada. “O patrão disse que foi por causa da crise”, conta. Nos dois lugares, ela tinha carteira assinada.
Só que, na segunda demissão, Daniela não teve direito ao seguro-desemprego. Para outubro, ela tem apenas R$ 200 para se manter e cuidar da filha de seis anos – que faz aniversário no mês que vem. O pai não paga pensão. “Tô vendendo doce na rua, mas tá difícil”, afirma ela, que conta com a ajuda da mãe para não passar dificuldades.
Daniela aguarda agora a convocação para uma entrevista,intermediada pela empresa de recursos humanos Simetria. “Estou pegando o que me aparecer, caixa de supermercado, vendedora, qualquer coisa”, diz.
A perda da carteira assinada tem sido o principal combustível para o aumento do contingente de desempregados em todo o País. Em um ano, até julho, o Brasil perdeu 927 mil postos formais, uma estatística preocupante segundo o IBGE.“Isso significa perder plano de saúde, FGTS, garantia de seguro-desemprego.
Tudo isso se traduz em perda de estabilidade”, explicou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. “Na falta de opção de um emprego estável,além de buscar se inserir no mercado de trabalho, você leva pessoas do domicílio para tentar recompor essa estabilidade.” É por isso que 1,8 milhão de pessoas decidiram sair atrás de uma vaga no trimestre até julho desde ano ante igual período de 2014, um aumento inédito de 26,6% no número de desempregados. “Com perda de estabilidade, mais gente procura emprego para tentar recompor isso”, disse Azeredo
O quadro só não é pior porque, para não ficarem sem nenhuma renda, muitas pessoas permanecem em atividade como conta própria, que inclui de consultores a vendedores ambulantes. O grau de informalidade é elevado. “O aumento de conta própria não é favorável”, notou o coordenador.
Na direção contrária, a oferta de vagas é cada vez menor,insuficiente para acomodar a mão de obra disponível. Em um ano até julho, foram criados 255 mil postos, um dos piores resultados da história da Pnad Contínua. Os resultados da Pnad Contínua mostram ainda que a taxa de desocupação está fugindo à tendência de subir até dezembro,ápice das contratações temporárias. “É esperado que em dezembro a taxa de desemprego caia. Se isso vai acontecer este ano ou não, não sei”, diz Azeredo. /Colaborou Gabriela Lara
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