Adriano Ceolin - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff achou que, no começo desta semana, já teria pronta sua reforma ministerial. Achou que bastava oferecer meia dúzia de boas pastas ao PMDB para adquirir o apoio do maior partido no Congresso. Assim, o impeachment perderia força e ela teria condições mínimas para aprovar seu pacote de ajuste fiscal. Ledo engano. Com o PMDB, nada é tão fácil, nem tão claro.
Questionada por Dilma sobre a reforma, a cúpula do PMDB disse - ao menos oficialmente - que abria mão de fazer indicações. O vice-presidente Michel Temer e os presidentes Renan Calheiros, do Senado, e Eduardo Cunha, da Câmara, pediram que ela negociasse diretamente com os líderes das bancadas no Congresso. No caso, Eunício Oliveira (Senado) e Leonardo Picciani (Câmara).
E assim foi feito. Sabendo que mudanças sempre geram atritos, Eunício foi mais esperto e pediu para manter os atuais ministros Kátia Abreu (Agricultura) e Eduardo Braga (Minas e Energia), ambos licenciados do Senado. Já o jovem Picciani, de 35 anos, cometeu o erro de indicar um deputado da sua bancada para o lugar de Eliseu Padilha (Aviação Civil), fiel aliado de Temer. Foi o que bastou para emperrar a reforma. Nem o vice nem o resto do comando do PMDB aceita perder poder.
"Dilma não aprendeu a lidar com os profissionais do partido", disse um integrante da cúpula da sigla. Segundo esse mesmo peemedebista, Picciani ainda faz parte do time de amadores. Os recados já foram dados. No sábado, 26, em discurso no seu ato de sua filiação ao PMDB, a senadora Marta Suplicy (SP) foi enfática com Picciani: "Ouça os mais velhos".
É o que Dilma também deve fazer quando voltar dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 28. Só assim a reforma sai do papel para a presidente ter algum alento.
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