segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Mercado vê mais inflação e economia mais retraída neste ano e em 2016

• Inflação de 9,5% e queda do PIB de 2,8% em 2015

Por Ana Conceição - Valor Econômico

SÃO PAULO - Os analistas do mercado financeiro veem uma inflação ainda mais alta neste ano e no próximo e elevaram pela segunda semana consecutiva a previsão para o juro básico da economia em 2016, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC).

Câmbio mais depreciado e aumento mais intenso nos preços administrados estão por trás da deterioração das expectativas de inflação. Ao mesmo tempo, os analistas esperam uma recessão econômica ainda pior.

As previsões para o aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deram um salto. A mediana das estimativas para 2015 saiu de 9,34% para 9,46% de alta. Em 12 meses, avançou de 5,82% para 6,05%. Para 2016, passou de 5,70% para 5,87% de avanço.

Esse movimento segue o aumento da mediana para o dólar ao fim deste ano, de R$ 3,86 para R$ 3,95. A estimativa para o fim de 2016 seguiu em R$ 4. Na semana passada, em meio a um mercado extremamente nervoso com as incertezas no país, o dólar disparou e superou R$ 4,20. A moeda devolveu parte da alta na quinta-feira, após uma atuação conjunta do BC e Tesouro no mercado. Numa atitude incomum, o presidente do BC, Alexandre Tombini, aproveitou a entrevista de apresentação do Relatório Trimestral de Inflação para passar dois recados: o BC vai garantir a funcionalidade do mercado de câmbio e não sancionará o aperto monetário implícito nos contratos de juros.

No Focus, o mercado manteve a expectativa para a taxa Selic neste ano em 14,25%, nível atual, mas ampliou pela segunda semana consecutiva a mediana para o fim de 2016, de 12,25% para 12,50%.

O boletim mostra ainda uma alta adicional na previsão dos preços administrados, que passou de 15,20% para 15,50% neste ano e de 5,91% para 5,92% no ano que vem.

Para os analistas Top 5, a inflação de 2016 vai chegar bem perto do teto da meta, de 6,5% - a mediana de médio prazo das estimativas para o avanço no IPCA saiu de 5,98% para 6,46%. Para este ano, a previsão passou de 9,37% para 9,61% de aumento. Esse grupo não mexeu, contudo, na previsão para a Selic, que ficou em 14,25% e 12,38% em 2015 e 2016, respectivamente.

Atividade
As previsões para a atividade também pioraram no Focus. A estimativa para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano passou de contração de 2,70% para recuo de 2,80% e para o próximo, de queda de 0,80% para decréscimo de 1%. Na quinta-feira passada, o BC estimou que a economia brasileira deve recuar 2,7% neste ano.

A produção industrial também foi revista, de declínio de 6,45% para diminuição de 6,65% neste calendário e de elevação de 0,20% para baixa de 0,60%

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