• Insatisfeito, deputado defendia expulsão de condenados por corrupção
Paulo Celso Pereira - O Globo
Deputado federal mais votado pelo PT no Rio, Alessandro Molon deixou o partido, após 18 anos, e foi para a Rede, de Marina Silva. Por pressão do PMDB, a presidente Dilma adiou a reforma ministerial. O deputado federal Alessandro Molon ( PT- RJ), o mais votado do PT no Rio na eleição do ano passado, decidiu ontem deixar a legenda. Nos últimos meses, Molon se tornou um dos principais críticos das decisões da direção nacional do PT, especialmente quanto à falta de autocrítica em relação aos seguidos casos de corrupção que atingiram o partido. O deputado foi um dos ideólogos do manifesto “Mudar o PT para continuar mudando o Brasil”, divulgado pela maioria dos deputados federais do PT em junho, que pedia a expulsão do partido dos filiados condenados por corrupção.
Molon se filiou ainda ontem à recém- criada Rede Sustentabilidade, da ex- senadora Marina Silva, tornando- se assim o segundo parlamentar da bancada, que já contava desde quarta- feira com o deputado Miro Teixeira ( RJ). O deputado deve divulgar até esta noite uma carta explicando as razões da troca de partido.
— Na Rede, vou continuar defendendo as mesmas bandeiras que me levaram à política e pelas quais sempre lutei: fortalecimento da democracia, justiça social e desenvolvimento sustentável. Agradeço profundamente pelos 18 anos de luta por um Brasil melhor que vivi no Partido dos Trabalhadores — explicou ontem Molon, que já é cotado para disputar a prefeitura do Rio pelo novo partido.
O deputado, de 43 anos, militou no PT por 18 anos, mas sempre esteve entre os principais críticos da direção do partido, tanto a nível nacional como a nível local. Segundo interlocutores do agora ex- petista, essa incompatibilidade com as decisões das cúpulas, especialmente as mais recentes, foi o motivo para a saída. Molon disse a aliados, no entanto, que a crise vivida pelo governo da presidente Dilma Rousseff não influenciou na decisão e que tampouco apoiará qualquer pedido de impeachment. Pelo contrário. A manifestação de Marina Silva contra qualquer impedimento da presidente foi decisiva para a migração.
O manifesto divulgado em junho, do qual Molon foi o primeiro autor, dizia que o PT enfrentava “o momento mais difícil de nossos 35 anos de existência como partido político” e sugeria que o fosse feita uma atualização do programa do partido e eleita uma nova direção. Escrito pouco mais de um mês após a prisão do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, o texto defendia a transparência nas finanças da legenda e “um combate sem tréguas à corrupção”, expulsando das fileiras do partido os filiados comprovadamente envolvidos em processos do gênero. Mas o documento foi ignorado pelo PT.
No Rio, Molon liderava o movimento para que o partido se afastasse das gestões do prefeito Eduardo Paes e do governador Luiz Fernando Pezão. Em 2008, Molon disputou a prefeitura contra Paes e foi abandonado pelo partido. Foi então que Marina Silva, ainda senadora do PT, se aproximou e gravou para sua campanha.
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